sexta-feira, outubro 26, 2007

Ao correr da pena

As folhas brancas – depositárias das idéias.
Como entes abandonados a desejar
O correr luxurioso da pena.
A fricção que é apenas
Contato mecânico e epidérmico.
No fundo existe a idéia que surge
E se espalha pelos hortos da minha alma,
Como sombras feitas por nuvens gordas.
Correm silentes que nem percebo o movimento.
Vem do alto para baixo.
São revelações silenciosas.
Sou um deus sem poderes inumanos.
Apenas a palavra que brota,
Nasce como capim.
Esparrama-se ladeira abaixo,
Precipitando-se pelos desfiladeiros da saudade.
A janela aberta é um convite
Para essas mil solidões sem faces.
Gestada por ato unilateral.
O parto se dá no encontro
Do lápis com o papel.
São as idéias gratuitas, meninas.
A plangência das horas,
O réquiem que somente eu escuto.
O não sentido que se aplica onde
Os outros dizem enxergar a vida.
Consonância, harmonia, intervalo no tempo.
O emaranhado de sensações que aprisiona
Como os tentáculos de um monstro mitológico.
O desejo de ficar nu, correr o mundo.
O mundo possui absurdos irreais
E fantasias reais.
Fico com o papel,
O lápis e as fantasias irreais.

Por Carlos Antônio Maximino de Albuquerque

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