quinta-feira, maio 12, 2016

As primeiras horas da manhã...

Escutei há poucos instantes alguns fogos tímidos de sujeitos que comemoravam o afastamento da presidenta Dilma Rousseff. Não deveria haver comemoração. Aqueles que assim fazem não dimensionam o que estão comemorando. É uma ignorância homérica, um gesto de completo desconhecimento do mundo duro que é a política; não percebem que é justamente a política que determina a qualidade de vida que teremos ou deixaremos de ter. 

O tensionamento político que se gestou no Brasil nos últimos meses, não era só contra o PT ou contra a Dilma. Esse bombardeio era contra os trabalhadores. O que está em jogo são direitos, avanços, conquistas sedimentadas no governo que ora sofre o golpe e outras que são o resultado da luta histórica dos trabalhadores.

Não é bom se enganar nesse sentido: os direitos não vêm pelo fato do capital ser bonzinho, pelo fato "patrão" se compadecer da condição do "operário". Os direitos são o resultado da cristalização da luta, do suor, do derramamento de sangue. Assusta-me a ignorância de quem não percebeu ainda - e ainda comemora a saída de um governo, que apesar dos erros, resguardou muitos desses direitos, para se fiar por uma aventura incerta, pelo devaneio neoliberal - que quebrou países com uma experiência democrática mais consolidada como Portugal, Itália, Islândia e, o caso mais extremo, a Grécia.

Quebrar um país significa colocá-lo no chão. Significa colocá-lo a mercê dos ditames dos organismos internacionais como FMI, Banco Mundial etc - o quanto teremos de saúde, de educação, de infraestrutura, de empregos, de autonomia.

Não vejo motivos para comemorações. O Brasil é um país que não se leva a sério e que possui uma classe média cega, ignorante, que é vassala;  que se acha dona da casa grande. Um país que em 66 anos, apenas três dos seus presidentes terminaram os mandatos integralmente. Não somos sérios. O que está em jogo é justamente isso. Não é simplesmente o fato de retirar um político com o qual eu não simpatizo. Perdemos a oportunidade de avançar. Caminhamos para trás. Talvez daqui a trinta anos, criemos verdadeiramente uma euforia autêntica, genuína, que aponte para avanços sérios.

domingo, maio 08, 2016

Cinco de maio, aniversário de Karl Marx e Kierkegaard

Kiekergaard (esq.) e Karl Marx (dir.)
"A nossa existência é vivida para frente, mas entendida quando olhada para trás". Esta frase sempre me serviu de bússola. Em vários momentos em que me vi incompreendido, sem saber que direção tomar ou, simplesmente, buscando entender um evento, um comportamento meio autômato, ela surgiu sorrateira como um luzeiro e me fez colocar os pés no chão e continuar a caminhada. A frase pertence ao filósofo dinamarquês Sorem Aabye Kierkegaard. Ora, por que me remeto a ele assim de forma gratuita? Quinta-feira, dia cinco de maio, o mundo comemorou 203 anos do seu nascimento. 

Coloco Kierkegaard entre as minhas preferências filosóficas, assim como outras criaturas preocupadas com a existência - Agostinho, Pascal e Nieztsche. Os dois primeiros inequivocamente cristãos e, o último, alguém que buscava o conhecimento de si, desvencilhando-se de tudo aquilo que cheirasse a niilismo, sendo que o cristianismo se constituía uma grande abertura que impelia a um mundo de farsa, de negação da vontade, de resignação a um moral de escravo. Enquanto estivermos ocupados com deuses e uma moral mesquinha, jamais nos auto-determinaremos como sujeitos.

