domingo, outubro 31, 2010

O Fundamentalista Bento XVI perdeu a noção de vez


DIRIGE UM ESTADO TEOCRÁTICO E QUER FALAR EM DEMOCRACIA NO BRASIL!

Antonio Carlos Mazzeo*

"Faces sob o sol, os olhos na cruz

Os heróis do bem prosseguem na brisa da manhã.

Vão levar ao Reino dos Minaretes a paz na ponta dos arietes

a conversão para os infiéis..."

(Agnus Sei ) Aldir Blanc

Não é que o cardeal Joseph Alois Ratzinger por alcunha, Papa Bento XVI, resolveu intrometer-se nas eleições brasileiras? Ingenuidade de quem pensa que sua intervenção claramente a favor do candidato reacionário-conservador - apoiado pelos setores mais retrógrados e obscurantistas da igreja católica e ainda pela ordem crípto-fascista Opus-Dei e pela TFP - , tenha sido pautada pelas "formulações intelectuais" digamos, modestas, do bispo de Guarulhos, Luis Gonzaga Bergonzini.

Não é novidade a intromissão da igreja católica na vida política dos países onde possui influência. Vem de uma tradição milenar sua associação com o poder e, muitas vezes, não somente como associados participaram diretamente dos destinos políticos de centenas de nações, o que explica as inúmeras guerras e conflitos religiosos desde o período medieval até nossos dias. Dos mortos e torturados cruelmente pela Santa Inquisição, passando por milhares de camponeses, pequeno-burgueses (huguenotes) assassinados durante os conflitos entre católicos e protestantes, até os apoios às ditaduras burguesas e bonapartistas, como as de Mussolini, Franco, Hitler, Salazar, Vargas, Perón, a ditadura militar-bonapartista brasileira e tantas outras!

Em rápidas pinceladas, a história recente da igreja católica. Iniciamos pelo cardeal Eugenio Pacelli, conhecido como il tedesco (o alemão), mais tarde Papa Pio XII. Ninguém nos altos postos do Vaticano era mais germanófilo. É sabido que Pacelli/ Pio XII apoiou, direta ou indiretamente, todos as ditaduras fascistas européias, começando pela de Mussolini, quando abençoou suas tropas que partiam para invadir a Etiópia, antiga Abissínia. Pacelli/Pio XII, quando Núncio Apostólico em Berlin, circulava livremente pela chancelaria e em muito auxiliou a conciliação entre os nazi e as facções burguesas alemãs. Também é conhecido o silêncio conivente de Pacelli/Pio XII em relação ao assassinato de milhões de judeus, ciganos, comunistas e homossexuais nos campos de extermínios nazistas. Pacelli ficou do lado dos monarquistas na Guerra Civil espanhola, não somente pelo anticomunismo visceral da igreja católica, mas pela íntima relação (quase promíscua) do vaticano com a monarquia espanhola, tanto que ao ser nomeado Papa, já ao final da Guerra Civil Espanhola, Pacelli/Pio XII saúda o fim do conflito, com a vitória dos monarquistas, Com imenso gozo, em discurso radiofônico proferido em 18 de abril de 1939. Uma tradicional relação que ainda continua. Lembremos que, entre 2001 e 2007, 731 pretensas "vítimas" dos republicanos espanhóis durante a Guerra Civil, foram beatificadas pelos papados de João Paulo II e de Bento XVI, em que pesem os protestos dos parentes das milhares de vítimas do outro lado, dos republicanos, e do clero basco que teve muitos de seus sacerdotes fuzilados pelos franquistas. Na ocasião da beatificação das 498 pretensas "vítimas" dos republicanos, Bento XVI destacou " a importância do martírio como testemunho de fé numa sociedade secularizada." (Los Angeles Times de 28/10/2007, Vatican Beatifies 498 Spanish Martyrs)

Sem esquecermos de João Paulo II, o militante anticomunista, que imiscuiu-se fundamente na vida da Polônia, apoiando o sindicalista católico-conservador (e quando no poder, acusado e condenado por corrupção) Lech Walessa, não como cidadão polonês, mas como "cidadão do céu" (como diria São Pedro, Bíblia Sagrada,Filipenses, III-20), como Papa e líder religioso. O cardeal Woitila/João Paulo II não limitou-se a combater o marxismo na Europa. Também aumentou a ofensiva contra o clero progressista na América Latina , tendo como fiel escudeiro e mentor intelectual, o cardeal Ratzinger/Bento XVI, na época, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, leia-se Tribunal da Santa Inquisição/ Santo Ofício, o mesmo que torturou e executou barbaramente (seja na fogueira, em azeite fervente ou esquartejando vivos) milhares de "infiéis". Ratzinger/Bento XVI, quando dirigia o Tribunal da Santa Inquisição/Santo Ofício/Congregação para Defesa da Fé, censurou diversas obras ligadas à Teologia da Libertação, como as do teólogo espanhol Jon Sobrino e a do então frade Leonardo Boff, condenando-o ao "silêncio obsequioso", termo clerical para designar mordaça à subjetividade social e política.

