quinta-feira, junho 04, 2009

A Sinfonia No. 1 de Mahler e eu

Ouvia há pouco a Sinfonia No.1, "Titã", de Gustav Mahler. O compositor austríaco inscreve-se como um dos meus favoritos. Suas peças musicais são monumentos erguidos a fim de engrandecer o homem e suscitar reflexões sobre o existir. Mahler em vida foi um indivíduo supersticioso. Sentia-se perseguido por uma compulsão: o medo da morte. A sua existência foi marcada por essa inquietação e, consequentemente, esses humores influenciaram em sua obra de forma profunda.
Suas sinfonias são catedrais grandiosas. Quando falo em grandiosidade, não quero me referir à duração cronológica das peças, mas à magnitude de reflexão e potencial exploratório de novas possibilidade sonoras. Compôs basicamente sinfonias. Embora figurem entre suas obras, lieders deliciosos e introspectos como "A Canção da Terra", um ciclo de canções feitos a partir de um poema chinês que desenvolve uma busca de compreensão filosófica para o existir humano. Aborda a efemeridade e a fuga transitória que é a vida do homem e todas as tragicidades inevitáveis que o acometem.
"Titã" é a primeira sinfonia de Mahler. É uma obra de juventude. Revela um Mahler otimista, grávido de expectativas triunfantes sobre o homem. Por isso, creio, que seja denominado de "Titã" (gigante). O compositor austríaco insere temas e nuances que sugerem a sua crença na vida.
Gustav foi tão grande como ser humano, quanto as suas peças. Sua música é a exata medida do homem. Exatificante, a música mahleriana alça voos metafísicos singrando por mares profundos da religião, da filosofia, do humanismo, do mistério e do triunfo.
Todas as vezes que escuto Gustav. morto em 1911, no auge da forma, como um grande compositor e regente, sinto-me mais homem, um homem melhor. É como dizia Nietzsche sobre Bizet: "A música desse compositor [Bizet] torna-me um melhor filósofo". Reflito como o pensador alemão. Ha realidades que devem nos modificar profundamente. Passarmos pela vida sem nos transformarmos em alguém positivo, a fim de causar um favor necessário ao próximo, é não viver. Quando escuto Mahler eu passo a acreditar na humanidade.

Por Carlos Antônio M. Albuquerque
Data: 27 de janeiro de 2009, terça-feira.

Um comentário:

Unknown disse...

o Titã é o próprio Mahler.
O herói ou melhor super-herói, que luta e vence. O homem que se supera. É a saida do inferno para o céu.
Esta sinfonia, assim como as outras é autobiográfica. Representa o desejo de resolução de conflitos internos que, como se pode ouvir nas sinfonias seguintes, não se concretizou...