quarta-feira, abril 07, 2010

Janela da Alma

Janela da Alma é um documentário brasileiro produzido no ano de 2002. É o resultado do trabalho dos diretores João Jardim e Walter Carvalho. O trabalho trata da questão do olhar, do mundo das imagens, a partir do depoimento de várias pessoas com deficiência visual; artistas (como Marieta Severo) e escritores da envergadura de José Saramago.

O documentário trata das possibilidades do olhar como veículo mediador entre o mundo e o ser de cada um. E como ele vai definir, a partir das nossas percepções estabelecidas entre o olhar e objeto que é identificado por quem olha, o diálogo que estabelecemos com o mundo. É dessa reciprocidade que encetamos a relação do ser com o real.

Além do que, outra problemática abordada pelo documentário, versa sobre o poder imagético da modernidade. Ou seja, como vivemos num mundo bombardeado pelas imagens, que de tão insinuantes e provocativas, na maioria das vezes, não dizem nada. O resultado dessa imposição da imagem é o esvaziamento dessa mesma imagem como algo positivo, potencializadora de mensagens saudáveis. As imagens da modernidade são grandes fetiches que trazem em seu conteúdo uma propaganda para vender e favorecer aquele que oferta alguma mercadoria.

O trabalho excelente dos diretores João Jardim e Walter Carvalho, ajuda-nos ainda a desmitificar o conceito de que a imagem é tudo como nos é transmitido pela realidade. As aparências são apenas um discurso que não revelam o ser, a identidade do sujeito. Ou seja, mais que enxergar o externo, é necessário se enxergar o que vemos e como vemos a realidade e como essa postura nos ajuda a enxergar a nós próprios enquanto sujeitos no mundo. Os vários depoimentos com pessoas com algum nível de deficiência visual enfatizam esse fato. Essas pessoas conseguiram desenvolver uma capacidade perceptiva que está para além dos fatores externos.

Assim, o documentário possui um caráter altamente relevante no que tange a lançar uma nova possibilidade de visão da realidade. Enfatiza que o mundo criado a partir do olhar da subjetividade é uma possibilidade que dá identidade ao sujeito.

Por Carlos Antônio M. Albuquerque

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