O cardeal Ratzinger/ Bento XVI, tem uma longa ficha de serviços ao obscurantismo. Para além de sua controversa participação na Juventude Hitlerista (da Baviera), que de um modo ou de outro era uma forma de cooptação forçada de jovens para o nacional-socialismo, e de ter participado do exército alemão durante a II Guerra Mundial, algo nada estranho em se tratando de um país em guerra, Ratzinger destaca-se de fato como sacerdote, ideólogo e teólogo conservador, reacionário e obscurantista. Chegando ao papado, aproximou-se da vertente mais atrasada do clero europeu, trazendo de volta o conhecido para as hostes do Vaticano o fundamentalista católico francês, cardeal Lefebvre, removendo a censura de excomunhão latae sententiae a quatro bispos ordenados pelo fundamentalista françês, em total desacordo com o Concílio Vaticano II. Dentre os bispos lefebvriano, está o sacerdote inglês que vive na Argentina, Richard Williamson que nega o Holocausto. Ratzinger/Bento XVI prosseguiu a política de Woitila/João Paulo II no desmantelamento dos núcleos progressistas e de esquerda da igreja católica na América Latina e em todo o mundo e para tal nomeou vários cardeais conservadores, inclusive no Brasil.

A pergunta que fazemos é como uma pessoa com uma história inequivocamente ligada ao núcleo mais reacionário e autocrático da igreja católica, que perseguiu e censurou sacerdotes e leigos em sua instituição religiosa, se arvora em discutir condutas democráticas nas eleições brasileiras? Além da cara de pau do cardeal Ratzinger/Papa Bento XVI, quero ressaltar que o Brasil é um país laico, onde vige institucionalmente a separação entre religião e Estado. Mais grave ainda, é que esse senhor é chefe de um Estado e, pelas leis internacionais, não deve interferir em assuntos de outros Estados. Imaginem a tempestade e o alvoroço que seria em nossa imprensa golpista se um dirigente estrangeiro, como Chaves, por exemplo, fizesse declarações sobre nosso processo eleitoral? E mais, Ratzinger/Bento XVI dirige um Estado teocrático-autocrático, uma plutocracia dirigida por cardeais, onde o voto não é democrático porque restrito à oligarquia cardinalícia. Com que autoridade democrática esse senhor pretende imiscuir-se na vida política nacional?

Que o cardeal Ratzinger/Bento XVI governe sua teocracia corrupta e interfira em seus problemas político-religiosos é aceitável. Mais do que isso, convenhamos, é cinismo cara de pau inconcebível.

Extraído DAQUI

sábado, outubro 30, 2010

Dona Margarida vota Dilma 13!

Dona Margarida, septuagenária, nem precisa comparecer à seção eleitoral, mas votou no 1º turno e está decidida a repetir o gesto neste final de semana. Ela acompanha a campanha eleitoral, assiste aos programas, debates e procura se manter bem-informada.

Fui visitá-la e, claro, ela logo puxou o assunto da eleição. Se depender dela, o Serra não se elege. Ela considera-o mentiroso e cínico. Minha mãe não se referia à escola filosófica de Diógenes Sínope (413-323 a. C.). Para esticar a conversa, brinquei: “A senhora quer dizer que ele tem mil caras?!” Ela reafirmou que o demo-tucano mente, se faz por bonzinho e é um sem-vergonha, além de arrogante. Já a Dilma… Bem, ela se desmanchou em elogios.

A opinião da minha mãe espelha bem o que os eleitores convictos da Dilma Rousseff pensam. Não há marqueteiro que consiga demovê-los da decisão de votar nela. Quanto mais a atacam, mas lhes parecem que são mentiras. E não adianta o Serra fazer cara de bom moço e de “presidente do bem”. A pecha de cinismo o acompanha!

Minha mãe não navega na internet. Imagino o quanto ela ficaria aborrecida com a boataria contra a Dilma! A rede reproduz e potencializa as fofocas da vida real. A Dona Margarida comentou que no grupo da terceira idade alguém disse que a Dilma era “sapatão”. Ela ficou irritadíssima com a boataria. E resumiu tudo na frase: “É preconceito!” Tive orgulho dela.

Não tentei demovê-la da decisão de votar na Dilma. Até porque também voto contra o Serra. Poderia, porém, argumentar que há a alternativa de votar nulo ou em branco; poderia listar uma série de razões políticas e ideológicas. Bem, estávamos apenas conversando e respeito as opiniões dela. De qualquer forma, ela me fez pensar.

