segunda-feira, setembro 21, 2009

Primeiro Domingo

Este primeiro domingo de 2009 está

Cheio de silêncio e mistério.

A luz fina, morna, é filtrada das nuvens.

A manhã está tépida.

Pedaços de luminosidade esparramam-se pela parede.

As roupas vadias balançam no varal.

O vento traz desejos e eu rio.

Árias, andantes e adágios mozartianos entram

Pelos meus ouvidos que convidam os barulhos de

Fora a virem morar dentro de mim.

Simbiótico, desejo as canções.

Já estou a bastante tempo ouvindo esse som

Com propriedades etéreas.

Sozinho, sinto que os astros do universo moram

Comigo.

O sol é meu irmão e a lua é minha companheira.

Os desejos estão adormecidos.

Sinto a calma mongética.

Como dizia Nietzsche: “eu sou um brâmane”.

Penso nas coisas grandiosas e espirituais.

A beleza necessariamente anda com pés delicados.

Ela é uma moça cândida, cheia de recatos.

Consigo ouvir barulhos longínquos.

Perto de minha casa há bares abarrotados.

Lá vive a loucura com lábios molhados, pronta

Para beijar seres incautos.

A loucura é a musa dos homens doentes.

Os sãos gostam de valores frágeis, delicados.

As árias, andantes moltos e adágios se sucedem

Como águas turbulentas e sábias de uma cachoeira.

O meu domingo de solidão e silêncio musical

É uma efeméride para os meus sentidos.


Por Carlos Antônio M. Albuquerque

Data: domingo, 4 de janeiro de 2009, 11:56:07.

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