segunda-feira, abril 14, 2008

Mãos dadas

Tirar os pés do chão num instante.
Breve! Que seja!
A suavidade triste da melodia mostra-me o passado.
Eu, criança feliz a brincar.
Corria com uma bola capenga embaixo
Do braço.
Enfronhado pela lembrança.
Vozes brandas, brancas, quase angélicas
Anunciam o que foi, mas que está aqui comigo.
Uma batuta invisível é agitada e produz música.
As pernas tortas e finas a se movimentarem no campo
Da várzea.
Os pés duros, agrestes, imprime suas formas
No chão da memória.
A gritaria inclemente.
Habilidade era mero capricho.
Locomove-me.
Os olhos furtivos não vêem outra
Coisa senão o campo,
Distante, em minha memória.
Os meus pés pisam em grama.
A rua tornou-se um grande quintal.
De repente vejo-me de mãos dadas
Comigo mesmo.
As mãos do hoje seguram as mãos do ontem.
E juntas seguem pela estrada.

Por Carlos Antônio Maximino de Albuquerque

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