terça-feira, fevereiro 03, 2009

A língua das mariposas

Vi há poucos dias o filme espanhol “A Língua das Mariposas”. É por isso que escrevo estas palavras. O filme não sai da minha cabeça. É um dos melhores filmes que vi ultimamente. Se fosse contabilizar os filmes que vi nesse princípio de ano, a memória talvez falhasse (“Os deuses devem estar loucos I e II”, “Amores Brutos”, “O Declínio do Império Americano”, “Os 27 beijos roubados” e., agora, o filme do diretor José Luis Cuerda).
Para quem gosta de filmes belos, poéticos e com finais que não conformam o público, não deve ver a obra. A película é forte em sensibilidade. O diretor soube unir fotografia historicamente convincente com enredo poético. A Guerra Civil Espanhola está às portas e aquele acontecimento será marcante na vida da pequena cidade onde o menino Moncho mora. Aos sete anos de idade, ele vai para a escola. Tem medo. Segundo as histórias que ouvira, os mestres eram pessoas malvadas, algozes que fulminavam o corpo e a alma. Essa suposição logo se desvanece quando o pequeno conhece Don Gregório, o mestre paciente, mágico em simplicidade.
A mais bela das relações se dá entre o menino e o professor. A admiração de Moncho cresce à medida que escuta a sabedoria e conhecimento do professor. Don Gregório é querido na pequena comunidade. Sua paciência e sua intelectualidade são virtudes admiradas por todos.
Don Gregório ensina a Moncho que a língua das mariposas é um canal que o animal enrola em forma de espiral e somente o desenrola quando sorve o néctar das plantas. Mas ao fazer isso, a mariposa leva o pólen da planta. Estabelece-se uma relação de mutualismo entre a mariposa e a planta. Os dois organismos lucram com aquilo. A língua das mariposas é uma metáfora. Outro aprendizado muito importante diz respeito a um pássaro australiano chamado perlintorrinco. Segundo o mestre, aquele pássaro é o mais generoso e romântico dos conquistadores da natureza. Don Gregório diz que para requestar a fêmea ele apanha a mais bela flor que acha e leva para ela. É o pássaro da generosidade e da beleza.
A repressão política começa a se alastrar. Os republicanos são acossados pelas forças fascistas que tomam a Espanha e são, necessariamente, presos como criminosos políticos. E e aí que reside um dos momentos mais belos, brilhantes e tristes do filme. O professor, o líder, o mestre generoso e paciente é preso por conta de suas posições ideológicas, juntamente com outros homens comuns da cidade. A comunidade se reúne para ver os presos serem levados pelo exército. Enquanto são encaminhados para o caminhão, a população com o escopo claro de não se comprometer com as forças repressoras do governo, inicia um linchamento verbal. “Comunistas”. “Ateus”. “Traidores”. “Filhos de uma puta”. E outros palavrões depreciativos. De repente, entre os presos, aparece Don Gregório. O seu caminhar lento, o seu olhar de dignidade e compaixão encara a multidão. Moncho ver o mestre, pois estava ali com a família. A mãe o incita a protestar contra os homens, contra o professor. Aquela atitude da mãe de Moncho é com o fim de livrar a família da perseguição política. O pequeno atira pedras nos homens, vocifera contra o mestre: “Comunista”. “Ateu”. “Língua de Mariposa”. “Perlintorrinco”. O filme acaba justamente aí.
Fica-nos a inquietação. O menino de fato expressa os aprendizados, tornando aquilo uma metáfora poética ou solta as palavras que lhe vem à ideia? Essa cena inquieta. Deixa-nos atônitos, pensativos. Faz pensar na barbárie dos regimes ditatoriais e fascistas como foi o do general Franco; na beleza da educação; na relação que estabelecemos com escola; com as impressões mágicas que colhemos dos nossos primeiros mestres.
Afirmo que é necessário que você assista a esta película de José Luis Cuerda. Indescritível mente, poética e bela.

P.S. Quem quiser ler mais sobre o filme numa perspectiva educacional, eu achei um bom texto AQUI!!!

Por Carlos Antônio Maximino de Albuquerque
Data: terça-feira, 03 de fevereiro de 2009, 22:43:16

2 comentários:

Unknown disse...

sin es muy bueno esta pelicula hecha en año 1999,me gusto mucho y fue la reprenstación de la guerra civil con enfoque el movimiento Comunista y otro la liberdade.
un abrazo

Unknown disse...

visite também meu blog tetelima37.blogspot.com