quarta-feira, março 26, 2014

Uma resposta brilhante!

O esloveno Slavoj Sizek é um dos grandes críticos, polemistas, entusiastas do marxismo, "desferidor" de golpes nos mais variados exageros, contradições e paradoxos da sociedade do nosso tempo. Hoje, li uma entrevista dele, publicada na edição de janeiro da Revista Cult. Na verdade, trata-se de uma edição especial com as mais celebradas e relevantes entrevistas realizadas pela revista. Há nomes como José Saramago, Patativa do Assaré, Lars Von Trier, Marilena Chauí, Lévi-Strauss, Zygmunt Bauman, Chomsky, entre outros.

Uma das perguntas feitas pela jornalista ao grande filósofo me chamou a atenção pelo fato de ser uma daquelas perguntas que são realizadas com o objetivo claro de gerar polêmicas; levantar a poeira dos fatos a fim de que, no outro dia, a manchete venha ao mundo com letras garrafais: "Famoso filósofo fala isso e isso do político tal". É uma faceta pobre e de um malcaratismo infame de certo tipo de jornalismo. E isso me faz lembrar uma afirmação de Chesterton: "o jornalismo é hoje gerido como qualquer outro negócio". 

O sensacional nisso tudo foi a resposta de Zizek, demonstrando a sua lucidez enciclopédica e a sua capacidade de fazer conexões brilhantes. Eis a pergunta da jornalista e a resposta de Zizek: 

Jornalista - Quando surgiram suspeitas sobre o enriquecimento do atual ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, a presidente Dilma Rousseff foi criticada por não comentar o assunto. Como podemos ler essa manifestação da negação?

Zizek - Há situações em que a única atitude é não dar opinião. Não conheço esse caso específico. Se dar uma opinião é aceitar toda maneira como problema é colocado, o melhor é não dar opinião. Não tenho nada contra a punição. Mas a corrupção individual não me interessa tanto como a questão geral, por exemplo: "Como foi possível que tal pessoa fosse corrupta?" Gosto das variações daquela frase brechtiana: " O que é um roubo a banco comparado com a fundação de um banco?" A mídia burguesa gosta desse tipo de escândalo porque reafirma o sistema.

domingo, março 23, 2014

Uma triste notícia!

Comentários feitos a um acontecimento triste que se deu este final de semana:

(1) Que coisa terrível é perceber brasileiros apoiando esse tipo de iniciativa. Surgem, imediatamente, dois pensamentos: (1) de medo por perceber que vivemos um período extremamente perigoso de volta ao fascismo; (2) de embasbacamento por perceber o nível de ignorância que acomete o nosso país. Somente defende a volta da Ditadura, quem não viveu lá e não sabe o que é viver em um regime totalitário, em que se tem as liberdades e a capacidade de reflexão aviltadas. É triste testemunhar essas manifestações caricatas como as que se deram este final de semana em todo o Brasil.

(2) O "fascismo à brasileira", dessa onda neoconservadora, é resultado do patriarcalismo meritocrático português, semeado em nosso psiquismo pela história. Temos uma forte tendência psicológica a "demonizar" tudo aquilo que seja de "esquerda" pelo fato de termos sido condicionados a achar que o opressor é "bonzinho". Tivemos os governadores gerais, os senhores de engenho, os barões, os coronéis, os generais, ou seja, a nossa história sempre foi marcada pelo mando e pela violência. Não me espanta que esses movimentos tentem resgatar esse fantasma. Faz parte do nosso psiquismo subserviente. A força do opressor é forte dentro de nós, os oprimidos. O Brasil nunca teve movimentos de rupturas. As chamadas insurreições ou revoltas foram duramente massacradas e marginalizadas pelo Estado - vide Canudos, por exemplo; e a noção eclipsada que os brasileiros possuem dos movimentos sociais - Marcha dos Sem Terra é outro exemplo - é sempre negativa. É claro que os herdeiros desse patriarcalismo castrante e criminoso se utilizam disso para inventar factoides. Apenas uma pergunta: quando nos livraremos dessa desgraça, desse ovo de serpente que nos envenena?

Notícia AQUI

sábado, março 22, 2014

Padre Cícero e Lampião, dois ícones da cultura brasileira

Assisti com grande entusiasmo ao programa Almanaque, da Globo News, sobre a relação de Padre Cícero, figura tão iconográfica do Nordeste e do Brasil do século XX e Lampião, outro nome vinculado às grandes figuras do banditismo social, como atestou Eric Hobsbawn, em seu excelente Bandidos. Existe um interesse profundo em mim de conhecer de forma mais detalhada as histórias dessas duas emblemáticas figuras da cultura brasileira e que se tornaram em lendas com requintes folclóricos.

