quarta-feira, fevereiro 08, 2023

Heráclito - nada permanece

 


                Heráclito de Éfeso é o pensador que cunhou a noção de um movimento incessante em todas as coisas. É atribuído a ele o termo “panta rei” (“tudo flui”), embora essa expressão não seja encontrada nos fragmentos deixados por ele.

                O filósofo teria identificado – em oposição a Parmênides – uma “buliçosa” atividade dos elementos que estruturam a realidade e o cosmos. Nada permanece. Tudo é grande ou faz parte de um grande fluxo. Enquanto para Parmênides a realidade é o ser – e o ser é -, Heráclito estabelece um importante fundamento sobre todas as coisas – a dialética é o elemento central da vida.

                Sofre quem espera que tudo permaneça como pensava Parmênides. Não se está a insinuar que o pensamento de Parmênides conduza à infelicidade. O que se afirma é que, quando se espera que algo permaneça para sempre, o resultado é o sofrimento. Bom seria que as pessoas as quais amamos não morressem, que elas permanecessem ao nosso lado para sempre; que o amor nunca acabasse; que a morte nunca chegasse; que a alegria fosse eterna.

                A noção de Deus para o filósofo também era bastante diferente. Deus não é o criador. Não é o ser capaz de fazer todas as coisas. Não é imanente. Não interfere na vida dos homens. Deus é o fogo que se mistura em pares antagônicos – dia/noite; luz/escuridão; verão/inverno; belo/feio; guerra/paz. O elemento constitutivo da realidade é a contradição. É preciso está preparado para essa oposição.

                O rio que ondula os seus movimentos, não o faz da mesma forma. O rio muda e impele o movimento em todos os momentos do seu curso. A água muda; assume formas variadas incessantemente. Sendo assim, ninguém pode banhar nas mesmas águas duas vezes.

                Todo encontro é desencontro. Todo amor é desamor. Todo nascimento é também morte. Toda chegada é também partida. Todo abraço é também separação. A oposição ao som é o silêncio; mas a oposição ao silêncio é o som. A oposição à ausência é a presença. Resta o instante. Fica o lapso temporal entre aquilo que foi e aquilo que está vindo a ser.

                Para Heráclito o tempo (aion) é o elemento buliçoso que cria o novo. O tempo brinca. É a criança traquinas. É caprichoso. Construtor de eventos. Responsável pelo movimento das águas do rio.

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