terça-feira, junho 09, 2020

Descolonizar



Da página do Instagram da professora e historiadora Lilia Moritz Schwarz:

"A história que contamos, e que chamamos de “universal”, é na verdade europeia, e masculina. Se quase não temos líderes femininas, o que dizer dos vários protagonistas negras e negros e dos e das indígenas? É preciso “descolonizar” nossa história e nossa imaginação; o que significa politizá-las. Pois bem, no dia 7 de junho, manifestantes que protestavam contra o racismo jogaram a estátua de Edward Colston no Rio Avon, sob aplausos. 

Inaugurada em 1895, ela homenageia esse traficante de escravizados e membro do Parlamento, que viveu de 1636 a 1721, em Bristol. Calcula-se que tenha traficado 80 mil pessoas entre as Áfricas e as Américas, das quais 20 mil morreram no caminho. O ato tem gerado muita repercussão. Enquanto o governo do primeiro-ministro Boris Johnson disse que a remoção foi um "ato criminoso", o prefeito de Bristol, Marvin Rees, afirmou que prefere deixar a estátua em um museu do que reinstalá-la. O tráfico de almas bem como o próprio sistema escravocrata correspondem a um dos capítulos mais sombrios da história. 

É certo que o tráfico não era considerado ilegal (até meados do XIX), mas fazer homenagem a um personagem como esse já é demais. Como os portugueses, os britânicos foram protagonistas desse comércio de pessoas entre os séculos XVI e XIX. Em 1807, o Império Britânico proibiu a atividade entre suas colônias. A escravidão só foi abolida, porém, em 1833. O movimento de revisão da História oficial também ganhou as ruas de outros países, como a Escócia e a França. Nos EUA, o movimento “decolonize this place”, (descolonize esse lugar) tem sido ativo na luta dentro dos museus. Não sou a favor de vandalismo mas sou a favor de mudar as páginas de nossa história e de nossa imaginação. O racismo foi criado por brancos, cabe portanto a nós atuarmos como “aliados” na luta anti-racista".

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