Por ser nordestino, cresci com a figura do Padre Cícero ligada a mim. Minha avó por parte de pai, por exemplo, possuía uma imagem do beato. Quando criança, ao ir à casa de algumas pessoas, ainda em Pernambuco, avistava o quadro com a foto do "Padim Ciço", como é chamado pelo sertanejo. Padre Cícero se tornou uma figura poderosa, tanto do ponto de vista religioso quanto do político. Fico a imaginar comigo que, se ainda hoje uma multidão de romeiros afluem de todos os cantos do Nordeste e do Brasil para visitar Juazeiro do Norte, no sul do Ceará, reduto do religioso, imagine como era isso no início do século XX! O padre conseguiu uma fama de milagreiro em decorrência de supostos acontecimentos extraordinários. No início de janeiro, quando fui à casa de minha avó por parte de mãe, vi que ela tinha a sua imagem do velho padre. O ano passado ela foi em romaria com outras pessoas do lugar onde mora, Zona da Mata de Pernambuco, mesmo estando a mais de oitocentos quilômetros de distância, a Juazeiro do Norte. 

A força religiosa fez com que Padre Cícero conseguisse influência política. Chegou a ser tornar deputado federal. Essa mancebia da religião com a política o tornou em patriarca do Vale do Cariri. Em 1926, Lampião foi a Juazeiro visitar o poderoso beato. E aqui ligamos o cangaço à religião, posto que mesmo exercendo uma vida marginal, os cangaceiros possuíam uma devoção incomum. Lampião era devoto do Padim. O fato é que Lampião visitou Padre Cícero, procurando a bênção do velho beato. Imaginemos isso: Lampião era o grande flagelo, a figura mítica por excelência que levava medo e um senso de justiça por onde passava. Mas mesmo assim, dobrou-se à figura do velho padre. Lampião acaba saindo de lá com o título de "capitão", o que o torna ainda mais em uma figura mítica. Ou seja, dali para frente ele passou a ser conhecido como Capitão Virgulino Ferreira da Silva. 

Luis Carlos Prestes havia iniciado a sua grande marcha pelo país. Era uma marcha que buscava fazer o Brasil "desabrochar". Tão grande empreendimento em um país proporcionou mais o surgimento de lendas do que mudanças efetivas no mundo material. As forças federais temiam a Coluna. Arthur Bernardes não tinha um governo fácil. E aqui entra a figura de Padre Cícero Romão Batista, que conseguiu juntar o bando de Lampião às forças do Estado para combater a Coluna de Prestes. Está aí algo muito, muito emblemático e que faz engrandecer os poderes do padre.

Há alguns dias comprei o extraordinário livro "Milagre em Joaseiro", de Ralph Della Cava, o famoso e renomado texto do brasilianista americano. O livro é um baita estudo, uma referência necessária à vida de Padim Ciço. Pretendo lê-lo futuramente. Outra importante fonte de estudos são os livros do pernambucano citado no programa abaixo - Frederico Pernambucano de Melo.

 

quinta-feira, março 20, 2014

Mais um livro de José Lins do Rego - "Pureza"

Mais uma vez, com grande entusiasmo, terminei um livro de José Lins do Rego. É um vício ler a prosa do escritor paraibano. Sua forma peculiar, sempre instigando, sempre provocando o leitor a continuar por horas a fio até concluir o texto de linguagem simples - às vezes descuidada -, repleto de idiossincrasias típicas do homem nordestino, é grande empreendimento. Seu ciclo da cana-de-açúcar é um dos mais belos panoramas da literatura brasileira. É necessário lê-lo para compreender um pouco mais o nosso país de história tão povoada por mandos e desmandos; pela ganância "dos grandes" e resignação débil "dos pequenos". 

José Lins não era um escritor complexo, capaz de criar enredos cujo tecido fosse repleto por camadas grossas. Com isso, não quero dizer que sua obra seja pequena - pelo contrário. A argamassa para construção de sua obra era tirada da memória, das vivências, daquilo que ouviu, sentiu. Das relações que teve no Engenho do Pilar. Da observação dos moleques do eito. Da gente pobre que se arrastava no corte de cana; na plantação da lavoura; nas crendices e superstições que serviam para aliviar as dores da materialidade. Aquilo que não se vivia desse lado da vida, era esperado no outro lado, em outra existência por pessoas simples. Estou apenas a dizer que ele conseguiu desenhar um belíssimo quadro ficcional a partir de sua memória. E com isso, legou-nos um tratado sociológico e histórico de uma das mais importantes regiões brasileiras - o Nordeste.

