quinta-feira, abril 30, 2015

Nota de indignação

Quando vemos um cenário de barbárie, selvageria e truculência como o que aconteceu no Paraná no dia de ontem, numa indicação clara de como a educação é tratada nesse país, fica a indignação, o repúdio, um sentimento profundo de ojeriza. Existem inversões gritantes nesse país fundado sob uma concepção patrimonialista, repressiva e violenta. O estado brasileiro está a serviço de determinados interesses de classe. O tratamento dispendido aos professores apenas indica como o cidadão, o trabalhador, é visto numa sociedade formada por dois estratos: o Brasil real (do trem lotado, das escolas em má qualidade, do presídios apinhados, da saúde capenga, da favela, do espaço público segmentado) e o Brasil virtual, do andar de cima (dos privilégios, das negociatas, das cumplicidades corruptoras, dos acordos espúrios para se locupletar com a coisa pública).

 Ou seja, o estado brasileiro serve a determinados fins; serve a uma elite que há 500 anos se encastelou, fincou raízes no tecido social e extrai dele toda a seiva produzida pela força dos trabalhadores. Quando vejo uma notícia como a mostrada abaixo, apenas fica a certeza de que somente daqui a 300 anos, com um grande debate, uma mobilização social forçada, poderemos pensar em outro país. No presente, por enquanto, ao presenciar a ferocidade fascista do estado brasileiro contra os professores, por exemplo, morre a crença de que vivemos em um país que tem um projeto político de constituição coletiva.

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