Ao contrário da Dona Margarida, o meu amigo Walterego diz que vai anular o voto. Ele não milita no PSTU nem nos grupos de esquerda, organizados ou não em partidos, que defendem o voto nulo. Ele não faz campanha pelo voto nulo! Walterego também é esclarecido e tem título de doutor. Já a Dona Margarida não teve oportunidades de estudo e aprendeu a ler e fazer contas por esforço próprio, na escola da vida. Isto não desqualifica suas opiniões. Na verdade, ambos têm argumentos fortes para defender as posições políticas que consideram melhores.

O que os exemplos de Dona Margarida e Walterego mostram é que posição política nada tem a ver com educação formal e titulação acadêmica. O título universitário não indica, necessariamente, inteligência e capacidade política. Não obstante, há muito preconceito contra os pobres e pessoas humildes no que diz respeito à opção política. O preconceito é social e regional (contra os nordestinos). Ora, a atitude política não é determinada por um canudo universitário e o fato de tê-lo não torna ninguém politicamente melhor nem pior. Não é critério de avaliação política. Há muitos analfabetos políticos titulados por aí!

O meu amigo Walterego pode até votar nulo, mas duvido que ele se considere superior à Dona Margarida, aos pobres e nordestinos. Não é porque ele é doutor que sua posição política é qualitativamente melhor. Afinal, há muitos pobres e nordestinos que também votam no Serra. Os preconceituosos esquecem que ninguém se elege apenas com o voto da classe média e dos ricos. O governo Lula, aliás, foi um dos melhores para os ricos. Não estranho que muitos figurões o apóiem.

Por outro lado, boa parte da classe média divide-se entre a postura de tutela dos pobres e o preconceito social, racial e regional. A tutela também é uma forma invertida de preconceito, pois indica a desconfiança na capacidade política dos pobres. Dona Margarida, que vota em Dilma, diria: “É preconceito!” Decididamente, ela não é analfabeta política!

Extraído DAQUI

sexta-feira, outubro 22, 2010

Dilma: garantir conquistas e consolidar avanços

Serra representa outro projeto de Brasil que vem do passado, se reveste de belas palavras e de propostas ilusórias mas que fundamentalmente é neoliberal e não-popular e que se propõe privatizar e debilitar o Estado para permitir a atuação livre do capital privado nacional, articulado com o mundial.


O Brasil já deixou de “estar deitado eternamente em berço esplêndido”. Nos últimos anos, particularmente sob a administração do Presidente Lula, conheceu transformações inéditas em nossa história. Elas se derivaram de um projeto político que decide colocar a nação acima do mercado, que concede centralidade ao social-popular, conseguindo integrar milhões e milhões de pessoas, antes condenadas à exclusão e a morrer antes do tempo. Apesar dos constrangimentos que teve que assumir da macroeconomia neoliberal, não se submeteu aos ditames vindos do FMI, do Banco Mundial e de outras instâncias que comandam o curso da globalização econômica. Abriu um caminho próprio, tão sustentável que enfrentou com sucesso a profunda crise econômico-financeira que dizimou as economias centrais e que devido à escassez crescente de bens e serviços naturais e ao aquecimento global está pondo em xeque a própria reprodução do sistema do capital.

O governo Lula realizou a revolução brasileira no sentido de Caio Prado Jr. no seu clássico A Revolução Brasileira (1966):”Transformações capazes de reestruturarem a vida de um pais de maneira consentânea com suas necessidades mais gerais e profundas, e as aspirações da grande massa de sua população…algo que leve a vida do país por um novo rumo". As transformações ocorreram, as necessidades mais gerais de comer, morar, trabalhar, estudar e ter luz e saúde foram, em grande parte, realizadas. Rasgou-se um novo rumo ao nosso pais, rumo que confere dignidade sempre negada às grandes maiorias. Lula nunca traiu sua promessa de erradicar a fome e de colocar o acento no social. Sua ação foi tão impactante que foi considerado uma das grandes lideranças mundiais.

Esse inestimável legado não pode ser posto em risco. Apesar dos erros e desvios ocorridos durante seu governo, que importa reconhecer, corrigir e punir, as transformações devem ser consolidadas e completadas. Esse é o significado maior da vitória da candidata Dilma que é portadora das qualidades necessárias para esse “fazimento” continuado do novo Brasil.

Para isso é importante derrotar o candidato da oposição José Serra. Ele representa outro projeto de Brasil que vem do passado, se reveste de belas palavras e de propostas ilusórias mas que fundamentalmente é neoliberal e não-popular e que se propõe privatizar e debilitar o Estado para permitir atuação livre do capital privado nacional, articulado com o mundial.

