segunda-feira, julho 25, 2016

O muro

Aquelas verdades medonhas que provocam aturdimento; que são facas lacerantes, capazes de cortar tecidos e expor os nervos vivos e tremulantes de nossa história.


sábado, julho 23, 2016

Literatura e direitos humanos

Antonio Candido (atualmente com 97 anos) é um intelectual formidável. No texto abaixo, há uma pequena resenha sobre o seu artigo Direitos Humanos e Literatura. No texto comenta-se sobre a defesa da literatura. Nele, o sociólogo e crítico erudito explicita que a literatura é uma força humanizadora; que assim com existem os direitos sociais (moradia, transporte, saúde, vestuário, instrução etc), por quê a literatura não faz parte desse nicho? 

Em seu texto Direitos humanos e Literatura, Antonio Candido defende que a literatura é, ou ao menos deveria ser, um direito básico do ser humano, pois a ficção/fabulação atua no caráter e na formação dos sujeitos.

Primeiramente, ele destaca o que são os direitos humanos, aqueles ligados a alimentação, moradia, vestuário, instrução, saúde, a liberdade individual, o amparo da justiça pública, a resistência a opressão, bem como o direito à crença, à opinião, ao lazer. Este são bens que asseguram a sobrevivência física e também a integridade espiritual. Neste gancho, Candido indaga: e por que não o direito à arte e à literatura também?

Segundo o crítico, a literatura se manifesta universalmente através do ser humano, e em todos os tempos, tem função e papel humanizador. Mas como essa humanização se dá?

De início, A. Candido destaca que chama de literatura, nesse texto, tudo aquilo que tem toque poético, ficcional ou dramático nos mais distintos níveis de uma sociedade, em todas as culturas, desde o folclore, a lenda, as anedotas e até as formas complexas de produção escritas das grandes civilizações. E defende a ideia de que não há um ser humano sequer que viva sem alguma espécie de fabulação/ficção, pois ninguém é capaz de ficar as vinte quatro horas de um dia sem momentos de entrega ao “universo fabulado”.

Se ninguém passa o dia todo sem mergulhar no universo da ficção e da poesia, a literatura (no sentido amplo dado nesse texto) “parece corresponder a uma necessidade universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um direito” (CANDIDO, 1989, p. 112). A literatura é, para ele, “o sonho acordado da civilização” (p. 112), e assim como não é possível haver equilíbrio psíquico sem sonho durante o sono, “talvez não haja equilíbrio social sem a literatura” (p. 112). É por esta razão que a literatura é fator indispensável de humanização e confirma o ser humano na sua humanidade, por atuar tanto no consciente quanto no inconsciente.

A literatura tem importância equivalente às formas evidentes de inculcamento intencional, como a educação familiar, grupal ou escolar.  Por isso, as sociedades criam suas manifestações literárias (ficcionais, poéticas e dramáticas) em decorrência de suas crenças, seus sentimentos e suas normas, e assim fortalecem a sua existência e atuação na sociedade. Antonio Candido salienta ainda:
[…] a literatura tem sido um instrumento poderoso de instrução e educação, entrando nos currículos, sendo proposta a cada um como equipamento intelectual e afetivo. Os valores que a sociedade preconiza, ou os que considera prejudicais, estão presentes nas diversas manifestações da ficção, da poesia e da ação dramática. A literatura confirma e nega, propõe e denuncia, apoia e combate, fornecendo a possibilidade de vivermos dialeticamente os problemas. (p. 113).
O crítico ainda chama atenção para a questão do papel formador de personalidade que a literatura tem. Não podemos vê-la como uma experiência inofensiva, mas como uma aventura que pode causar problemas psíquicos e morais, ou seja, a literatura tem papel formador de personalidade, sim, mas não segundo as convenções tradicionalistas; ela seria, na verdade, “a força indiscriminada e poderosa da própria realidade” (p. 113).
A literatura, então, não corrompe e nem edifica, mas humaniza ao trazer livremente em si o que denominamos de bem e de mal. E humaniza porque nos faz vivenciar diferentes realidades e situações. Ela atua em nós como uma espécie de conhecimento porque resulta de um aprendizado, como se fosse uma espécie de instrução. A humanização, de acordo com A. Candido, é:
“[…] o processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo e dos seres, o cultivo do humor. A literatura desenvolve em nós a quota de humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos à natureza, à sociedade e ao semelhante” (p. 117).
Além disso, assevera que “[…] a literatura corresponde a uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob a pena de mutilar a personalidade, porque pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo ela nos organiza, nos liberta do caos e portanto nos humaniza” (p. 122).  E defende o fato de que “a literatura pode ser um instrumento consciente de desmascaramento, pelo fato de focalizar as situações de restrição dos direitos, ou de negação deles, como a miséria, a servidão, a mutilação espiritual.” (p. 122), e por estas razões, a literatura está relacionada com a luta pelos direitos humanos.

