domingo, agosto 09, 2020

Resumo cinematográfico

Três dos últimos filmes que vi.

(1) "A vida de Brian" (1979) - Penso que tenha sido a terceira vez que vi esse filme. É uma das produções mais irônicas, engraçadas e inteligentes da história do cinema. Em 2006, os britânicos a elegeram como a melhor comédia de todos tempos. Há uma habilidosa crítica implícita à religião, mas que não ofende. Desando em risadas todas as vezes que o vejo. A turma do Monty Python conseguia, como ninguém, construir situações e personagens inclassificáveis. Pilatos com dislalia é impagável. Na conhecida cena em que o governador romano pergunta à multidão, quem deveria ser libertado, a turma do Monty Python faz uma brincadeira. Pilatos pergunta para a multidão à semelhança do que acontece nos textos evangélicos: "Quem eu devo libertar?". A multidão faz silêncio. Até que um gaiato diz em tom de mofa, sendo que Pilatos com dislalia não conseguiria falar sem se comprometer. "Governador, liberte o Roger". Pilatos inquire: "Loger, quem é Loger?" A multidão cai em retumbante gargalhada. Até mesmo os soldados romanos não resistem. Genial.
 
 
(2) "Cidade Baixa" (2005) - filme de Sérgio Machado. Cinema nacional de ótima qualidade. "Cidade Baixa" é uma produção que impressiona do início ao fim. O excelente trio de atores - Wagner Moura, Alice Braga e Lázaro Ramos - vive uma ciranda amorosa fermentada pelo ciúme, pela desconfiança; conturbada em sua essência. O baiano Sérgio Machado foca a sua atenção na Salvador das contradições; da gente comum; do povo com sua sintaxe, com o seu dialeto característico; na luta diária pela sobrevivência. O roteiro da obra é assinado pelo talentoso Karim Ainouz (de "Madame Satã" e "O céu de Suely". Ao final da obra, há um belíssimo mosaico com imagens reais do povo da capital baiana.
 
(3) "Mary Shelley (2017) - dirigido por Haifaa Al-Mansour. Trata-se de uma obra cuja fotografia é impecável. A retratação do século XVIII é de alto nível. Traz a bella Ella Fanning no papel de Mary Shelley. O filme busca revelar as condições que levaram a jovem Mary Wollstonecraft Goldwin, filha de dois intelectuais, conhecida posteriormente como Mary Shelley, a escrever "Frankenstein: ou o Moderno Prometeu". Mary nasceu em 1797 (mesmo ano em que nasceu Franz Schubert) em Londres. Sua mãe, uma feminista de vanguarda para a época, morreu quando Mary tinha apenas dez dias de nascimento. Seu pai, o filósofo, jornalista e dono de livraria William Goldwin, deu-lhe uma educação heterodoxa, baseada em princípios liberais. A jovem Mary era uma grande leitora. Mais tarde, conheceu o poeta e boêmio Percy Bysshe Shelley. Após imensas contradições e angústias no relacionamento dos dois, Mary vai passar uma temporada na Suíça com Shelley, tendo Lord Byron como cicerone. Estando o grupo preso na casa por causa do mau tempo, Byron propõe que cada um dos convivas escreva uma obra. É, a partir desse episódio, que ela amadurece a ideia de colocar o livro no papel. O filme de Haifaa Al-Mansour é importante, pois desenha esse cenário contingente que leva a escrever a famosa obra. Resolvi pegar a minha versão de "Frankenstein" e antecipá-la em minhas intenções.

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