Os ideólogos do PSDB que sustentam Serra consideram como irreversível o processo de globalização pela via do mercado, apesar de estar em crise. Dizem, nele devemos nos inserir, mesmo que seja de forma subalterna. Caso contrário, pensam eles, seremos condenados à irrelevância histórica. Isso aparece claramente quando Serra aborda a política externa. Explicitamente se alinha às potências centrais, imperialistas e militaristas que persistem no uso da violência para resolver os problemas mundiais, ridicularizando o intento do Presidente Lula de fundar uma nova diplomacia baseada no dialogo e na negociação sincera na base do ganha-ganha.

O destino do Brasil, dentro desta opção, está mais pendente das megaforças que controlam o mercado mundial do que das decisões políticas dos brasileiros. A autonomia do Brasil com um projeto próprio de nação, que pode ajudar a humanidade, atribulada por tantos riscos, a encontrar um novo rumo salvador, está totalmente ausente em seu discurso.

Esse projeto neoliberal, triunfante nos 8 anos sob Fernando Henrique Cardoso, realizou feitos importantes, especialmente, na estabilização econômica. Mas fez políticas pobres para os pobre e ricas para os ricos. As políticas sociais não passavam de migalhas. Os portadores do projeto neoliberal são setores ligados ao agronegócio de exportação, as elites econômico-financeiras, modernas no estilo de vida mas conservadores no pensamento, os representantes das multinacionais, sediadas em nosso pais e as forças políticas da modernização tecnológica sem transformações sociais.

Votar em Dilma é garantir as conquistas feitas em favor das grandes maiorias e consolidar um Estado, cuja Presidenta saberá cuidar do povo, pois é da essência do feminino cuidar e proteger a vida em todas as suas formas.

Por Leonardo Boff*

*Leonardo Boff é teólogo e escritor.

Extraído DAQUI

quinta-feira, outubro 21, 2010

A verdadeira "pedrada" que o Serra levou ontem

Olhe aí a verdadeira pedrada que o Serra levou ontem. Fez até cara de "zé ninguém". A campanha baixa que o sujeito faz - denúncias infundadas, factóides, dissimulações dignas de um "judas iscariotes" - não tem surtido o resultado esperado. Toma aí, Zé!

terça-feira, outubro 19, 2010

É preciso derrotar Serra

A candidatura do demotucano José Serra surpreendeu não por sua identificação com as políticas neoliberais, e sim pelo baixo nível de sua campanha.

No início do processo eleitoral deste ano, um conjunto de forças populares e movimentos sociais decidiram empenhar esforços para eleger o maior número possível de parlamentares e governadores identificados com as bandeiras da classe trabalhadora. E, nesse cenário, sobre o pleito presidencial, a unidade se deu em torno da luta para evitar um retrocesso ao país. Ou seja, não permitir a vitória da proposta neoliberal, representada na candidatura do tucano José Serra. Assim, passado o primeiro turno, realizado no dia 3 de outubro, é importante fazer uma avaliação do que significou esse processo. Até porque a expectativa era de vitória da candidata Dilma Rousseff no primeiro turno.

Importantes avanços

São boas as renovações que ocorreram nas assembleias estaduais, na Câmara dos Deputados, no Senado Federal, na eleição e reeleição de governadores progressistas. Nesse sentido, destacamos a vitória do povo gaúcho, que derrotou o mandato tucano de Yeda Crusius. Candidata à reeleição ao governo do Rio Grande do Sul, Yeda se notabilizou no controle da mídia, na criminalização dos movimentos sociais e na repressão à luta dos trabalhadores.

Campanha presidencial

É importante ressaltar que, nesta campanha presidencial, os graves problemas do povo ficaram ausente do processo. Evidenciou-se que a falta de debates em torno de projetos políticos e dos problemas principais que afetam a população brasileira. Assim, a campanha de Dilma Rousseff buscou apenas divulgar o desenvolvimento econômico e as políticas sociais do governo Lula e apoiar-se na popularidade do atual presidente. Com essa estratégia, obteve quase 47% dos votos, mas insuficientes para vencer no primeiro turno.

A candidatura do demotucano José Serra surpreendeu não por sua identificação com as políticas neoliberais, e sim pelo baixo nível de sua campanha. Foi agressivo, tentou interferir em julgamentos do Supremo Tribunal Federal (STF), espalhou mentiras e acusações infundadas. Independente de qualquer outro resultado, a biografia do candidato já é a maior derrotada nessas eleições.

Já as candidaturas identificadas com os partidos de esquerda, que utilizaram o espaço eleitoral para defender os interesses da classe trabalhadora, infelizmente tiveram uma votação baixa.

