
O fato é que ele explora ao máximo um mesmo fato. É como se ele pegasse um tecido molhado e tentasse extrair dele toda a umidade. Sua insistência com a palavra é para "espremer o fato". A literatura de Hemingway está repleta dessa característica. Geralmente, as personagens enfrentam fatos aventurescos, quase sempre, que se sobrepõem às suas forças. Cria-se a partir daí uma pujança na narrativa que nos retira o fôlego.
A história de O velho e o mar é a história de uma pescaria, realizada por Santiago. Após ficar mais de oitenta dias sem pescar nada, a personagem se faz ao mar e, sozinho, consegue fisgar um peixe de enormes proporções. Conseguir vencer o peixe é a grande questão a ser conseguida. Esse embate demonstra a condição do homem perante a força da natureza. E aí estão as qualidades de Hemingway como grande narrador. O que para outro escritor seria um fato insignificante, para o americano é possível amplificar o fato e torná-lo de uma envergadura extraordinária. Hemingway torna o velho Santiago em um herói diante da mitológica força do peixe. O poder de resistência, a tenacidade, o laceramento do corpo, as forças que são reunidos num sobre-humano esforço, faz crescer a grandiosidade da narrativa.

O velho e o mar é um livro de leitura rápida e apaixonante. É possível lê-lo de uma sentada. Quando iniciamos a leitura, parece que somos fisgados pelo estilo genial de Hermingway e aquilo acaba nos levando ao deleite completo.
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