Mas o fato é que agora, eu acabei saindo do cenário dos canaviais, do cangaço e da religiosidade, como pode ser atestado em romances como Usina, Cangaceiros e Pedra Bonita. Li o rápido, mas lancinante Pureza. O livro foi escrito em 1937, logo após o último livro do ciclo da cana-de-açúcar - Usina. Ao concluir o ciclo restou uma curiosidade aos admiradores de sua prosa. O mundo literário assistiu a um dilema. O que sairia como matéria literária, já que o escritor escrevera cinco livros, com exceção de O moleque Ricardo, que possui a preocupação de um espaço urbano, mas sem deixar de lado as reminiscências do engenho, sobre o mesmo tema - os engenhos de açúcar.

Com Pureza José Lins demonstra a sua habilidade para contar uma história. Para amarrar a narrativa, demonstrando a capacidade de dar nós a fim de tornar tudo muito justo, certo, como em todos os romances anteriores a Pureza. Enquanto nos cinco primeiros livros, José Lins havia se preocupado em narrar a paisagem exterior dos engenhos, em Pureza, o mergulho é psicológico. O livro foi publicado bem próximo a Angústia, de Graciliano Ramos, que fora publicado um ano antes. Zé Lins deve ter estabelecido um contato com a história de Luis da Silva, personagem principal da obra de Graciliano. Os dois personagens são tipos fracos. Vivem à sombra de algo. A vontade para algo é sempre detida pela irresolução e pela covardia. A diferença se estabelece no modo de contar cada uma das histórias. Graciliano cria um espaço sufocante, asfixiante, onde podemos ouvir os ecos vindos dos grandes escritores russos, principalmente Dostoiévski; já Zé Lins busca criar um espaço mais bucólico, cuja natureza bela, de ventos pródigos, de rios marulhosos, é contrastada pelo atraso do lugar e pelo aspecto imoral de viver da personagem principal. Pureza é um idílio, mas a relação da personagem é de parasita de duas jovens, Margarida e Maria Paula. Lourenço de Melo nos faz lembrar do Carlos de Melo de Bangue. Amazia-se primeiramente com Margarida, depois fica com a irmã Maria Paula, mas não possuia força moral para assumi-la. Queria apenas desfrutá-la fisicamente. Beber da seiva que o corpo de Maria Paula era capaz de produzir. 

Agora, faltam apenas três romances para eu completar a leitura de sua obra - Água-mãe, Eurídice e Riacho Doce. Sigamos.


domingo, março 16, 2014

O povo brasileiro: um povo místico e religioso

Excelente reflexão de Leonardo Boff sobre a religiosidade brasileira. Não sei até que ponto essa religiosidade, aludida por ele no texto, nos ajuda ou nos atrapalha. A questão é que ao longo de nossa história, construímos a compreensão da realidade, ligando-a ao sentido da fé. Está em nossa formação antropológica e psicológica. Desvencilhar-se dessas compreensões requer bastante autonomia intelectual. Por isso, não criminalizo aqueles que creem ou deixam de crer. Fé é uma questão de compreensão e prática pessoal. O que não concordo em matéria de fé é o dogmatismo costumeiro dos religiosos, de inserir em sua compreensão uma espécie de explicação cosmológica, como se d(D)eus, o sentido último daquilo que ele crê, relegasse tudo que existe a uma categoria subalterna. Diante da visão do religioso, tudo se torna pequeno e mau, se não se harmoniza àquilo que ele crê. 

Mas o texto do Leonardo nos faz lembrar a importância que tem a religiosidade para o povo brasileiro. E como essa religiosidade explica tantos dos nossos dilemas. Fomos catequizados de forma eficaz pelos padres jesuítas. Eis aí um dilema com a qual temos que conviver. Afinal, até hoje, não conseguimos desvencilhar o religioso do coletivo, por exemplo, nas relações do Estado com a sociedade. O laicismo ainda é uma aspiração para muitos setores progressistas. Outra questão são temas tidos por polêmicos como o aborto e as relações homoafetivas. Se não fosse os setores conservadores e religiosos - leia-se bancada católica e evangélica - o debate sobre esses temas já teria avançado. É inegável!