Outro elemento importante neste atual quadro é o descenso social de duas décadas em nosso país. A fragmentação das organizações da classe trabalhadora e a fragilidade da política de comunicação com a sociedade também influíram no resultado eleitoral.

Assim, as eleições deste ano demonstraram o poder nefasto e antidemocrático da mídia. Mas, por outro lado, potencializaram uma rede de comunicadores independentes, comprometidos com a liberdade de expressão, que enfrentaram o monopólio dos meios de comunicação. São avanços importantes rumo à democratização da informação e pelo controle social sobre meios de comunicação em nosso país.

Segundo turno

No dia 31, o povo brasileiro terá de fazer sua escolha. De um lado, o demotucano José Serra. E, como já dissemos aqui neste espaço, atrás da candidatura Serra estão as forças do capital mais atrasadas e subservientes ao império estadunidense, os grandes bancos, a grande indústria paulista, o latifúndio atrasado de Kátia Abreu e o agronegócio "moderno" do etanol. Seu programa é um só: a volta do mercado, benefícios para as empresas e a repressão para conter as demandas sociais. Seria a prioridade no programa dos PPPs já aplicado em São Paulo: privatizações, pedágios e presídios.

De outro lado, a candidatura de Dilma Rousseff, do Partido dos Trabalhadores (PT). Também como já dissemos, a candidatura Dilma representa continuidade do governo Lula e tem forças sociais entre a burguesia (temerosa da reação das massas), setores da classe média que melhoraram de vida e amplos setores da classe trabalhadora. Praticamente todas as forças populares organizadas têm sua base social apoiando a candidata petista.

Assim, o conjunto das forças populares e movimentos sociais, que mantêm o compromisso de defesa das bandeiras de lutas da classe trabalhadora e da construção de um país democrático, socialmente justo e soberano, defendem a candidatura de Dilma. Mas manterá a autonomia de luta independente do governo eleito.

Infelizmente, os avanços do governo Lula em direção às bandeiras democrático-populares foram insuficientes, em que pese o acerto de sua política externa. Também preocupa constatar que, no arco de alianças da candidatura de Dilma Rousseff, há forças políticas que se contrapõem a essas demandas sociais.

Porém, fica uma certeza: José Serra, por sua campanha, pelo seu governo em São Paulo e pelos oito anos de governo FHC, tornou-se inimigo da classe trabalhadora e das nossas bandeiras de lutas. Pelo caráter anti-democrático e anti-popular dos partidos que compõem sua aliança e por sua personalidade autoritária, uma possível vitória sua significará um retrocesso para os movimentos sociais e populares em nosso país. Além disso, uma eventual vitória do demotucano será um retrocesso para as conquistas democráticas em nosso continente e representará uma maior subordinação aos interesses do império estadunidense.

Evitar o retrocesso

Por isso, frente a esse cenário, as forças populares e os movimentos sociais da Via Campesina declaram seu apoio e compromisso de lutar para eleger a candidata Dilma Rousseff. E o Brasil de Fato soma-se a essas organizações no sentido de derrotar o demotucano Serra e tudo o que sua candidatura representa. Ou seja, é preciso derrotar a candidatura Serra, pois ela representa as forças direitistas e fascistas do país.

Mas alertamos. É importante seguir organizando o povo para que lute por seus direitos e mudanças sociais profundas, mantendo a autonomia frente aos governos.

Fonte: AQUI

sábado, outubro 16, 2010

Porque voto na Dilma


Eu voto Dilma, pelos mais de dois milhões de brasileiros que saíram da pobreza. [mais de 20 milhões] - retificação minha

Pelo Pro Uni e a inclusão de jovens de famílias pobres no ensino universitário.

(...)

... [pelo] milagre do desenvolvimento que está acontecendo no interior do Nordeste.

Voto pela Transnordestina, que vai levar prosperidade por onde passar.

Voto pela descentralização da cultura nesse país, pelo reconhecimento das diferentes manifestações populares de cada região e pela sua promoção através dos pontos de cultura, algo nunca visto nesse país.

Voto Dilma, pela interiorização do ensino universitário, do ensino técnico como nunca foi visto.

Voto Dilma, pela continuação da valorização das regiões e dos seus povos, que sempre serviram de esteio e mão de obra barata para os “desenvolvidos” eleitores de CLODOVIL, TIRIRICA e outras criaturas deste país.

Voto para que esse povo continue a não precisar sair do seu lugar, para ser alguém na vida.

Voto Dilma, pela altivez conquistada diante do resto do mundo.

Voto Dilma, para que meus tataranetos, não nasçam com o pecado original de dever ao FMI.

