Semana passada,
li um excelente comentário do professor Luis Felipe Miguel em sua página do Facebook sobre o pendor para a perversão de Jair Bolsonaro. O mestre da Univerdade de Brasília apontava para os aspectos atrozes mais que conhecidos do bolsonarismo
e do seu líder. O fator Bolsonaro tem feito cientistas políticos, sociólogos, psicólogos
- e todos aqueles que desejem entender o que aconteceu com a sociedade brasileira –
estudarem o que leva pessoas comuns – pais de família, pessoas comuns e outros
nacos sociais graúdos - a se vincularem a um movimento – aquilo que se
convencionou chamar de bolsonarismo - que possui um pacote ético
declaradamente nocivo à humanidade e ao Planeta.
Bolsonaro é daquelas
pessoas que possui uma força de atração para piorar o seu semelhante. Não há
virtudes; apenas o impulso para a delinquência. Que o sujeito que ocupou presidência do país por quatro anos seja
assim, não é de se assustar. Ao longo da história, já houve inúmeros indivíduos
cuja mesquinhez e a orientação para maldade eram visíveis. O que estarrece, na
verdade, é a força de atração que esses sujeitos possuem. Como alguém em sã
consciência pode ser arrastado para seguir as pautas tóxicas de um movimento que visa piorar a sociedade em que se vive?
Bolsonaro e o bolsonarismo são indefensáveis. Ao se propor tal reflexão, não
estamos aqui realizando a defesa deste ou daquele candidato. O que está em
jogo é a orientação para maldade de um sujeito que sempre se utilizou de uma
retórica favorável ao ódio e à morte.
Após quatro anos
de um dos piores governos da história, Bolsonaro quase foi reeleito com 58
milhões de votos. Esse número espanta. Assusta saber que a população brasileira
deu mais votos a eles do que ele teve em sua eleição em 2018. Curiosamente, todas
as pessoas que se aproximam de Bolsonaro – ou do bolsonarismo – tornaram-se
pessoas mais intolerantes e obtusas. Penso que o bolsonarismo já existia antes
de Bolsonaro. O que se chama de “bolsonarismo” hoje é o resultado de um miasma
pútrido do cadáver da violência e da intolerância de nossa história. O Brasil é
um país que nunca privilegiou os direitos humanos. Nunca houve uma defesa das
minorias e dos marginalizados. O Estado brasileiro e suas instituições sempre
foram violentos. Some-se a isso a má formação educacional. A ignorância
histórica e os níveis baixíssimos de cultura geral. O “homo bolsonaricus” é o
resultado dessa fórmula terrível.
Segue o
comentário do professor Luis Felipe Miguel:
Leio na imprensa que não foram só as carpas. Bolsonaro também matou as
emas, dando a elas alimentação inadequada.
É impossível não pensar em Bolsonaro como uma encarnação do mal. Todos
os seus afetos são egoístas e destrutivos. É incapaz de empatia, não há
registro de um único gesto de solidariedade. Por onde passa, deixa um rastro de
devastação.
Alguém que debocha das pessoas que ele mesmo está deixando morrer por
falta de oxigênio. Basta isso para descrevê-lo.
Os filósofos discutem se o mal existe. Bolsonaro é um forte argumento a
favor.
E o que dizer de dezenas de milhões de pessoas que o viram tal como ele
é, porque ele nunca disfarçou (ou então disfarçava sem qualquer empenho), e
votaram nele?
Gente que vê um vilão de desenho animado e pensa: “Opa, esse pode ser
nosso presidente!”
Sim, o processo de formação das preferências políticas é complexo, ainda
mais num ambiente tão saturado de desinformação e de manipulação. Mas não tem
antipetismo ou teoria da conspiração que justifique a opção por algo tão
aberrante.
Penso que Bolsonaro apela para o que há de ruim em todos nós. Como se
demonstrasse que é possível nos livrarmos do fardo do respeito pelo outro, da
compaixão, da reciprocidade, da generosidade, para chafurdar no egoísmo mais
descarado e mais mesquinho.
É isso é tão atraente para tanta gente, desperta tanta identidade, que
estão dispostos a entronizar alguém que represente esse ideal.
Cada voto em Bolsonaro, cada apoio que ele mantém, é um tapa na cara da
nossa fé na humanidade.
Leio na imprensa que não foram só as carpas. Bolsonaro também matou as
emas, dando a elas alimentação inadequada.
É impossível não pensar em Bolsonaro como uma encarnação do mal. Todos
os seus afetos são egoístas e destrutivos. É incapaz de empatia, não há
registro de um único gesto de solidariedade. Por onde passa, deixa um rastro de
devastação.
Alguém que debocha das pessoas que ele mesmo está deixando morrer por
falta de oxigênio. Basta isso para descrevê-lo.
Os filósofos discutem se o mal existe. Bolsonaro é um forte argumento a
favor.
E o que dizer de dezenas de milhões de pessoas que o viram tal como ele
é, porque ele nunca disfarçou (ou então disfarçava sem qualquer empenho), e
votaram nele?
Gente que vê um vilão de desenho animado e pensa: “Opa, esse pode ser
nosso presidente!”
Sim, o processo de formação das preferências políticas é complexo, ainda
mais num ambiente tão saturado de desinformação e de manipulação. Mas não tem
antipetismo ou teoria da conspiração que justifique a opção por algo tão
aberrante.
Penso que Bolsonaro apela para o que há de ruim em todos nós. Como se
demonstrasse que é possível nos livrarmos do fardo do respeito pelo outro, da
compaixão, da reciprocidade, da generosidade, para chafurdar no egoísmo mais
descarado e mais mesquinho.
É isso é tão atraente para tanta gente, desperta tanta identidade, que
estão dispostos a entronizar alguém que represente esse ideal.
Cada voto em Bolsonaro, cada apoio que ele mantém, é um tapa na cara da
nossa fé na humanidade.