quinta-feira, junho 18, 2009

Pavilhão de artificialidades

Estou num pavilhão de artificialidades.
A estética é artificial,
Os passos são artificiais,
Os seres são artificiais.
Será que todos eles têm
Consciência da existência?
Existir é mais do que viver.
À mesa, um volume sartreano,
“A Náusea”.
Estou enauseado nesta noite
De modorra irritadiça.
Um gosto amargo na boca.
Certeza da pequenez,
Da quase ausência de ser.
Quanto mais penso,
Mais chego a conclusões atordoadoras.
Roquetin caminhava pela fria
E desalmada Paris do início do século XX.
Hoje estou aqui, em pleno século XXI,
Sentindo a mesma náusea.
Deve ser por isso que me animo, às vezes.
Existe cumplicidade, senso de identidade
Entre os homens.
A verdade é que todos morremos.
A consciência da morte gera paz em mim.
Todos os medíocres,
revestidos de artificialidades, passarão.
Mas enquanto não passam,
Se vestem com roupas de grife,
Passam pó nas faces amarelecidas
Pela vaidade;
Sorriem como hienas despreocupadas,
Assistem aos melhores shows, viajam
E vêem aquilo que eu costumeiramente sentiria.
Estou farto de tudo.
Inclusive dessas páginas queixosas.

Por Carlos Antônio Maximino de Albuquerque
Data: 27/11/2006, segunda-feira.

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