Voto Dilma, para que mais e mais corruptos, sejam demitidos nesse país, como está acontecendo e nunca é divulgado.

Voto Dilma, para que não mais tenhamos um engavetador geral da república.

Voto Dilma, pelo maior programa de moradia popular e por todos que conseguiram realizar o sonho da casa própria nesses últimos oito anos.

Voto Dilma, pelo Bolsa Família, que é reconhecido pela ONU, como o melhor programa de erradicação da pobreza e da fome no mundo e que para os “desenvolvidos, intelectuais”,antes da eleição, não passava de uma esmola.

Voto Dilma, pelo continuo crescimento da economia do país, dos empregos com carteiras assinadas, do crédito, da produção industrial, e do aumento das riquezas do país, sem que tenha sido preciso entregar nenhum patrimônio da nação.

Voto Dilma, por tantos motivos que temos para nos orgulhar e comemorar, que mesmo depois de tentar relacioná-los, fica a sensação de não ter se lembrado de muita coisa, de tanto que foi feito.

Voto Dilma, pelo BRASIL.

Voto pelo Nordeste.

Voto por Pernambuco

Voto por Garanhuns.

Voto por minha família, para que meus filhos tenham o que aproveitar no futuro.

Extraído DAQUI

quinta-feira, outubro 07, 2010

A hora da estrela, de Clarice de Lispector

“Ela era subterrânea e nunca tinha tido floração. Minto: ela era capim”.
Clarice Lispector

“...sua vida era uma longa meditação sobre o nada”.
Clarice Lispector

Li poucos livros de Clarice Lispector. Talvez dois ou três. Mas foi o suficiente para incuti em mim noção de que ela figura no rol dos grandes escritores da história da literatura universal. Não é exagero. Quem já leu e prestou atenção no texto clariceano sabe do que estou falando. Cada leitura que fazemos de Clarice resulta numa experiência de atordoamento. Clarice não é somente uma escritora de literatura. É uma filósofa. O seu texto possui um interseccionamento com Sartre. Percebo fortes pontos de verossimilhança entre a abordagem existencialista de A Náusea de Sartre e A Paixão Segundo G.H. de Lispector, por exemplo, embora os objetos da narrativa sejam distintos.

O fato é que após ter finalizado a leitura de A hora da estrela, último livro publicado da escritora no de 1977, fiquei com aquela impressão atordoante. É como se eu tivesse saído de um dilúvio. A narrativa é uma revelação da nulidade que é a alma de Macabéa, retirante saída de Alagoas para viver no Rio de Janeiro. Clarice faz uma cirurgia sem anestesia na alma da nordestina. Revela a paisagem interior da personagem vinda de Alagoas e, constatamos, com isso, enormes espaços vazios, sem substância.

Macabéa não existe, apenas vive e o seu viver é uma sucessão de coisa nenhuma. É inocente. Tola. Sem atrativos. É ingênua. Ela era “virgem”. Não fazia “falta a ninguém”. Fisicamente, era indefinida. Era “assexuada”. “Macabéa tinha ovários murchos como um cogumelo cozido” (pp. 58-59). Sua gênese, possivelmente, deve ter sido resultado de uma ideia vaga dos pais famintos. Ela não tinha força de raça, era subproduto. As descrições nuas, pesadamente realistas, vão enchendo as páginas. É como se fôssemos constrangidos a amar a sua inanição, a sua feiúra, sua condição de ser que não é. A personagem situa-se entre o quixotesco e o idiotismo. Mas, apegamo-nos à sua saga e enxergamos nela um arquétipo da alienação de tantos brasileiros e brasileiras que possuem apenas o fôlego de vida.

O nome da obra (“A hora da estrela”) parece construir sentidos de uma grande ironia. Que momento (“hora”) se dá essa epifania (“da estrela”)? Macabéa não possui brilho nenhum. É opaca. Sua vida é andar no escuro. Viver numa cidade como o Rio de Janeiro é ser anônima no meio de uma constelação de astros autônomos e distantes. Seu alheamento a impelia a reflexões disparatadas: Ouvira na Rádio Relógio que havia sete bilhões de pessoas no mundo. Ela se sentia perdida. Mas com a tendência que tinha para ser feliz logo se consolou: havia sete bilhões de pessoas para ajudá-la (p. 58). Assim, talvez o “estrelato” de Macabéa tenha se dado nos minutos finais de sua vida. Após ter ido consultar Madama Carlota, uma vidente, sai da sessão esperançosa. Sua alma jubila. Sua confiança havia recebido um facho roliço de força: Até para atravessar a rua ela já era outra pessoa. Uma pessoa grávida do futuro. Sentia em si uma esperança tão violenta como jamais sentira tamanho desespero (...) Tudo de repente era muito e muito e tão amplo que ela sentiu vontade de chorar. Mas ela não chorou: seus olhos faiscavam como o sol que morria. Então ao dar o passo de descida da calçada para atravessar a rua, o Destino (explosão) sussurrou veloz e guloso: é agora, é já, chegou a minha vez! E enorme como um transatlântico o Mercedes amarelo pegou-a – e neste mesmo instante em algum único lugar do mundo um cavalo como resposta empinou-se em gargalhada de relincho. Macabéa ao cair ainda teve tempo de ver, antes que o carro fugisse, que já começavam a ser cumpridas as predições de madama Carlota, pois o carro era de luxo. Sua queda não era nada, pensou ela, apenas um empurrão. Batera com a cabeça com a cabeça na quina da calçada e ficara caída, a cara mansamente voltada para a sarjeta. E da cabeça um fio de sangue inesperadamente vermelho e rico. O que queria dizer que apesar de tudo ela pertencia a uma resistente raça anã teimosa que um dia vai talvez reivindicar o direito de grito. (pp.79-80).

