sábado, janeiro 19, 2013

Uma afirmação de Todorov sobre a beleza da Literatura

Ontem à noite, li uma entrevista que saiu na Revista de História da Biblioteca Nacional (edição no. 88, janeiro de 2013) do literato, filósofo, crítico de arte e historiador búlgaro Tzvetan Todorov. Estudou com Roland Barthes e Gerard Genette entre outros trunfos. Todorov já escreveu uns 20 livros em sua bem sucedida carreira de intelectual. Seu forte mesmo é a crítica literária, sendo que Introdução à literatura fantástica, tornou-se um livro de referência nos cursos de Letras aqui no Brasil. O ano passado li A beleza salvará o mundo de sua autoria e pude perceber o seu método de trabalho - belo livro, belo ensaio, belo texto. 

O intelectual fala com a mansidão e com a beleza de quem tem intimidade com o seu objeto de análise. Transcrevo aqui apenas uma parte da entrevista. Sua afirmação sobre a função da literatura como uma poderosa ferramenta humana capaz de dar significado e recriar a existência humana encheu os meus olhos de beleza. 

Tzvetan Todorov: "Quando se pergunta o porquê da Literatura, só resta responder: porque somos seres humanos. A Literatura é uma necessidade humana, vem da própria existência. Somos animais que consomem voluntariamente grande quantidade de relatos e poesia. Todas as populações do globo, de todas as épocas, contam suas histórias e cantam seus poemas. Somos obrigados, por exemplo, a nos recontar histórias para saber sempre o que fizemos, por isso constituímos essa quantidade enorme de impressões. Vivemos o dia a dia, escutamos tudo o que nos acontece, observamos tudo o que está à nossa volta, eo que resta disso é sempre uma história. Eu encontrei um amigo, tomamos café, falávamos disso ou daquilo etc. Essa é a função narrativa, mas ela se encontra condensada, sublimada e magnificada na Literatura. A ficção conta melhor nossas próprias experiências. As palavras me permitem expressar meus sentimentos, mas também enxergam a pluralidade humana. A Literatura é a forma pela qual percebemos que os seres humanos não vivem cada um no seu mundo, mas numa pluralidade infinita. Apesar dos muitos interesses que tenho, ela continua especial". 

Maceió-AL.