Participo de um grupo de WhatsApp com dois outros colegas de trabalho. Debatemos questões políticas quase todos os dias. Um dos membros deles possui posições assumidamente antipetistas e antilulistas. Acabei respondendo algo assim.
Essa
notícia veiculada pelo Metrópoles é daquelas que fermentam a indignação da
classe média contra o Lula. Assolado pela raiva, pela indignação, pela
incapacidade de reconhecer ou assumir qualquer medida positiva do governo,
resta ao indivíduo iracundo de classe média, mover turbilhões de indignação
contra o presidente perdulário.
Isso
me faz lembrar aquela passagem do livro “Dom Casmurro”, do Machado de Assis.
Diz o narrador que, após fazer uma pergunta para um verme gordo que encontrou
em um texto, obteve a seguinte resposta:
“- Meu senhor - respondeu-me um longo verme gordo - nós não
sabemos absolutamente nada dos textos que roemos, nem escolhemos o que roemos,
nem amamos ou detestamos o que roemos; nós roemos”.
Esse texto é uma metáfora da disposição que existe contra o
Lula. Não se tem absolutamente noção sobre os fundamentos do mundo real. O que
existe é apenas a raiva, a indisposição contra o governo. Apenas se odeia. Caso
esse tipo de notícia ocorresse com outro nome, não haveria problemas. O
problema é que é o Lula. Um presidente nordestino, operário, sindicalista, de
origem popular. Sua imagem está sempre associada ao “não pode”, ao “não deveria”.
Ou será que, em um Palácio Presidencial, deveriam apenas servir costela ou acém;
ou apenas moela de frango? Ou que não há cozinheiros versados nas magias da
culinária refinada em uma cozinha de Palácio Presidencial?
São apenas sensaborias argumentativas o que nos sugere essa
notícia. Serve apenas para gerar ódio seletivo. Pensa o indignado indivíduo de
classe média, assentado sobre a raiva, que se coisas como essas forem abolidas,
o mundo será um local mais justo e, como diz o livro de Gênesis, “o espírito de
deus vai pairar sobre a face do abismo”.
Meu caro #####, sei que você discorda de tudo que escrevi.
Mas é o que penso. Pode dizer que incorri em um “ad hominem”.