sábado, junho 02, 2012

O estilo de vida e "a bárbarie"

No ano 1 depois de Cristo, a população da Terra era de 300 milhões de habitantes. Mil anos após, a população do Planeta Terra havia chegado a 310 milhões de habitantes. Ou seja, em mil anos a população do mundo havia aumentado em 10 milhões de pessoas. Em 1600, a população havia dobrado para 600 milhões de habitantes. Em 2000, a estimativa era de que a população estivesse em 6 bilhões. E no ano passado o número de habitantes pulou para 7 bilhões. Algo realmente assustador. Crescemos em 10 anos o que não se cresceu em mil anos.

Oscilo entre o otimismo e o pessismismo e, por fim, permito que este último ganhe quando penso no futuro da humanidade e do Planeta. Em meados século XX, Rosa Luxemburgo gritava: "Socialismo ou bárbarie!". Não quero fazer uma defesa do socialismo ou repudiar peremptoriamente o capitalismo. Quero apenas refletir no fato de que o grande problema do mundo não é em si um sistema econômico, mas o próprio homem. O homem é o autor do colapso do Planeta e de si mesmo.

O que o Capitalismo faz é realçar esse egoísmo intrínseco. Adensar uma perspectiva que faz parte da essência do ser humano. O estilo de vida defendido pelo homem é parasitário e faz com que sobre pouco espaço para a manuntenção da vida. Quantas já não foram as espécies extintas por causa do homem? Quantas já não foram as florestas destruídas para que cidades fossem construídas? Quantos não foram os rios e córregos completamente assolados de maneira irresponsável. Já vivemos a "bárbarie" propugnada por Rosa Luxemburgo. 

Quase 1 bilhão de pessoas passam fome em todo mundo. Mais de 1,3 bilhão não têm sequer uma lâmpada em casa. O grande desafio do homem é manter-se vivo à depredação protagonizada por ele mesmo. Criamos um modelo de civilização e acreditamos que ele seja perfeito. Não queremos abrir mão de tudo aquilo que temos. O nosso estilo de vida parece irreversível. Nossas telas de computadores, de celulares, cospem o brilho irrefugável do orgulho; os carros velozes e cada vez mais sofisticados aguçam a velocidade de nossas fantasias. A necessidade de destruição das florestas para plantar, para construir casas, prédios, é cada vez mais premente. O espaço outrora reivindicado por todos os outros seres vivos, tornou-se do homem. 

Somente o homem é capaz de dizer: "Eu sou o dono disso aqui". "Isso é meu!" E com isso, todo o Planeta Terra está sitiado e medido pela ganância. Caminhamos a passos largos para o abismo. A estimativa é que em 2030, a população do mundo chegue a 9 bilhões de pessoas. E algumas perguntas nos surgem: Como vestir essas pessoas? Como alimentar essas pessoas? Como conseguir água? Como será a vida nas grandes cidades?

O Planeta oferece um limite e nós estamos demorando muito para perceber isso. Os economistas anseiam pelo progresso. Falam em "crescimento virtuoso", quando presenciam uma homogeneidade no desenvolvimento. Para eles, progresso é permitir que todos os sujeitos de uma determinada sociedade possam consumir a fim de gerar divisas e capital para uns poucos ficarem mais ricos. Mas para que o abismo civilizacional não chegue cada vez mais próximo, o que devemos fazer? Apostar num estilo de vida mais coerente? Pautar nossa vida num estilo mais responsável? As respostas são pouco otimistas.

O que notamos é que quanto mais o tempo passa, mais percebemos que a velocidade do trem que construímos é louca e inconsequente. Estamos numa ladeira enorme e não queremos enxergar a curva à frente. Enquanto isso, uma festa continua sem que nos preocupemos com as irregularidades do caminho. Os próximos mil anos podem não aparecer.

Música da banda Dave Matthews Band (Don't Drink Water). Belas e perturbadoras imagens.

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