Três dos últimos filmes que vi:
(1) "O homem que virou suco" (1981) - é uma produção brasileira, dirigida por João Batista de Andrade. O filme recebeu uma importante premiação no Festival de Moscou, no mesmo ano em que estreou, como melhor produção daquele festival. A produção é importante por alguns motivos - um dos principais pontos do filme é a excelente atuação do ator paraibano José Dumont. A história possui uma forte ressonância social. Aborda questões importantes como a migração de nordestinos para o Centro-Sul; a subcidadania, característica de grupos marginalizados; a violência perpetrada pelo estado contra os mais vulneráveis; a relação esnobe dos ricos em relação às massas de oprimidos; e o quanto se paga pela insurgência contra os opressores.
(2) "Colette" - Com direção de Wash Westmoreland, teve a sua estreia em 2018. Ele retrata parte da vida da escritora e vanguardista francesa Gabrielle Colette. A obra narra os anos iniciais da relação com o boêmio Willy, um escritor e aproveitador de ocasião da sociedade francesa do final do século XIX e início do século XX. Colette, cujo início obra literária é retratada no filme, escreveu livros de grande sucesso à época. Vale mencionar a criação da personagem "Claudine", que virou uma sensação na sociedade francesa. Mas, diante disso tudo, Colette não podia ostentar o nome nos livros que escrevia. Os direitos autorais eram administrados pelo marido. O marido dirigia-lhe os passos. Aproveitava-se do talento da esposa. Chegou a trancá-la durante 16 horas para que ela escrevesse; e vendeu os direitos autorais da obra da esposa sem consultá-la. Na sociedade francesa da época, uma escritora feminina não seria benquista. Colette, tendo como pano de fundo uma sociedade que definia o papel da mulher, não aceitou essa imposição. Subverteu as regras do conservadorismo, sendo uma das primeiras mulheres da época a lutar pela emancipação e pelo reconhecimento do papel feminino. Um excelente filme, com uma fotografia muito bonita.
Um comentário:
Carlinus,
Verdade: esse momento da vida de Gaugin é romantizado no filme.
O fato de ter sido ele um grande pintor e sabido disso é um tanto divinizado pelo roteiro. Colette é um filme maravilhoso, bem ao estilo da atriz...
Preciso virar suco!
:-D
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