O povo brasileiro: um povo místico e religioso


O povo brasileiro é espritual e místico goste ou não goste a intelectualidade secularizada,em geral, sem ou com tênue organicidade com os movimentos populares e sociais.
O povo não passou pela escola dos modernos mestres da suspeita que, em vão, tentaram desligitimar a religião. Para o povo, Deus não é um problema mas uma solução de seus problemas e o sentido derradeiro de seu viver e de seu morrer. Ele sente Deus acompanhando seus  passos, celebra-o nas expressões do cotidiano como “meu Deus”, “graças a Deus”, “Deus lhe pague”, “Deus o acompanhe”, “queira Deus” e “Deus o abençôe”. Geralmente muitos ao desligar o telefone se despedem com “fique com Deus”. Se nao tivesse Deus em sua vida, certamente, não teria resistido com tanta fortaleza, humor e sentido de luta  aos séculos de ostracismo social.
O cristianismo ajudou a formar a identidade dos brasileiros. No tempo da Colônia e do Império ele entrou pela via da missão (igreja institucional) e da devoção aos santos e santas (cristianismo popular). Modernamente está entrando pela vida da libertação (círculos bíblicos, comunidades de base e pastorais sociais) e pelo carismatismo (encontros de oração e de cura, grandes shows-celebrações dos padres mediáticos).     Fundamentalmente o cristianismo colonial e imperial educou as classes senhoriais sem questionar-lhes o projeto de dominação e domesticou as classes populares para se ajustarem ao lugar que lhes cabia na marginalidade. Por isso a função do cristianismo foi extremamente ambigua mas sempre funcional ao status quo desigual e injusto. Raramente foi profético. No caso da escravidão foi francamente legitimador de uma ordem iniqua.
Somente a partir dos anos 50 do século passado, setores importantes de sua institucionalidade (bispos, padres e religiosos e religiosas, leigos e leigas) começaram um processo de deslocamento de seu lugar social  no centro, rumo à periferia onde o povo pobre vivia. Surgiu o discurso da promoção humana integral e da libertação sócio-histórica cuja centralidade é ocupada pelos oprimidos que já não aceitam mais sua condição de oprimidos. Pelo fato de serem simultaneamente pobres e religiosos, tiraram de sua religião as inspirações para a resistência e para a libertação rumo a uma sociedade com mais participação popular e mais justiça. Emerge um cristianismo novo, profético, libertador  e comprometido com as mudanças necessárias.
Mas a maior criação cultural feita no Brasil é representada pelo cristiansimo popular. Colocados à margem do sistema político e religioso, os pobres, indígenas e negros deram corpo a sua experiência espiritual no código da cultura popular que se rege mais pela lógica do inconsciente e do emocional do que do racional e do doutrinário. Elaboraram assim uma rica simbologia, as festas aos seus santos e santas fortes, uma arte colorida e uma música carregada de sentimento associada à noble tristesse. Ele não significa decadência do cristianismo oficial, mas uma forma diferente, popular e sincrética de expressar o essencial da mensagem cristã.
As religiões afrobrasileiras, o  sincretismo urdido de elementos cristãos, afro-brasileiros e indígenas, representam outra criação relevante da cultura popular. Abstraindo de algum fundamentalismo evangélico, o povo em geral não é dogmático, nem obsecado em suas crenças. É tolerante, pois crê que Deus está em todos e todos os caminhos terminam nele. Por isso é multiconfessional e não se envergonha de ter várias pertenças religiosas. A síntese é feita dentro de seu coração em sua espiritualidade profunda.  A partir daí compõe o rico tecido religioso. O antropólogo Roberto da Matta o exprimiu acertadamente: “No caminho para Deus posso juntar muita coisa. Nele, posso ser católico e umbandista, devoto de Ogum e de São Jorge. A linguagem religiosa de nosso pais é, pois, uma linguagem de relação e da ligação. Um idioma que busca o meio-termo, o meio caminho, a possibilidade de salvar todo o mundo e de em todos os locais encontrar alguma coisa boa e digna”( O que faz o brasil Brasil, Rocco, Rio de Janeiro 1984,117).
Especialmente importante é a contribuição civilizatória trazida pelas religiões afro (nagô, camdonblé, macumba, umbanda e outras) que aqui a partir de suas próprias matrizes africanas elaboraram rico sincretismo. Cada ser humano pode ser um incorporador eventual da divindade em benefício dos outros. Negados socialmente, desprezados politicamente, perseguidos religiosamente, as religiões afro-brasileiras devolveram auto-estima à população negra, ao afirmar que os orixás africanos os enviaram a estas terras para ajudar os necessitados e para impregnar de axé (energia cósmica e sagrada) os ares do Brasil. Apesar de escravos cumpriam uma missão transcendente e de grande signficação histórica.
Foram os negros e os indígenas que conferiram e conferem uma marca mística à alma brasileira. Todos se sabem acompanhados pelos santos e santas fortes, pelos orixás,p pelo Preto Velho (umbanda) e pela mão providente de Deus que não deixa que tudo se perca e se frustre definitivamente. Para tudo há jeito e existe uma saída benfazeja. Por isso há leveza, humor, sentido de festa em todas as manifestações populares.
O futuro religioso do Brasil não será, provavelmente, o seu passado católico. Será, possivelmente, a criação sincrética original de uma nova espiritualidade ecumênica que conviverá com as diferenças (a tradição evangélica em ascenso, o pentecostalismo,o kardecismo e outras religiões orientais) mas na unidade da mesma percepção do Divino e do Sagrado que impregna o cosmos, a história humana e a vida de cada pessoa.

quinta-feira, março 06, 2014

Para ouvir Ad Infinitum

Daquelas músicas que grudam na superfície de sua mente e derrama uma dose venenosa de vício com humores piscodelicamente melancólicos.