domingo, março 20, 2016

Os heróis e a conveniência

 
A mídia burguesa precisa construir heróis para que os setores conservadores tenham uma sensação de que a justiça está sendo feita. Todavia, todo Aquiles possui um calcanhar... O que a mídia não fala é que a luta de classes tem lado. De um lado os trabalhadores, que precisam de mobilização, organização; do outro, todo o aparato que legitima esse estado de coisas da ordem burguesa (a mídia nos seus mais variados formatos a destilar consensos, empresários, setores do Estado - Polícia Federal, Judiciário, Ministério Público, que são instâncias em que "os embaixadores das elites" se estabelecem para subverter as garantias constitucionais) -, os rentistas etc. No Legislativo, boa parte dos parlamentares são meninos de negócio do capital. No meio disso tudo está a classe média "fascinada" com essa cantilena de força tarefa anticorrupção. A corrupção deve ser vista como elemento antropológico no Brasil. Deve ser estudada, debatida, pesada, avaliada. Não é um sujeito que vai erradicá-la. 

O que está em jogo é a implosão do Estado Democrático de Direito, construído a duras penas. O que está em jogo ainda é uma dura ofensiva conservadora neoliberal que virá com fúria total contra os trabalhadores e contra os direitos trabalhistas. Lembrem-se de que o projeto da terceirização está guardado "em banho maria". Ainda não foi completamente derrotado. Que o desejo da FIESP é a derrocada da CLT; a morte dos direitos que ainda dão dignidade ao trabalhador - 13° salário, férias, seguro desemprego etc; que o PSDB, o partido com mais chances de assumir a presidência caso o PT saia de cena, foi majoritariamente favorável ao projeto quando este foi votado na Câmara. A classe média não consegue enxergar que a gravidade impele para baixo todo corpo que é jogado para cima. Uma pedra atirada para o alto, pode voltar sobre a sua própria cabeça. É só olhar para o lado e perceber o que Macri tem feito com a Argentina. Mais de 30 mil servidores públicos já foram demitidos; arrocho; aumentos desordenados para favorecer o grande capital. O capital precisa de crises para se fortalecer. Todas as vezes em que há crises, quem perde são os trabalhadores que precisam voltar a rolar a pedra para tentar subir a montanha como no mito de Sísifo.
P.S. Como disse alguém, há alguns anos atrás foi o Joaquim Barbosa.

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