sábado, agosto 30, 2014

Marilena Chauí e sua reflexão sobre a classe média

Que lucidez! É justamente essa mesma classe média que, hoje, busca "arrancar" o PT do poder. Como diz a Marilena Chauí, "os programas sociais dos últimos dez anos balançaram a cabeça da classe média", pois ela viu pobre ir para aeroporto - gente que ela via pelo vidro do carro nas periferias, nas favelas; gente que não tinha perspectivas e passou a frequentar a faculdade. Então essa mesma classe média entrou em pânico, pois sentiu que o seu espaço foi invadido. E se existe um medo que terrifica a classe média é o medo da proletarização. Pois ela é patrimonialista, privatista dos espaços públicos. Dentro do seu carro, ela se sente "blindada" do mundo. Ela é funcionalista em essência e acha que a ordem do mundo e da história se auto-regulam. E tudo aquilo que é colocado como contradição e, necessariamente, altera essa ordem, é visto como uma ameaça à estabilidade. Talvez isso explique o desejo sanguinário pela redução da maioridade penal; ou a adoção da pena de morte; e a criminalização aos movimentos sociais. 

Pois ela entende que ordem e a propriedade devem ser defendidos pela repressão. Olhando o cenário eleitoral atual, entende-se claramente o desmazelo da candidatura do Aécio, que não decola (claro, somente os aviões do aeroporto particular da família construído com dinheiro público); e como a Marina é o nome possível capaz de derrotar o Governo do PT, criou-se um entusiasmo em torno do nome dela. O que está em jogo é um projeto de desmantelamento do Estado brasileiro e a destituição de um Governo que tirou mais de 40 milhões da linha pobreza; e trouxe ao debate temas caros à sociedade brasileiro, claro, apesar de ter silenciado em outros em nome da governabilidade. Se fosse outro nome que estivesse no lugar da Marina e fosse capaz de derrotar o PT, esse nome teria apoio. Se um poste ou uma árvore, o poste e árvore seriam eleitos, "pois se vence o PT, então eu quero". O ex-colunista da Veja, Diogo Mainardi, já se posicionou dizendo que é Marina até a posse da candidata. Diante dos fatos, é preciso distinguir os acontecimentos. Daí os conceitos sobre a classe média de abominação ética, porque violenta e conservadora; abominação política, porque fascista; e abominação cognitiva, porque ignorante. Ser classe média não é apenas um dado estatístico, mas também uma condição moral. 

Nenhum comentário: