Boa tarde! Aqui é o vizinho do 301.
Segundo a Constituição de 1988,
“a casa é o asilo inviolável do indivíduo”. Nela estruturamos aquilo que
chamamos de lar. Expressamos as nossas individualidades. É o nosso espaço
privativo por determinação. Colocamos em prática hábitos e costumes que
comumente não o fazemos em público. Sendo
assim, ando descalço sem preocupação; fico sem camisa sem o receio de que
alguém chame a minha atenção. Estou, afinal, em meu espaço de liberdade, na
circunscrição do realizável.
Todavia, há uma limitação a esse
asilo de liberdade. Por não viver isolado de relações - em um deserto ou uma
ilha – há pessoas que estabelecem conexões com a minha pessoa. Devo respeito a
elas. Há certas matérias como sons, fumaças e cheiros variados que não
respeitam os limites que demarcam o meu espaço de liberdade.
Ora, por que escrevo tais
coisas? Explico-me em seguida:
Somos vizinhos há pelos menos seis anos e sempre mantivemos uma boa relação – polida, amistosa, respeitosa. Já pude observar que a senhora é fumante. E esse é justamente o ponto a que gostaria de chegar. Eu não fumo e nem tenho o interesse em fazê-lo. Respeito o direito de a senhora fumar. Eu não tenho nada a ver com isso. No entanto, nessa questão reside um problema, pois eu e minha família abominamos o cheiro de cigarro. Fazemos a opção de não fumar, pois somos sabedores do quanto um mísero cigarrinho faz mal à saúde. Além disso, temos um filho pequeno que apresenta, de tempos em tempos, problemas respiratórios.
Costumamos deixar a janela da sala aberta – ainda mais nesses dias quentes – e acabamos sendo violentados pelo cheiro indesejado do cigarro que a senhora “saboreia” em seu “asilo inviolável”. A fumaça do cigarro – que não respeita espaços – acaba tomando a minha casa inteira e eu sou obrigado a fechar, em muitos momentos, a minha janela. Com isso, a minha casa acaba sendo “violada” pelas emanações nauseantes do alcatrão. Imagino que a senhora fume de janelas abertas.
Minha esposa já foi até a síndica. Fez uma reclamação. Pediu uma solução. A síndica não se mostrou firme. Mastigou algumas explicações. Desconversou. Por fim, o problema nos incomoda há muito tempo. Por isso, numa tentativa de resolução do problema, solicito encarecida e respeitosamente que a senhora feche as janelas de seu asilo inviolável quando for fumar a fim de que o meu não seja “violado” pelo cheiro de cigarro.
Cônscio de sua atenção, desejo liberdade e entendimento.
Obrigado.
2 comentários:
Disse tudo! Tomara que essa vizinha não só saiba ler, mas tenha alguma consciência (ainda que eu duvide, lastimavelmente, disso, pois, se a tivesse, já não fumaria após as reclamações).
Bem, independentemente disso, doenças (como a dependência química e a falta de empatia para com quem não é doente como ela), ah, isso ela já tem...
Sim, Frazec!
Espero que ela entenda. Trata-se de uma senhora franzina, mas que não larga o cigarro. É medonho!
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