Em suma, o que o renomado sociólogo e crítico literário brasileiro defende é que a luta por direitos humanos abrange um estado de coisas em que todos possam ter acesso aos diferentes níveis de cultura. É por isso, portanto, que uma sociedade que seja de fato justa “pressupõe o respeito pelos direitos humanos, e a fruição da arte e da literatura em todas modalidades e em todos os níveis é um direito inalienável” (p.  126).

Abracemos Antonio Candido!

Daqui 

O artigo de Antonio Candido pode ser lido aqui

quarta-feira, julho 20, 2016

"As sinfonias da guerra" - documentário sobre Shostakovich

Shostakovich é uma das minhas paixões. Não tenho como negá-lo. Desde a primeira vez que eu o escutei, fiquei com uma sensação de que havia sido atropelado. Que um mecanismo de proporções colossais havia atravessado a minha corrente sanguínea. Era a Sinfonia No. 11, conhecida como "O ano de 1905", em referência ao evento que se deu em frente ao Palácio de Inverno do czar, o soberano com poderes divinos que governava a Rússia. Na ocasião, centenas de pessoas, a gente comum (soldados, camponeses, operários, mulheres, religiosos etc) havia ido lá para protestar. Todavia, os soldados que faziam a guarda e a segurança do Palácio abriram fogo contra a multidão a mando do soberano. Houve um embate. O motor bélico e combativo do povo russo fez com os trabalhadores resistissem. 

Shostakovich colocou esses humores biliosos na obra. Há marchas. Recuos. Avanços. Tambores. Uma sensação de que foices revoluteiam no ar procurando o oponente. O drama é imenso. Os soldados armados fazem os corpos caírem ao chão. Ao final, Shostakovich ainda sugere que aquele embate havia sido o prenúncio para algo que aconteceria doze anos mais tarde, durante a Revolução Russa. O czar havia conseguido uma vitória temporária. Quando escutei o trabalho fiquei impressionado com essas características tão marcantes. Mais tarde, escutei a Sinfonia no. 5. Pronto! Estava firmada a paixão. Pesquisando na internet há muito tempo atrás eu encontrei esse documentário. Não havia legendas para ele. Mesmo assim, enfrentei-o até o final. Olhando alguns vídeos no Youtube acabei por achá-lo. Fora a mensagem anti-stalinista que surge no documentário, as informações são profícuas. Mostra como Shostakovich sofreu com a repressão stalinista, tendo alguns dos seus trabalhos censurados, como é o caso de sua ópera Lady Macbeth de Mtsenk. No documentário, Valery Gergiev rege as obras de Shosta. Vale conferir!

P.S. Após ter incorporado o vídeo, ele não pôde ser exibido. Segue o link.


terça-feira, julho 19, 2016

Svetlana Aleksiévitch na Flip

Estava há alguns instantes ouvindo a palestra concedida pela nobelina Svetlana Aleksiévitch, na edição da FLIP de 2016. O pessoal que organiza a Feira disponibilizou apenas o áudio. Espero que coloquem o vídeo por inteiro. Pode-se ouvir a voz de Svetlana em bom russo. Uma vida de experiências singulares acumuladas durante 68 anos de idade. Uma vida dedicada a ouvir. A ser uma depositária do vagido agônico de milhares de pessoas e tatuar tudo isso no papel. Ontem terminei a leitura de Vozes de Tchernóbil. Amanhã pretendo escrever uma pequena crônica sobre o livro como uma exercício buliçoso da alma. Por enquanto fiquemos com própria Svetlana falando sobre a sua infância, sobre como se tornou escritora; o amor como experiência que pode redimir o homem, etc. A escritora bielorussa falou no dia 2 de julho para uma plateia de mais de 2 mil pessoas - entre aqueles que conseguiram o ingresso para vê-la no teatro e aqueles que a acompanharam pelo telão. 


segunda-feira, julho 18, 2016

"A felicidade só é plena quando compartilhada" - Christopher McCandlles

Pintura do artista realista estadunidense Tom Sierak
Minha esposa viajou para Goiânia. Foi visitar os familiares. Fiquei sozinho, desfrutando minha semana sabática de recesso. Por isso, ontem, domingo à tarde, assisti ao filme Na natureza selvagem pela segunda vez. Não pude deixar de me emocionar como da primeira vez. Nas cenas finais do filme, o jovem Christopher McCandlles chega a uma conclusão bela e emblemática ao mesmo tempo: "A felicidade só é plena quando compartilhada". Ele que passara boa parte da vida em um conflito com os pais que desejavam domesticá-lo para as convenções do mundo capitalista, entendeu na solidão gelada do Extremo Norte, que é no encontro com o outro, que a vida se torna plena e existencialmente ensolarada. 

