segunda-feira, fevereiro 13, 2023

O "homo bolsonaricus" e um comentário do professor Luis Felipe Miguel


Semana passada, li um excelente comentário do professor Luis Felipe Miguel em sua página do Facebook sobre o pendor para a perversão de Jair Bolsonaro. O mestre da Univerdade de Brasília apontava para os aspectos atrozes mais que conhecidos do bolsonarismo e do seu líder. O fator Bolsonaro tem feito cientistas políticos, sociólogos, psicólogos - e todos aqueles que desejem entender o que aconteceu com a sociedade brasileira – estudarem o que leva pessoas comuns – pais de família, pessoas comuns e outros nacos sociais graúdos - a se vincularem a um movimento – aquilo que se convencionou chamar de bolsonarismo - que possui um pacote ético declaradamente nocivo à humanidade e ao Planeta. 

Bolsonaro é daquelas pessoas que possui uma força de atração para piorar o seu semelhante. Não há virtudes; apenas o impulso para a delinquência. Que o sujeito que ocupou presidência do país por quatro anos seja assim, não é de se assustar. Ao longo da história, já houve inúmeros indivíduos cuja mesquinhez e a orientação para maldade eram visíveis. O que estarrece, na verdade, é a força de atração que esses sujeitos possuem. Como alguém em sã consciência pode ser arrastado para seguir as pautas tóxicas de um movimento que visa piorar a sociedade em que se vive? Bolsonaro e o bolsonarismo são indefensáveis. Ao se propor tal reflexão, não estamos aqui realizando a defesa deste ou daquele candidato. O que está em jogo é a orientação para maldade de um sujeito que sempre se utilizou de uma retórica favorável ao ódio e à morte.

Após quatro anos de um dos piores governos da história, Bolsonaro quase foi reeleito com 58 milhões de votos. Esse número espanta. Assusta saber que a população brasileira deu mais votos a eles do que ele teve em sua eleição em 2018. Curiosamente, todas as pessoas que se aproximam de Bolsonaro – ou do bolsonarismo – tornaram-se pessoas mais intolerantes e obtusas. Penso que o bolsonarismo já existia antes de Bolsonaro. O que se chama de “bolsonarismo” hoje é o resultado de um miasma pútrido do cadáver da violência e da intolerância de nossa história. O Brasil é um país que nunca privilegiou os direitos humanos. Nunca houve uma defesa das minorias e dos marginalizados. O Estado brasileiro e suas instituições sempre foram violentos. Some-se a isso a má formação educacional. A ignorância histórica e os níveis baixíssimos de cultura geral. O “homo bolsonaricus” é o resultado dessa fórmula terrível.

Segue o comentário do professor Luis Felipe Miguel:

Leio na imprensa que não foram só as carpas. Bolsonaro também matou as emas, dando a elas alimentação inadequada.

É impossível não pensar em Bolsonaro como uma encarnação do mal. Todos os seus afetos são egoístas e destrutivos. É incapaz de empatia, não há registro de um único gesto de solidariedade. Por onde passa, deixa um rastro de devastação.

Alguém que debocha das pessoas que ele mesmo está deixando morrer por falta de oxigênio. Basta isso para descrevê-lo.

Os filósofos discutem se o mal existe. Bolsonaro é um forte argumento a favor.

E o que dizer de dezenas de milhões de pessoas que o viram tal como ele é, porque ele nunca disfarçou (ou então disfarçava sem qualquer empenho), e votaram nele?

Gente que vê um vilão de desenho animado e pensa: “Opa, esse pode ser nosso presidente!”

Sim, o processo de formação das preferências políticas é complexo, ainda mais num ambiente tão saturado de desinformação e de manipulação. Mas não tem antipetismo ou teoria da conspiração que justifique a opção por algo tão aberrante.

Penso que Bolsonaro apela para o que há de ruim em todos nós. Como se demonstrasse que é possível nos livrarmos do fardo do respeito pelo outro, da compaixão, da reciprocidade, da generosidade, para chafurdar no egoísmo mais descarado e mais mesquinho.

É isso é tão atraente para tanta gente, desperta tanta identidade, que estão dispostos a entronizar alguém que represente esse ideal.

Cada voto em Bolsonaro, cada apoio que ele mantém, é um tapa na cara da nossa fé na humanidade.

Leio na imprensa que não foram só as carpas. Bolsonaro também matou as emas, dando a elas alimentação inadequada.

É impossível não pensar em Bolsonaro como uma encarnação do mal. Todos os seus afetos são egoístas e destrutivos. É incapaz de empatia, não há registro de um único gesto de solidariedade. Por onde passa, deixa um rastro de devastação.

Alguém que debocha das pessoas que ele mesmo está deixando morrer por falta de oxigênio. Basta isso para descrevê-lo.

Os filósofos discutem se o mal existe. Bolsonaro é um forte argumento a favor.

E o que dizer de dezenas de milhões de pessoas que o viram tal como ele é, porque ele nunca disfarçou (ou então disfarçava sem qualquer empenho), e votaram nele?

Gente que vê um vilão de desenho animado e pensa: “Opa, esse pode ser nosso presidente!”

Sim, o processo de formação das preferências políticas é complexo, ainda mais num ambiente tão saturado de desinformação e de manipulação. Mas não tem antipetismo ou teoria da conspiração que justifique a opção por algo tão aberrante.

Penso que Bolsonaro apela para o que há de ruim em todos nós. Como se demonstrasse que é possível nos livrarmos do fardo do respeito pelo outro, da compaixão, da reciprocidade, da generosidade, para chafurdar no egoísmo mais descarado e mais mesquinho.

É isso é tão atraente para tanta gente, desperta tanta identidade, que estão dispostos a entronizar alguém que represente esse ideal.

Cada voto em Bolsonaro, cada apoio que ele mantém, é um tapa na cara da nossa fé na humanidade.

 

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