sexta-feira, julho 27, 2012

A propósito de uma leitura sobre Marcelo Gleiser I

Após a leitura do capítulo 1 do livro do astrofísico brasileiro Marcelo Gleiser (O fim da terra e do céu - o apocalipse na ciência e na religião - comprado na cidade de Gramado-RS)  fui impregnado por uma sensação de que minhas convicções estão corretas quando penso que o fulcro do fenômeno religioso é algo necessariamente humano. Vale ressaltar que o livro em comento foi ganhador do Prêmio Jabuti no ano de 2002. Gleiser com toda a sua simplicidade e clareza didática expõe como os homens ao longo da história sentiram a necessidade de criar determinadas explicações para darem sentido às suas próprias existências. 

O professor expõe que a maioria das religiões possui uma escatologia do fim dos tempos. E faz uma análise das religiões semíticas e o quanto essas tradições (masdaísmo, religião egípcia e babilônica) formam a base da religão judaico-cristã. A ideia de uma corte celestial que julga os justos (masdaísmo), com promessas de uma vida eterna (egpícia) e com criações simbólicas idênticas que foram adotadas tanto pelos cristãos quanto pelos judeus - o caso do grande dilúvio. 

O autor ainda faz uma extraordinária exposição sobre o simbolismo profético do livro de Daniel. Para Gleiser, o livro de Daniel é resultado da compilação histórica de dois momentos distintos - o primeiro narrado no quinto século antes de Cristo; e, o segundo, escrito no segundo século antes de Cristo. O profetismo, fenômeno comum às religiões, é uma tentativa de apaziguar o medo do caos - ou seja, o império da Natureza com suas leis imparciais. O texto profético e, por consequência apocalíptico, constrói uma segurança. Gleiser ainda trabalha aspectos do apocalipse de João. Algo importante a ressaltar diz respeito à resistência que se mostrou nos primeiros séculos a esse texto repleto de simbolismos para a igreja.

Notável. Assistindo a algumas entrevistas com Marcelo Gleiser, percebemos a simplicidade e o eruditismo do professor Dartmouth College nos Estados Unidos e uma das figuras divulgadoras da ciência mais respeitadas naquele país. Dá orgulho saber que Gleiser é brasileiro.

Continuemos a leitura amanhã e durmamos, pois acordarei às 5 e meia da manhã - já passou da meia-noite!

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