A felicidade não é determinada por aquilo que tenho em sentido financeiro. Ela está ligada ao encontro. Faz-se nova e satisfatória quando enxergo ao final dos meus passos a dádiva que é o outro. O mundo moderno espicaçou esse valor. Nossa sociedade assentada no individualismo esconde-se do outro. Queremos cada vez mais o individualismo, pois temos medo do encontro. O outro é sempre uma incógnita. Um mundo enorme de possibilidades. Exige diálogo, energia, desprendimento, um mergulho existencial para que eu possa desvelá-lo. 

Atomizados em nossos mundos. Encerrados em uma rede social. De cabeça baixa, flertando um espelho que reflete nós mesmos, as telas coloridas dos celulares ou computadores, somos narcisos sem faces. Não usamos mais a palavra falada, verbalizada. Ao emitirmos sons, balbuciamos um "kkkkkkk", que denuncia o lado primitivo e vazio de nossas conversas, de nossas relações. Se o assunto é sério, fazemos silêncio. Mas se é uma piada, uma imagem que existe no grotesco cotidiano, soltamos o gutural "kkkkkkk", a finalidade última de nossas "conversações epiteliais". 

Toda essa crise apenas revela o quanto estamos mais distantes de nós mesmos e dos outros. Nós "nunca nos comunicamos tanto" como ultimamente, mas nunca dissemos tão pouco. E é nesse fluxo paradoxal que assentamos o nosso individualismo meticuloso, casmurro, grávido de inalteridade. 

Escrevo essas coisas, pois a frase de McCandlles, fez-me pensar na relação que tive com o meu pai, morto há quinze anos; e no medo que tenho da paternidade. Sobre o primeiro fato é importante mencionar que minha relação com meu pai foi estranha e alicerçada em um receio que surgia da indiferença. Até hoje tenho a imagem dele como um sujeito irresponsável. Não me relacionei bem com ele. Geralmente cercado por amigos dissipadores, meu pai fazia o papel de um sujeito dado aos rompentes de alegrias gratuitas. Embriagava-se com frequência. Para mim, sua presença consistia em um fator negativo. Quando estávamos sozinhos e, ele não se encontrava enfronhado nas emanações etílicas, o silêncio era um sacerdote que sacramentava nossa relação. A fala embargava quando me dirigia a ele. Escorria como um fio fino e intermitente, equilibrando-se a custo no trilho delgado das emoções. Morreu cedo - aos 46 anos de idade. 

Muitas foram as vezes em que pensei: "Se um dia eu constituir uma família, não serei como meu pai". Essa relação kafkafiana (não escrevi nenhuma carta a ele), tornou-me um sujeito introspectivo. Tímido. Não afeito às relações. Talvez, tenha sido isso que me levou a procurar no mundo da leitura o apoio das palavras. Elas criavam estruturas sólidas. Nelas eu me sustentava. Agarrava-me. Protegia-me dos ventos fortes das instabilidades relacionais. Até hoje tenho dificuldades de conversar com pessoas com quais estabeleço relação pela primeira vez.

Necessariamente, isso afeta minha disposição para a paternidade. Eu minha esposa temos conversado bastante sobre isso. Ela que chega ao limite da idade fértil, preocupa-se - e preocupa-me. Eu, por meu lado, cercado por receios variados, isolo-me numa planície de pessimismo. Olho para trás e compreendo o significado de tudo. Há casais que optam por não terem filhos. Vivem bem com isso. Conseguem separar as coisas. Não existe um mandamento universal para a paternidade ou para maternidade. Nascemos e, ao virmos ao mundo, é dado o dispositivo biológico para a reprodução. É a cultura que constrói significados para isso. 

Todavia, pensando sob a perspectiva do filme, de quê é feita a vida senão de encontros? Tudo flui. Vai. Evola-se. Dissipa-se. Mas, a felicidade contida no encontro e no compartilhamento não se pode medir. Há uma outra cena muito bonita e significativa na obra de Sean Penn. O jovem McCandlles encontra um senhor chamado Ron Franz. A personagem vive sozinha. É um militar aposentado. Não constituiu família. Ele diz uma das frases mais bonitas do filme: "Quando você perdoa, você ama; e quando você ama, a luz divina brilha em você". No momento em que as duas personagens se despedem, Ron faz um pedido a McCandlles: queria adotar este como seu neto. Ele não tinha pai, mãe, nem filhos. Quando ele morresse, a história de sua família teria fim. McCandlles estava tão firme em seu propósito de chegar ao Alaska, que apenas diz: "Quando eu voltar, conversaremos sobre isso, Ron". 

