sexta-feira, outubro 05, 2007

A educação brasileira numa contingência histórica.

Atualmente estou sem tempo para escrever, por isso, recsolvir colocar nesta semana um texto escrito para uma atividade da faculdade
Analisando sob uma perspectiva comparativa o tipo de colonização que o Brasil – colonização de exploração – e o tipo de colonização que países como os Estados Unidos sofreram há uma abismal diferença. O tipo de colonização que este país sofreu tinha por objetivo reproduzir as condições da Metrópole nesse “Novo Mundo”. Portanto, a relação que a Metrópole tinha com a Colônia não era espoliativa. Era, na verdade, um tipo de colonização para novas oportunidades. As famílias que migravam para os Estados Unidos, por exemplo, levavam consigo o sonho de reproduzir na nova terra as condições elementares que haviam deixado.

O tipo de subordinamento que os países periféricos sofreram não teve esse tipo de contingência. Os países que foram alvo de um modelo de colonização de exploração amargam grandes problemas estruturais ainda hoje – subordinação cultural, econômica, política e etc. É inegável que esse princípio de decadência tenha a sua gênese no tipo de colonização a que foram submetidos. O colonialismo português e espanhol infringido à América Latina, expropriou-a de seus minérios, suas florestas e seus vários recursos. E um dos vetores mais eficazes foi a desapropriação dos nativos que haviam no continente dos seus usos e costumes. As nações pré-colombianas, como são chamados os povos que estavam no continente antes da chegada de Colombo foram dizimados e tiveram os seus respectivos patrimônios destruídos. Restaram apenas lembranças. Um exemplo claro são o dos indígenas brasileiros: quando da chegada dos portugueses ao Brasil haviam 5 milhões de indígenas, sendo que atualmente há em todo o território nacional pouco menos de 300 mil. Esse é um claro exemplo da exploração imposta à nova terra.

O caso brasileiro é especifico em seu processo, mas não diverge em muitos episódios de exploração engendrados na América Latina. Os portugueses ao chegarem às terras brasileiras, foram claros na explicitação de seus interesses. Pero Vaz de Caminha, o escrivão da esquadra de Cabral, fala ao rei de português que naquele momento ainda não era claro se haviam metais ou outros apetrechos de interesse para a Metrópole. Decorridos trinta anos, os portugueses voltam ao país dispostos a retirar dele tudo aquilo que fosse possível e necessário. Começa a partir daí uma espécie de “esmagamento” da terra, posto que os portugueses queriam apenas “retirar”, “extrair” bens para alimentar a corte e a burguesia portuguesa. Não há um interesse claro em consolidar uma estrutura que possibilitasse a autonomia da colônia.
A Colônia era um ente subordinado. Um latifúndio da Metrópole. A noção geral dos portugueses era submeter os povos aqui encontrados. A vinda dos jesuítas tem esse objetivo claro. O processo de aculturação vitimou os indígenas que tiveram de aprender uma nova religião, usar outras vestimentas, disciplinar-se nos costumes dos “ditos brancos cristãos civilizados”. A Companhia de Jesus aplicou sobre a mentalidade dos indígenas um tipo de currículo medieval, baseado numa educação domesticadora. Os indígenas aprendiam a tocar a música dos brancos, a rezar como os brancos a repetir a fala dos brancos e eram tratados como bichos.
Ora, é inegável que um tipo relação meramente expropiadora como a que se deu de Portugal em relação à Colônia tenha gerado uma consciência, um comportamento, uma personalidade na sociedade que então nascia. Quando se analisa a conjuntura histórica nacional é perceptível que não houve em nenhum período da história nacional, um investimento num tipo de educação emancipadora; numa base que permita ao aprendente fazer uma análise crítico-criadora da realidade em que ele está inserido.
Muito dos aspectos que norteiam o comportamento do país são resultado de sua história. Daí a necessidade de se entender o fluxo da História. Ela é criada por alguns indivíduos ou uma classe que submete os dominados a um comportamento imobilizante. No caso brasileiro, em muitos aspectos o organismo nacional ainda continua manietado pela posição em que o colocaram – sempre de uma postura de subordinação. Um método tradicional de educação apenas consente com a construção que está aí posta.
Sendo assim, concluímos que a repetição de um currículo que priorize o tradicionalismo não dá ao aluno uma capacidade crítica para pensar, refletir e discernir a realidade. E essa realidade não existe como ente-em-si (estrutura autônoma), mas é o resultado criado pela atuação dos homens sobre as condições que o mundo externo permite criar. Essa relação privilegia os mais fortes e submete os mais fracos. A história nacional mostra explicitamente que o tradicionalismo impingiu uma mentalidade conservadora e imobilista da sociedade, bem como dos atores que construíram a História nacional – uns como protagonistas, outros como coadjuvantes.

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