Cheio de silêncio e mistério.
A luz fina, morna, é filtrada das nuvens.
A manhã está tépida.
Pedaços de luminosidade esparramam-se pela parede.
As roupas vadias balançam no varal.
O vento traz desejos e eu rio.
Árias, andantes e adágios mozartianos entram
Pelos meus ouvidos que convidam os barulhos de
Fora a virem morar dentro de mim.
Simbiótico, desejo as canções.
Já estou a bastante tempo ouvindo esse som
Com propriedades etéreas.
Sozinho, sinto que os astros do universo moram
Comigo.
O sol é meu irmão e a lua é minha companheira.
Os desejos estão adormecidos.
Sinto a calma mongética.
Como dizia Nietzsche: “eu sou um brâmane”.
Penso nas coisas grandiosas e espirituais.
A beleza necessariamente anda com pés delicados.
Ela é uma moça cândida, cheia de recatos.
Consigo ouvir barulhos longínquos.
Perto de minha casa há bares abarrotados.
Lá vive a loucura com lábios molhados, pronta
Para beijar seres incautos.
A loucura é a musa dos homens doentes.
Os sãos gostam de valores frágeis, delicados.
As árias, andantes moltos e adágios se sucedem
Como águas turbulentas e sábias de uma cachoeira.
O meu domingo de solidão e silêncio musical
É uma efeméride para os meus sentidos.
Por Carlos Antônio M. Albuquerque
Data: domingo, 4 de janeiro de 2009, 11:56:07.
Nenhum comentário:
Postar um comentário