O que é certo é que a vida, em alguns momentos, não espera pelas nossas decisões. O silêncio de suas ações se mostra maior do que nossas vaidades. Assim, há duas frentes: aquela que estabelecemos, como resultado da nossa vontade, e um devir convergente, que atua como fluxo. É justamente essa dialética que faz vida. Quem souber tirar proveito desse encontro ao lado das pessoas que ama, certamente encontrará a felicidade. É o outro que me revela. Nele encontro os meus limites. Em sua face está estampado o meu orgulho e minha capacidade de não amar. As pontes que me separaram do outro, também impedem que eu me conheça. Mas, no encontro, também, está capacidade de me tornar mais solidário, mais manso, mais sábio, desde que eu saiba compartilhar a minha existência.

domingo, julho 17, 2016

Breve catecismo

O caráter tão rico, tão contraditório e tão diverso da América Latina, esta terra desprezada, aparece nos aspectos não visíveis da realidade, longe do círculo no qual fechamos hoje a política e a economia. Mas esses aspectos invisíveis da experiência humana são a própria realidade... Quando empresto minha voz aos sem-voz, não me refugio fora do real. A realidade continua sendo minha fonte principal de inspiração, com suas alegrias e suas penas, suas tempestades e claridades.

Conto pequenas histórias que têm como vocação ajudar a ver a Grande História. Como em um mosaico, quadrados coloridos colocados lado a lado acabam compondo um quadro da realidade. Eu vejo o Universo inteiro através das histórias minúsculas, como olhamos um quarto através do buraco da fechadura. É um jeito de revelar aos meus leitores a possibilidade de viver a plenos pulmões, com toda a energia possível. As razões de chorar são infinitas. Mas as de rir também existem. É importante guardar ao mesmo tempo a capacidade de celebrar a realidade e a coragem de denunciá-la. 

(Eduardo Galeano)

sábado, julho 02, 2016

Mais um livro de Svetlana Aleksievitch


Há alguns dias atrás, eu recebi em meu e-mail uma daquelas publicidades do robô da Estante Virtual, que acaba "fisgando" pesquisas desinteressadas, namoros com aqueles títulos suculentos, mas que acabam ficando no mundo dos desejos reprimidos por uma questão monetária. Pois recebi a notícia de que havia um novo livro da nobelina Svetlana Aleksievitch. O título era dos mais convidativos - O fim do homem soviético - um tempo de desencanto. Apressei-me para olhar o preço. Estapafúrdios duzentos reais - se a memória não me trair neste momento.

Fui até o site da Livraria Cultura e vi que estava sendo vendido pela metade do preço - noventa e nove reais. Não hesitei. Fiz a encomenda. Dois dias após, eles me passaram um e-mail e disseram que o exemplar havia chegado à loja. Na quarta-feira à tarde, fui lá buscar (e ainda sair de lá com o Todos os contos de Clarice Lispector, lançado recentemente, que estava uma pechincha). O bonito cartapácio (de Svetlana Aleksievitch) foi publicado pela Porto Editora (de Portugal). Tradução impecável. A capa é das mais emblemáticas: uma senhora vestida à rigor, conduzindo a bandeira vermelha da União Soviética, com a insígnia inconfundível - a foice e o martelo, símbolo do comunismo que, assim como outros signos (cruz, suástica, etc), carrega simbologias capazes de movimentar os homens. Ao fundo, notamos uma paisagem cinzenta que engole prédios e homens como se aquilo fosse um aviso pressago da bancarrota histórica.

Todavia, o que conta mesmo é o estilo de Svetlana Aleksievitch. A escritora ucraniana possui uma capacidade única de emocionar, de criar humanismos; é capaz de nos fazer repensar a nossa condição; de colocar-nos frente a frente com nossas vaidades, paixões e movimentos que impelem a atos impensados. Já em Vozes de Tchernóbil, a história oral do desastre nuclear, Svetlana cria a impressão de que todas as dores do mundo podem ser reunidas em único lugar. Ela comprime em único espaço os relatos pungentes das pessoas comuns que tiveram suas vidas afetadas de forma deletéria pela terrível tragédia. 

As quinze páginas iniciais de O fim do homem soviético transmitem a impressão de que estamos sentados em um banco de praça, solitários, em um final de tarde fria, com cintilações cinzentas no ocaso e se escuta o barulho distante de um sino a anunciar um outro tempo. A experiência do vivido nos coloca lado a lado com o passado. E ele possui o cheiro de nostalgia, mas acaba trazendo impressões dúbias. Svetlana Aleksievitch consegue reunir um misto de vozes e acaba criando um livro, pelo menos notei isso nas quinze páginas lidas, polifônico (algo que se dá também com Vozes de Tchernóbil

O meu reptiliano projeto de leitura provoca uma inadministrável ansiedade. Muito trabalho. Excesso de nacos de tempo roubados pela roda viva do cotidiano. O que me consola é que terei quinze dias de recesso na próxima semana e poderei saborear os dois livros da Svetlana.