O atropelamento proporciona a percepção dos transeuntes. De repente, surgem entes de todos os lados – alguns saem dos becos; outros, ao passarem constatam o corpo inerme, a matéria esquálida, caída. A libertação de Macabéa vem com morte. Aos poucos, a morte se aproxima com os seus braços e beiços frios e beija Macabéa. Nesta exata hora Macabéa sente um fundo enjôo de estômago e quase vomitou, queria vomitar o que não é corpo, vomitar algo luminoso. Estrela de mil pontas. (p. 85) Ou seja, o anonimato de uma existência que nada era, nada possuía, era um buraco sem fundo, parece ganhar corpo com a morte. O seu “estrelato” passa por ideia de libertação. A sua vida que era uma caixinha de música desafinada, passa por uma inflexão profunda com a morte.

Percebe-se nesse sentido, que Clarice busca apontar para o fato de que as vidas que não são, adquirem mais importância com a morte. Tantas pessoas padecem da mesma doença, vivem sem saber o que é a vida. São astros sem luz. Estrelas que não possuem energia em si. Nascem para nada ser. Não se indagam. Não aprendem nada. Vivem em um mundo à parte. Há uma cortina que os impossibilita de enxergarem o que é existir, o que é sentir, o que é ser. Indagar a si mesmo é primeiro passo para se enxergar incompleto. Clarice nos abre os olhos da percepção para que entendamos o que é ser. Faz-nos entender que mais que viver é existir. Existir é sentir o gosto, o cheiro, o tato da vida.

Que escritora, meus amigos!

Por Carlos Antônio M. Albuquerque

Data: Domingo, 3 de outubro de 2010, 11:52:30

sábado, outubro 02, 2010

A mídia comercial em guerra contra Lula e Dilma

Amanhã acontecerão as eleições. O texto a seguir de Leonardo Boff explicita de modo contundente como a mídia golpista, representante das velhas oligarquias, manipula o povo, destoando informações, coloca a opinião pública contra Lula e sua candidata Dilma Rousseff. Um excelente texto para quem quiser se esclarecer acerca desse crime perverso, cometido pelos "coronéis da informação".

Sou profundamente a favor da liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o silêncio obsequioso pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o Brasil Nunca Mais onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.

Esta história de vida, me avalisa fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o Presidente Lula e a midia comercial que reclama ser tolhida em sua liberdade. O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de idéias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa. Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta.

Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando vêem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como famiglia mafiosa. São donos privados que pretendem falar para todo Brasil e manter sob tutela a assim chamada opinião pública. São os donos do Estado de São Paulo, da Folha de São Paulo, de O Globo, da revista Veja na qual se instalou a razão cínica e o que há de mais falso e xulo da imprensa brasileira. Estes estão a serviço de um bloco histórico, assentado sobre o capital que sempre explorou o povo e que não aceita um Presidente que vem deste povo. Mais que informar e fornecer material para a discusão pública, pois essa é a missão da imprensa, esta mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição.

Na sua fúria, quais desesperados e inapelavelmente derrotados, seus donos, editorialistas e analistas não têm o mínimo respeito devido à mais alta autoridade do pais, ao Presidente Lula. Nele vêem apenas um peão a ser tratado com o chicote da palavra que humilha.

Mas há um fato que eles não conseguem digerir em seu estômago elitista. Custa-lhes aceitar que um operário, nordestino, sobrevivente da grande tribulação dos filhos da pobreza, chegasse a ser Presidente. Este lugar, a Presidência, assim pensam, cabe a eles, os ilustrados, os articulados com o mundo, embora não consigam se livrar do complexo de vira-latas, pois se sentem meramente menores e associados ao grande jogo mundial. Para eles, o lugar do peão é na fábrica produzindo.

