sábado, junho 09, 2012

Thick as a Brick (do Jethro Tull), que disco, meus amigos!

A vida é um grande aprendizado. Quando penso no ser humano, fico duplamente impressionado: (1) o homem é o único ser capaz de produzir cultura e conhecimento. É capaz de inventar linguagens criadoras de sentido para a sua existência e que dão sustentação ao seu mundo. (2) mas é capaz, também, de se encher de orgulho, de viver em postura ufana, sem refletir a sua existência curta e atribulada. A máxima socrática ("Só sei que nada sei") deve morar na consciência de todo homem prudente, pois aquilo que conhecemos é ínfimo ante a grande constelação de saberes que habitam o universo.

Ora, escrevo tais palavras numa tentativa de aliviar a minha situação. Descobri uma das coisas mais sensacionais que já ouvi em toda a minha vida: o álbum Thick as a Brick, do Jethro Tull, um disco conceitual do ano de 1971. O disco é composto por apenas uma canção, cujo título é o mesmo do álbum. No primeiro lado, a música possui quase 23 minutos; já no segundo, possui pouco mais de 21 minutos. É uma grande viagem. Uma cavalgada pelas trilhas de um mundo rico de poesia e inventividade musical. Outro dia passei o dia inteiro (um desses sábados em que estamos em casa) ouvindo Aqualung, outro disco do Tull que é uma viagem sonora. A faixa inicial com aqueles acordes assombrosos produzem um efeito indescrítivel. Mas Thick as a Brick é diferente. Possui uma poesia diferente; um brilho sereno, no qual notamos a força criadora dessa banda inglesa, uma das maiores de todos os tempos.

Ian Anderson é mágico. Aquele som extraído da flauta, faz dele um bruxo produtor de alquimias sonoras incríveis. As melodias suscitadas pela flauta com elementos celtas e folks de Anderson são inigualáveis. A música começa lenta, uma balada serena. Vai encorpando aos poucos e ganha uma consistência na qual notamos a genialidade da banda. Na parte final, o tema se reencontra com a expectativa gerada na parte inicial da música. Até ouvir Thick as a Brick, pensava que a música mais visceral, ou seja, que possuía esta caractérística sideral, era 2112 do Rush, que é uma das canções que mais gosto da banda canadense. A música do álbum de mesmo nome (de 1976) da banda de Geddy Lee, possui pouco mais de dezenove minutos. Mas após ouvir o disco do Jethro Tull aquilo me fisgou por completo.

Agradeço ao Charlles Campos por ter me apresentado (indiretamente) ao Jetrho Tull. Charlles, que banda, meu rapaz!

Abaixo, um vídeo com a perfomance de Anderson.

3 comentários:

charlles campos disse...

Carlinus, desde meus 17 anos eu amo o Tull. Tenho a coleção toda da banda em vinil e cd, três caixas especiais, e um monte de baluaques. Thick As A Brick é um de meus álbuns preferidos da banda, já o ouvi sete milhões de vezes a o ouço a cada mês com a mesma alegria renovada. É um puta disco! Como vc tem um ouvido afinadíssimo, parte desse seu arrebatamento com certeza vem da magnífica execução dos instrumentistas_ tenho por mim que é o disco mais genialmente tocado do rock, os caras o fizeram no ápice de suas excelências. Sei a letra de cór (tive uma banda cover do Tull, em que eu fazia as vezes de Ian Anderson). Há muito a descobrir do Tull, Carlinus, e ainda te reserva muito deslumbramento. Na discografia oficial, te convido a ouvir Ministrel in The Galery, que tem uma linha medieval semelhante ao Thick as a Brick, com uma siute maravilhosa de 15 minutos no final. Procure os discos/download remasterizados e com extras. Há um álbum gêmeo do Thick as A Brick, intitulado A Passion Play, que também tem mais de 40 minutos_ os mais radicais dizem que é a obra máxima do Tull, uma espécie de Finnegans Wake.

Tenho muito por dizer da banda. Todas as edições do Aqualung, por ironia, tiveram uma mixação deficiente (o único álbum que vinha com ua sonoridade tipo mono, abafada). O problema foi sanado na edição dos 40 anos do disco, com uma remasterização que dá a devida justiça à adrenalina da obra, e com um disco de extras também para lá de bom.

Procure os álbuns instrumentais e folk solo do Ian Anderson. Há um chamado 12 Dances With God, instrumental, que mostra porque Ian é um dos maiores flautistas da história. De arrepiar!

Nesta semana, encomendei o único dvd que me faltava: Ian Anderson play Orchestral Jethro Tull with Orchestra. Baixe a versão áudio hoje e se deslumbre de imediato com as três primeiras músicas. Depois me conte. Comprei por 35 reais no mercado livre, lacrado (nas lojas está de 77 reais, quando não esgotado).

Thick as a Brick é um dos 50 álbuns mais vendidos de rock. Surpresa: neste ano se comemora 40 anos do álbum. Anderson lançou há dois meses a parte dois, sobre o que aconteceu com Gerald Bostock (o suposto garoto prodígio que escreveu a letra da música). Lançou em cd e disponibilizou de graça pela net. Claro que não chega aos pés do TAB original, mas ainda assim é um disco acima da média.

Ouça também o Christmas Album do Jethro Tull. Lindo!

Ah! Belo post!

charlles campos disse...

Dê uma olhada nisso:

http://www.allmusic.com/album/ian-anderson-plays-the-orchestral-jethro-tull-mw0000643667

http://www.allmusic.com/album/ian-anderson-divinities-twelve-dances-with-god-mw0000172024

http://www.allmusic.com/album/the-secret-language-of-birds-mw0000054912

http://www.allmusic.com/album/thick-as-a-brick-2-mw0002314038

Carlinus disse...

Obrigado pelas dicas preciosas, Charlles. Vou "destrinchar" essas informações e começar a minha cruzada pessoal.

Abraços!