Curiosamente, no dia cinco de maio, outro filósofo que aprendi a admirar também, completou aniversário - 198 anos do nascimento do filósofo alemão Karl Marx. Marx anda na direção contrária de Kierkegaard. Aquele não olhava para dentro de si para determinar o mundo, como este procurava fazer. O alemão entendia que as relações que constituem o sujeito são forjadas na história. A base abstrata do homem, algo tão caro para o pensamento kierkegaardiano, é para Marx forjada a partir de determinada forma social. Ou seja, aquilo que é sentido e criado, é "a consciência invertida do homem", conforme diz Marx. O único ponto em comum dos dois é Hegel. Os dois haviam sido hegelianos quando jovens.

O que explica a minha predileção por dois filósofos que são antípodas? É possível conciliar essa discrepância? Como suavizar por meio de uma uniformização frases como estas: "A verdade é a subjetividade" (Kierkegaard); e "Não é a consciência dos homens que determina seu ser, mas, pelo contrário, seu ser social é que determina sua consciência"? (Karl Marx). 

Não é minha pretensão amarrar as pontas desse lençol de costura intrincada. Todavia, tento conciliar uma explicação, romantizando o presente fato. Kierkegaard, assim como os filósofos que citei acima, preenche minha parte mais intuitiva, mais propensa às metáforas, ao sentir poético; às projeções idealistas. Embora Kierkegaard estivesse à procura de um sentido que determinasse a sua existência ("procuro uma verdade que seja verdadeira para mim"), a frase que inicia o texto possui de forma subjacente elementos do devir, que é tão necessário para fecundar o pensamento de Marx. Olhando para trás, percebendo as curvas silentes, os saltos por vales cerrados, por escarpas longínquas, a história me forjou tal qual sou. Se sinto, se poetizo a vida, se procuro sentir, se mesmo não acreditando na religião institucional, fio-me por "uma vida na fé", acercando-me da terceira etapa do pensamento de Kierkegaard (estética, moral e fé) - claro, guardando as devidas proporções. Fé aqui não deve ser entendido em sentido comum. Fé a possibilidade de destruir todas as finitudes e transformar a existência em algo que está acima das pequenas coisas da vida.

Já Karl Marx me ajuda a colocar os pés no chão da história. Ajuda-me a despistar as convenções sociais forjadas, construídas para amarrar e impedir que compreendamos que existe um movimento latente, capaz de mudar o curso do mundo material. São os homens que constroem a história. Interpretá-la apenas não a torna um palco favorável à minha condição. Marx afugenta as ilusões. Em Marx, sentimos que a realidade é dura, que ela tem um corpo afiado e inquieto. Na teríamos essa consciência, não sentiríamos como sentimos; não leríamos o mundo como lemos; não perceberíamos como percebemos; não seríamos iludidos como somos; as estruturas jurídicas, políticas, religiosas, educativas, artísticas, filosóficas, morais seriam outras, se outras fossem as determinantes econômicas, se outras fossem as estruturas que determinam o ser social. 

Kierkegaard me impele ao ser; Marx, à ação. Em mim não há antagonismos. Antagônicas são as ideias. O ser tenta acolhê-las. Agasalhá-las. Tendo a consciência de que o fluxo contínuo de movimento forja as ideias, cria pessimismos e alegrias; cria a dureza para suportar e a sensibilidade que nos leva ao choro; a melancolia incontida e o gozo pela expectativa de vitória, sou enquanto sigo; mas sou sabedor de que a caminhada me marca, risca-me com o seu cinzel. Se tenho a percepção que tenho, não foi de forma gratuita. Sou assim, porque não sou de outro modo; mas, sendo como sou, posso ser de outro modo, desde que lute para sê-lo. Em quando assim for, olharei para trás compreenderei o ser que levo e tenho.

