domingo, junho 24, 2012

Pink Floyd e quinquilharias

A fria manhã de Brasília me deixou meio nostálgico. Adoro o frio. Penso que sejam nesses momentos que nos tornamos mais introspectivos. Devo afirmar que tenho uma predileção por esses momentos de recolhimento em mim mesmo. Julguei que fosse oportuno ouvir Meddle do Pink Floyd, álbum de 1971. Na minha opinião, penso que esse seja um dos melhores álbuns gravados pela banda inglesa. Ouvir Pink Floyd é como que está em um sonho. A realidade é vertida e parecemos nos locomover dentro de uma tela de Salvador Dali.

Todas as canções de Meddle beiram o absurdo. Possuem ecos espirituais e existenciais fortíssimos. Por exemplo, a canção A pillow of winds (algo como "Um travesseiro de vento") é uma das canções mais belas do disco. A músia soa como um idílio. Uma canção de ninar que faz adormecer criaturas inocentes.  A letra da música diz:

"Uma nuvem de penas desce ao meu redor
Suavizando o som
Um tempo sonolento quando eu me deito com meu amor ao meu lado
Ela está respirando lentamente, e a vela morre


Quando a noite chega, você fecha a porta
O livro cai no chão
Enquanto a escuridão cai e as ondas passam
As estações mudam, o vento está morno


Neste momento acorda a coruja, neste momento dorme o cisne
Eis um sonho, o sonho se foi
Campos verdes, uma chuva fria
Está caindo na aurora dourada


E profundamente abaixo do solo, o início da amanhã aparece,
e eu me abaixo
Um tempo sonolento quando eu me deito com meu amor ao meu lado
E ela está respirando lentamente
E eu me elevo como um pássaro
Na neblina quando os primeiros raios tocam o céu
E as ventos da noite morrem"
 
E isso  ajuda a colocar mais lenha da minha fogueira de ventos. Gosto desses voos surreais do Pink Floyd. Recordo que na minha adolescência, um dos discos que mais ouvi da banda de Gilmour foi A momentary lapse of reason. Fazendo uma diferenciação entre Meddle e A momentary lapse of reason, verificamos que o primeiro é mais leve, enquanto este último é mais melancólico e turbado por sentimentos eclipsados. 
Hiato. Agora estou ouvindo Fearless ("Destemido"). É uma balada que fala sobre desafios. A última estrofe da música é linda.

[...] "Caminhe, caminhe
Com esperança no seu coração
E você nunca andará sozinho
Você nunca andará sozinho".

Ontem à noite enquanto vagava pelo Youtube, achei um vídeo que muito me fez lembrar dos dias de minha adolescência. O vídeo traz uma das músicas do Floyd e imagens de tirar o fôlego. A canção é Sorrow ("Angústia"), do álbum A momentary lapse of reason. Não deixei de pensar no dinamismo da história. Do movimento constante da natureza. E de como nós, seres humanos, somos excrescências conscientes. Existe uma imparcialidade na natureza. Ou seja, ela existe regida por leis que são dinamizadas por uma dialética. Tudo se movimenta.(Hiato. Agora escuto Echoes ("Ecos") - assustadoramente bela). A natureza caminha a despeito da humanidade.

 Abaixo, o vídeo exibindo as imagens plasmadas à música do Pink Floyd e a voz angustiada e sentenciosa de Gilmour. 

2 comentários:

charlles campos disse...

Belo post, Carlinus. Não à toa percebo cada vez mais que temos gostos muito semelhantes. Echoes é uma das minhas músicas preferidas, e tenho as mesmas sensações descritas por você ao ouvir o Meddley.

A parte de Fearless a que se refere, se não me engano, é um excerto de uma canção de Oscar Hammerstein II / Richard Rodgers, e que é a nona faixa daquele belíssimo álbum de 1958 da Nina Simone que foi um dia postado no PQP.

Terminastes de ler A Beleza Salvará o Mundo? Li-o embevecido.

Abraços.

Carlinus disse...

Pois é, Charlles! Esteticamente andamos emparelhados. Ainda não li o Todorov. Ando numa fase meio dostoievskyana. Terminei Crime e Castigo e estou lendo um texto técnico sobre ele. Além do que, está no final do semestre na escola onde dou aula e o trabalho anda intenso. Pretendo ler na primeira semana de julho. No próximo mês terei 3 semanas de recesso. Será o tempo para ler.

P.S. Chegou o meu Singer. Fiquei admirado com aquele calhamaço.

Abraços!