sábado, setembro 13, 2014

Jesus virou menino e mora em uma aldeia - por Alberto Caeiro

O poema abaixo é de uma beleza sublime, capaz de provocar epifanias variadas. Ontem estava a lê-lo e senti o meu coração bater mais forte. Penso que Alberto Caeiro (um dos heterônimos de Fernando Pessoa) teve uma revelação em sentido bíblico para escrever o poema. Atualmente, esta é a espiritualidade e a oração requerida e proferida por mim; é o desejo mais forte que existe em minha alma. Execro os exegetas apocalípticos de lábios espumantes, dispostos a observarem as regras estapafúrdias da dogmática teológica; fujo dos fundamentalismos enviesantes, pobres e estéreis, que criminalizam a humanidade potencializada em cada um de nós. A religiosidade é anti-humana; é estreita e radical em sua violência monocromática. O menino Cristo desceu do céu, pois lá não tinha poesia; não havia sensações; não havia flores, o vento, os regatos coleantes que driblam as pedras a cada nova marcha pela ladeira abaixo; queria rir e brincar com os outros meninos. Queria chapinhar as poças d'águas; brincar de roda; cantar canções e olhar o vermelho do por do sol. Poema lindo! Preciso lê-lo todas as semanas para não esquecer o quanto é importante se tornar menino e brincar. Até mesmo o menino deus desceu da eternidade para experimentar as emoções certas que somente nós podemos experimentar. Não é um Jesus guerreiro, arrogante, capaz de condenar ao inferno; ou o Jesus sofredor, causador de penas. Não.  Não o Jesus do símbolo nefasto, mas que é capaz de morar em cada um de nós e adormecer em nosso colo e ninar os nossos sonhos.

Ler o poema - AQUI

Abaixo, Antonio Abujamra declama o poema:

2 comentários:

Ramiro Conceição disse...

É isso,Carlinus...

Ramiro Conceição disse...

A TAREFA
by ramiro conceição
*
*
Neste instante… de consciência plena,
cheguei à incerta verdade da existência:
nunca saberei quem sou e nem quem é,
principalmente, o outro. Sim, sou apenas
um coadjuvante… E todos nós… também.
*
Pelos corredores da nossa personalidade
ou por essas ruas dessas cidades… só há
portas fechadas… por dentro… e por fora.
*
Nunca saberemos da efetiva razão do nosso medo e
muito menos do porquê do nosso coração amoroso.
*
Então o que nos resta a fazer nessa festa? Transmitir
aos outros… a parte do Mistério… que se manifestou.
*
*
https://www.youtube.com/watch?v=w7ggZQsMvkQ