Parabéns, Marx e Kierkegaard!

sexta-feira, maio 06, 2016

Algumas considerações sobre "O amor de Mítia", de Ivan Búnin

Em que medida ele fora então bom menino, inocente, de coração singelo, pobre nas suas modestas tristezas, alegrias e devaneios! O seu amor sem objeto, incorpóreo, de então tinha sido um sonho ou, melhor, a recordação de um sonho maravilhoso. Mas agora havia Kátia, havia uma alma que encarnara em si o mundo e que o dominava por inteiro. p. 46

A literatura é mundo de possibilidades infinitas; de incontáveis  belezas; de polifonias; de feições e linguagens variadas; de poesia em estado puro; de insinuações implícitas; de depuração. É por esse motivo que lemos literatura; que não conseguimos nos afastar dela. A boa literatura é remissora, humanizadora. Nela encontramos a exatificação daquilo que poderia ser o mundo. Aquilo que os homens não conseguem desenhar, materializar, a literatura possui o potencial de representar, de simular. As tintas da literatura são mais densas do que as cores do mundo real. Ela permite a transfiguração do mundo. 

Pois essas impressões se tornaram mais vivas após terminar a leitura do livro O amor de Mítia, de Ivan Búnin. Certamente, uma das prosas mais belas e elegantes que já tive a oportunidade de ler. Um estilo que beira a uma epifania poética. Boris Schnaiderman, o famoso tradutor de obras do russo afirma: "Enfim, bem poucas vezes, em minha tão extensa caminhada como tradutor, me defrontei com um texto vigoroso como o desta novela". Não é para menos.

A vida de Búnin é dividida em dois momentos: a vida na Rússia pré-revolucionária e a vida pós-revolucionária, fora da Rússia. Nascido em 1870, o ganhador do Prêmio Nobel de 1933, sempre buscou forjar um estilo que o colocasse entre a prosa e a poesia. Tornou-se amigo dos mestres Tchekov e Tóltoi. Aquele viu nele um futuro brilhante. Este o estimava com grande carinho. Búnin se utilizou dessas amizades profícuas para aprender. A maturidade foi sendo desvelada de forma gradual. Com a eclosão da Revolução de 1917, Búnin não quis continuar na Rússia. Resolveu deixar o país. Desconfiava dos destinos transigidos. Não esperou para ver. Fugiu com a mulher. Radicou-se na França. E foi lá, como emigrado, que os seus belos textos foram surgindo um a um. 

O amor de Mítia, uma novela curta, foi escrita no auto-exílio. O Estado Soviético repeliu firmemente a sua fuga. Nos anos mais duros de repressão, quem mencionasse ou citasse o escritor, poderia amargar a prisão. Ficou como exemplo negativo. Todavia, apesar da distância, Búnin não abandonou espiritualmente a sua terra. Sua paixão pela literatura do seu país, principalmente por Tólstoi, que era alçado ao nível supremo de beleza literária; a relação panteísta que nutria com as belezas da cultura e da natureza, pode ser observado em seu texto. Fazendo uma pequena digressão: Búnin não gostava de Dostoiévski. Achava-o espalhafatoso em excesso.

O amor de Mítia é uma história simples. O mote é o amor, o ciúme e o sofrimento, um tema bastante comum na literatura. Após Os sofrimentos do jovem Werther, de Goethe, este tema assumiu paroxismos de grande dramaticidade. Goethe havia transido a existência de Werther, impingido dores contumazes, revolvido sua alma, revelado o seu espírito, suas aflições, seu martírio. Há nesse sentido um paralelismo entre Mítia e Werther. A diferença ao meu modo de ver fica por conta do estilo de Búnin. Trata-se de obra de rigor; de um controle absurdo da narrativa; e, como diz Schnaiderman, de grande "vigor". Havia sentido isso certa vez ao ler Quincas Borba, de Machado de Assis.

Ivan Búnin (1870-1953)
Mítia é um apaixonado que se alimenta apenas de um pensamento: a sua amada Kátia. Foge para tentar separar-se de sua presença. Mas a sua ausência é presença. Ele é preenchido justamente por aquilo que lhe falta. Busca a solidão do campo. Foge da Moscou barulhenta, agitada e se refugia em meio à natureza. E é nesse ponto que penso que esteja o ponto alto do livro. Búnin consegue de forma singela, descrever com uma beleza única, a vida pastoril. A natureza com sua presença luxuriosa, a exalar vida; e os seus rigores imparciais. A natureza se assume como a sua amada Kátia: bela, lúbrica, fértil, a espargir fragrâncias virginais, mas, ao mesmo tempo, sendo grave, imparcial, seguindo o seu curso implacável, pouco obsequiosa para com Mítia.

