sábado, novembro 16, 2013

A contradição

Pela manhã, colei em meu perfil do Facebook uma reportagem extraída do sítio Viomundo sobre a prisão dos "mensaleiros". Alguém fez o seguinte comentário: "Esse Magistrado tem dado ao Brasil uma grande demonstração de amor à Pátria. Creio que ele será um marco divisório no STF. Antes de Joaquim Barbosa e depois de Joaquim Barbosa. Creio que suas atitudes inspirarão a muitos outros, inclusive em outras carreiras. Graças a Deus por isso, não é mesmo Carlos A. M. Albuquerque".

Respondi da seguinte forma, buscando não ser ofensivo: "Fico preocupado com determinadas afirmações que não se conectam com a globalidade da realidade, Edson Ferreira. O fato imediato não está deslindado de aspectos maiores, mais densos, que revela a tensão que existe na sociedade e na história. O debate em torno de um fato não deve ficar apenas na aparência. Deve ir, por sua vez, à essência. Não vejo Joaquim Barbosa como um modelo imparcial de conduta jurídica. Penso que sua consciência intencional tenha sido cooptada pelos interesses da mídia nativa brasileira. É muito estranho que Joaquim tenha sido tão rápido em fazer um julgamento sem ouvir os seus pares do STF. O Judiciário Brasileiro é um dos mais problemáticos do mundo. A Justiça Brasileira reza, ainda hoje, a cartilha dos interesses políticos. O Mensalão foi pintado como um dos escândalos mais assombrosos de nossa história. Acredita nisso quem não conhece a história do nosso país, que foi fundado sob a bandalheira, sob o império da violência contra os negros, contra os índios, contra as minorias, contra a mulher, contra " os de baixo". Analisar o Mensalão pelo prisma da aparência é abandonar a inteligência e se fiar por uma causa moralista que serve aos interesses da Globo, da Veja, da Folha de São Paulo; ao interesses de muitos setores do conservadorismo brasileiro. Joaquim, acredito, está do lado desse atraso, que tem se alimentado do sangue brasileiro há quinhentos anos. Joaquim não me orgulha. Envergonha-me, Edson. Ele tinha de tudo para ser um extraordinário jurista. Foi picado pela mosca azul da arrogância institucional. Há algum tempo atrás quando ele bateu boca com Gilmar Mendes, fiquei imensamente feliz com aquilo. Achei-o sensato. Ousado. Acreditava que ele era um quadro que traria um renovo ao Judiciário do Brasil. Todavia, nada melhor que o tempo para revelar as intenções dos homens. Acredito que o povo brasileiro esteja analisando o acontecido no dia de ontem apenas pela aparência. Mas a essência das coisas possui muito maior complexidade que o nosso olhar casual. Moralismo não promove mudanças na sociedade. Abração, Edson".


Nenhum comentário: