quarta-feira, julho 25, 2012

O menestrel de Deus - vida e obra de Anton Bruckner, de Lauro Machado Coelho

Comprei no mês de fevereiro deste ano de 2012, o livro O menestrel de Deus - Vida e obra de Anton Bruckner, escrito pelo pródigo livresco Lauro Machado Coelho - publicado em 2009. Ao descobrir tal livro, bateu-me uma profunda sensação de interesse. Curiosamente, tenho outro livro de Lauro Machado Coelho sobre a vida de Dmtri Shostakovich que comprei em 2010 - e ainda não li, infelizmente. Outro dia, numa livraria aqui da cidade, encontrei uma caixa com cinco livros escritos Lauro Machado Coelho sobre Bartok, Sibelius, Bruckner, Liszt e Berlioz. Fiquei interessado em comprar e tentarei fazê-lo daqui a algum tempo - pelo menos Bartok e Sibelius serão conseguidos custe o que custar; e Bruckner eu já comprei.

O livro O mesnetrel de Deus - Vida e obra de Anton Bruckner é um trabalho feito por alguém que fez uma relevankte pesquisa sobre os eventos mais importantes da vida do compositor austríaco. Bruckner é, sem sombras de dúvidas, um dos maiores compositores de todos os tempos e em torno dele existem as mais variadas controvérsias - algumas positivas e outras negativas. As negativas, acredito, digam respeito à propalada informação do senso comum de que Bruckner era um indíviduo tolo, apalermado e cômico; que nunca teve nenhum sucesso com as mulheres; que parecia mais um pateta do que um homem. Lauro Machado Coelho tenta desmistificar esse fato mostrando que o compositor era alguém extremamente inteligente e escrupulosamente organizado. Possuía dois deuses: o Deus dos cristãos e, o outro, Richard Wagner, a quem Bruckner chamava de "mestre dos mestres". Além de dirigir uma admiração mais que especial a Wagner, Bruckner era um amante das sinfonias de Beethoven - principalmente a Nona.

O escritor faz um minuncioso estudo técnico de cada uma das sinfonias do compositor e a controvérsia histórica que as envolveu. Explica o porquê do espírito revisionista de Bruckner. Acerca disso, Lauro mostra que Bruckner foi um dos compositores mais odiados que já existiram. Muitos foram os seus detratores. Foi somente no final da vida que Bruckner teve reconhecimento. Mais tarde, com a ascensão do estado nazista é que Bruckner tornou-se adorado. Hitler o deificou a compositor oficial do III Reich e a obra de bruckner pagou um preço por caus disso. Explica ainda o porquê das edições Haas e Nowak.

Por ter em Wagner uma figura quase sagrada (Bruckner deu à sua Terceira Sinfonia o nome de "Wagner"), Bruckner foi sempre mal visto por aqueles que gostavam/gostam de música absoluta. Brahms disse certa vez a Bruckner: "Bruckner, eu não entendo as suas sinfonias". Essa opinião não cabia somente a Brahms, um seguidor da tradição clássica e um inveterado anti-social. Enquanto Brahms frequentava os altos cícrculos vienenses com intelectuais e críticos expressivos, Bruckner foi  um homem simples, que frequentava tavernas com os seus alunos. 

A imagem do homem simples talvez tenha sido construído por aqueles que achavam que a imagem pessoal do compositor tem que condizer com o espírito da música que produz. Em Bruckner isso não é possível. Bruckner foi um camponês do interior da Áustria, mas que conseguiu construir catedrais sonoras como ninguém. Mahler era um dos seus denfensores. Enquanto esteve vivo, Mahler sempre colocou em seus programas as sinfonias e missas de Bruckner. Gustav costumava dizer que a sinfonia se cristalizou com a obra de Bruckner. Ou seja, não é à toa que Bruckner e Mahler sejam dois dos maiores sinfonistas de todos os tempos. Lauro também tenta estabelecer uma relação com respeito a esse fato.

Na parte final da obra, Lauro faz um invetário dos compositores que foram influenciados por Anton Bruckner - Hans Rott, Rautavaara, Wellesz, Penderecki, Franz Schmidt etc.

O livro é um dossiê de informações importantes para quem quiser adentrar no mundo complexo e iluminado de Anton Bruckner, que possuía uma alma inclinada para Deus e de uma fé quase infantil.

Abaixo segue o primeiro movimento da toda-poderosa Quarta Sinfonia do compositor austríaco. Achei essa gravação com Baremboim simplesmente espetacular. O equilíbrio, a seriedade e a segurança construídos por Baremboim são dignos de Bruckner:

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