Como mencionei acima, as descrições são de uma beleza assustadora, de um realismo colorido que sinestesicamente coloca-nos diante do cenário. Apenas alguns exemplos: 

Capítulo IX

Vieram depois as neblinas tépidas, as chuvas, a neve foi derretida e devorada em poucos dias, o gelo do rio se pôs em movimento e a terra começou a negrejar alegre, renovada, a desnudar-se no jardim e no quintal...

Capítulo XIV

A floração das pereiras era particularmente densa e vigorosa, e a mistura dessa branquidão e do azul vivo do céu dava um reflexo violáceo. [...] Sentia-se no ar tépido o seu cheiro suave, adocicado, juntamente com o cheiro do estrume aquecido, em fermentação no curral. p. 59

Capítulo XXVIII

Fazia frio, havia umidade penetrante, as nuvens escureciam o dia; sobre aquele fundo negro, o verde compacto do jardim molhado destacava-se com particular densidade, frescor e nitidez. p. 113

Fica implícito no texto de Búnin uma inquietação com relação aos sentimentos fortes e que estabelecem sentido para a existência. Amor e morte são forças antagônicas, mas complementares. Elas se jungem em determinados momentos; sedimentam-se; tornam-se numa massa informe e se instalam como forças gravitacionais no coração do ser humano. Amamos, mas os ciclos e o devir universais seguem  indiferentes, apesar de sermos parte deles. 


domingo, maio 01, 2016

O arrivismo midático nosso de cada dia

Hoje cedo fui à uma banca de jornal aqui perto de casa comprar um dos exemplares da Coleção Folha. Analisei os 28 livros constantes da promoção e resolvi comprar dezessete deles. Alguns dos livros eu já tenho, mas mesmo assim comprarei (sic). A edição é elegante e a tradução é melhor trabalhada. É o caso, por exemplo, dos dois exemplares que adquiri hoje - A morte de Ivan Ilitch (Tolstói) e Um aprendizado ou o livro dos prazeres (Clarice Lispector). 

Após ter comprado os livros, pus-me a ler as reportagens dos jornais e revistas. Uma indisposição, um asco foi sendo fermentado à medida que lia o mau-caratismo discursivo da mídia hegemônica. A Veja trazia palavras fortes como "plano radical para zerar déficit público"; "Meireles e Serra, o time de atacantes da política externa" etc. Eram palavras e expressões afirmativas, que ensaiavam projeções otimistas, bem diferentes daqueles que vimos nas últimas semanas acerca do ainda sobrevivente e agonizante governo Dilma. A única nota negativa era uma uma denúncia contra Lula, acusado de receber "mensalão da OAS desde a década de 80", mas nesse ponto temos "mais do mesmo". 

A Isto É avançava em um discurso babão e mais canino. Um fundo vermelho com as fotografias de Lula, Dilma e João Pedro Stédile, líder do MST, expunha uma atmosfera de raiva e ódio. A reportagem trazia em letras garrafais: "Os sabotadores do Brasil". Duas outras reportagens encimavam o veículo ordinário (não chamo aquilo de jornalismo). Jornalismo pressupõe responsabilidade com a construção da notícia e a entrega abnegada do fato (não devemos falar em imparcialidade, pois ela não existe), algo impossível no Brasil. A primeira buscava enlamear a figura de Lula; a segunda, trazia o título "Meireles na Fazenda - o nome que entusiasma o mercado e a sociedade". É interessante notar a busca desavergonhada de fecundar, por meio da generalização, uma uniformidade possível, um clima de leveza, de consenso. Essa tônica "imparcial" era seguida por todos os demais veículos jornalísticos. Não havia um "discurso  destoante", que se contrapusesse a esse jornalismo marrom, viciado, inimigo da verdade e da isenção. 