Como o mostrou o grande historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma) "a maioria dominante, conservadora ou liberal, foi sempre alienada, antiprogresssita, antinacional e nãocontemporânea. A liderança nunca se reconciliou com o povo. Nunca viu nele uma criatura de Deus, nunca o reconheceu, pois gostaria que ele fosse o que não é. Nunca viu suas virtudes nem admirou seus serviços ao país, chamou-o de tudo, Jeca Tatu, negou seus direitos, arrasou sua vida e logo que o viu crescer ela lhe negou, pouco a pouco, sua aprovação, conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que contiua achando que lhe pertence" (p.16).

Pois esse é o sentido da guerra que movem contra Lula. É uma guerra contra os pobres que estão se libertando. Eles não temem o pobre submisso. Eles tem pavor do pobre que pensa, que fala, que progride e que faz uma trajetória ascedente como Lula. Trata-se, como se depreende, de uma questão de classe. Os de baixo devem ficar em baixo. Ocorre que alguém de baixo chegou lá em cima. Tornou-se o Presidene de todos os brasileiros. Isso para eles é simplesmente intolerável.

Os donos e seus aliados ideológicos perderam o pulso da história. Não se deram conta de que o Brasil mudou. Surgiram redes de movimentos sociais organizados de onde vem Lula e tantas outras lideranças. Não há mais lugar para coroneis e de fazedores de cabeça do povo. Quando Lula afirmou que a opinião pública somos nós, frase tão distorcida por essa midia raivosa, quis enfatizar que o povo organizado e consciente arrebatou a pretensão da midia comercial de ser a formadora e a porta-voz exclusiva da opinião pública. Ela tem que renunciar à ditadura da palavra escrita, falada e televisionada e disputar com outras fontes de informação e de opinião.

O povo cansado de ser governado pelas classes dominantes resolveu votar em si mesmo. Votou em Lula como o seu representante. Uma vez no Governo, operou uma revolução conceptual, inaceitável para elas. O Estado não se fez inimigo do povo, mas o indutor de mudanças profundas que beneficiaram mais de 30 milhões de brasileiros. De miseráveis se fizeram pobres laboriosos, de pobres laboriosos se fizeram classe média baixa e de classe média baixa de fizeram classe média. Começaram a comer, a ter luz em casa, a poder mandar seus filhos para a escola, a ganhar mais salário, em fim, a melhorar de vida.

Outro conceito innovador foi o desenvolvimento com inclusão soicial e distribuição de renda. Antes havia apenas desenvolvimento/crescimento que beneficiava aos já beneficiados à custa das massas destituidas e com salários de fome. Agora ocorreu visível mobilização de classes, gerando satisfação das grandes maiorias e a esperança que tudo ainda pode ficar melhor. Concedemos que no Governo atual há um déficit de consciência e de práticas ecológicas. Mas importa reconhecer que Lula foi fiel à sua promessa de fazer amplas políticas públicas na direção dos mais marginalizados.

O que a grande maioria almeja é manter a continuidade deste processo de melhora e de mudança. Ora, esta continuidade é perigosa para a mídia comercial que assiste, assustada, o fortalecimento da soberania popular que se torna crítica, não mais manipulável e com vontade de ser ator dessa nova história democrática do Brasil. Vai ser uma democracia cada vez mais participativa e não apenas delegatícia. Esta abria amplo espaço à corrupção das elites e dava preponderância aos interesses das classes opulentas e ao seu braço ideológico que é a mídia comercial. A democracia participativa escuta os movimentos sociais, faz do Movimento dos Sem Terra (MST), odiado especialmente pela VEJA faz questão de não ver, protagonista de mudanças sociais não somente com referência à terra mas também ao modelo econômico e às formas cooperativas de produção.

O que está em jogo neste enfrentamento entre a midia comercial e Lula/Dilma é a questão: que Brasil queremos? Aquele injusto, neocoloncial, neoglobalizado e no fundo, retrógrado e velhista ou o Brasil novo com sujeitos históricos novos, antes sempre mantidos à margem e agora despontando com energias novas para construir um Brasil que ainda nunca tínhamos visto antes.

Esse Brasil é combatido na pessoa do Presidente Lula e da candidata Dilma. Mas estes representam o que deve ser. E o que deve ser tem força. Irão triunfar a despeito das má vontade deste setor endurecido da midia comercial e empresarial. A vitória de Dilma dará solidez a este caminho novo ansiado e construido com suor e sangue por tantas gerações de brasileiros.

Por Leonardo Boff*

*teólogo, filósofo, escritor e representante da Iniciativa Internacional da Carta da Terra.

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