terça-feira, janeiro 10, 2023

"Viridiana", de Luis Buñuel



Nos últimos quatro anos, tenho realizado um exercício: escolho um diretor importante da história do cinema. Seleciono doze filmes - um para cada mês - e, sistematicamente, vou vendo as produções de maneira bastante tranquila. Para 2023, escolhi o diretor Luis Buñuel. A obra para janeiro era "Viridiana", um dos seus filmes mais representativos.

Ele faz parte daquilo que se convencionou chamar de a Trilogia da Desviturde, composto ainda por "O anjo exterminador" (1962) e "Simão do Deserto" (1965). São obras carregadas por uma forte crítica aos valores do cristianismo e à Igreja. Muitos dos filmes de Buñuel foram condenados pela Igreja. O próprio diretor foi perseguido, na Espanha, pela Ditadura de Franco. Escolheu o México como sua segunda casa.

"Viridiana" traz a belíssima Silvia Pinal no papel da personagem que dá nome ao filme. A bela e jovem "Viridiana" vive em um convento. É ainda noviça. Antes de dedicar-se completamente ao serviço religioso, surge a oportunidade de visitar um tio viúvo. Hospeda-se na casa dele. Apesar de saber do compromisso religioso, o tio decide conquistá-la. Para ele, Viridiana era uma encarnação da sua mulher morta. A partir daí, começa um jogo que vai conduzir à transformação completa de Viridiana.

Buñuel demonstra por meio de um jogo de inversões como a virtude pode ser dominada pela paixão. Como a caridade é um valor rarefeito. Como a natureza humana é habitada pelo desejo, pelo imponderável, pela força ostensiva que agride e se lança aos barbarismos como aquele com o banquete do grupo de mendigos, que fora alvo da caridade de Viridiana.

A cena final é fabulosa e repleta de efeitos. É uma apoteose da carne, mas sem qualquer referência explícita ao vulgar. Um baita filme.

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