Todos eles ficam à porta da banca, em lugar visível. As outras revistas que possuem um discurso contra-hegemônico (Caros Amigos, Revista Piauí, Le Monde Diplomátique etc) ficam em lugar escuso, como se fossem aquele material encalhado, procurado por seres estranhos, de outro planeta. Trata-se de quinquilharia, certamente. É como se alguém chegasse procurando algo exótico e o dono do estabelecimento dissesse: "Olha, eu tenho o que está aí! Mas espera aí! Há um negócio por ali, que quase num sai. Tá meio empoeirado! Mas dá uma olhada!" E colocasse sobre o balcão papiros fossilizados. Material para arqueologista. Arquivos seletos para entes secretos.

Desse fato surgem duas questões: (1) Quando terá fim esse massacre, esse bombardeio dessa mídia marrom, arrivista, conservadora, inimiga do povo e acumpliciada com o grande capital? E nesse sentido é necessário fazer uma crítica sólida ao PT, que em quatro mandatos, não moveu um centímetro a legislação da política de meios no Brasil. Os grandes grupos, leia-se cinco famílias, continuam "a formar opinião" no Brasil, criando consensos e estabelecendo "o olhar", "a plataforma política" e "as crenças da sociedade brasileira". Com o novo cenário político que se desenha, torna-se mais distante a possibilidade de qualquer movimento nesse sentido. (2) A consequência dessa blitzkrieg midiática é o envenenamento da opinião pública. Qual é a saída? O meio alternativo que projeta para a sociedade uma outra forma de enxergar os acontecimentos políticos do país de forma responsável? Gostaria, nesse sentido, de apontar uma crítica: por que o PT não fundou uma TV pública, com uma programação capaz de fazer frente ao que aí está posto? O sujeito médio, "educado" pela Veja, Revista Época, Isto É; pelo conglomerado dos jornais estaduais, pertencentes aos clãs que representam as oligarquias, inimigas do povo, seja do Goiás, Alagoas, Piauí, Rondônia ou Rio Grande do Sul; pelos jornais televisivos, pelas emissoras de rádio, ouvirá apenas uma versão "da realidade", a saber, aquela que é de interesse das elites desse país e isso "modelará" inexoravelmente o seu olhar. O ódio instalado contra o governo atualmente é o resultado desse trabalho, como se o PT tivesse inaugurado a corrupção no país; como se antes do PT, o Brasil fosse um Éden, onde as pessoas 'viviam felizes' e 'se alimentavam da árvore da vida, que está no centro do jardim'.

Às vezes, bate-me uma vontade de que aquele dispositivo que existe no filme Homens de Preto, capaz de bloquear a memória e impedir que o sujeito tenha acesso ao que aconteceu com ele, existisse de verdade. Poderíamos utilizá-lo para esquecer tudo isso e começarmos do zero. Como isso não é possível, ficamos imersos nesse imenso mar de desânimo. Olhamos em volta e vislumbramos horizontes turvos. Ignorância e alienação por todos os lados. E como diz a música Vícios de Linguagens do Engenheiro do Hawaí: 

Tudo se resume a uma briga de torcidas
E a gente ali no meio, no meio das bandeiras
O jogo não importa, ninguém tá assistindo
E a gente ali no meio, no meio da cegueira
Tudo se reduz a um campo de batalha
E a gente ali no meio
Tudo se resume a disputa entre partidos
Lama na imprensa, sangue nas bandeiras
A verdade passa ao largo, como se não existisse
E a gente ali no meio, como se não existisse
Tudo se reduz, a uma cruz e uma espada

Ficamos ali, sem jeito, sem escapatória, sem possibilidade de fuga, vendo aonde tudo vai dar, enquanto as revistas, jornais e a TV, alimentam com seus discursos de cobiça, a indigência alheia.