terça-feira, dezembro 10, 2013

Mosaicos

Minhas férias começam oficialmente na sexta-feira. Mas, já começo a sentir os seus eflúvios soprando suavemente nos vales mais interiores de mim mesmo. Foi um ano cheio. Trabalhei muito. Excessivamente. Ainda estou vivo. O blog - esse espaço para minhas garatujas descompromissadas - anda às moscas. Voltarei a ler. Livros não faltam. Existe uma montanha me esperando: biografias (Tolstói, Malcom X, Hobsbawn, Marx etc); romances (Mario Vargas-Llosa, Swift - que já estou lendo -, José Lins do Rego, Brontë, etc); poesia (João Cabral de Melo Neto); história (Hobsbawn, Darcy Ribeiro, Boris Fausto) etc. Não sei se dará tempo de ler tudo isso. Sinto-me como uma criança numa loja de brinquedos. É muito estímulo, muitas possibilidades. 

Para tirar as teias de aranha deste espaço, resolvi colar um comentário que fiz lá no Facebook no dia de ontem, sobre uma reportagem que li sobre o resultado que o Brasil alcançou na prova do Pisa.

"Este texto assusta! E serve como ecplicação para uma série de problemas com os quais convivemos. O Brasil é um país firmado na desigualdade. E essa desigualdade acaba provocando consequências drásticas no processo formador de nossas escolas. Se por uma lado temos uma escola pública deficitária, com alunos pouco interessados ou mais preocupados com o percentual mínimo para passar de ano, temos por outro lado os filhos da classe média, que sofrem com os mesmos problemas de nossa educação deficitária - só que em escolas privadas(sic). Os mais privilegiados financeiramente buscam garantir por meio de mensalidades estratosféricas, em uma suposta instituição privada "decente", a vaga do filho nos estabelecimentos superiores públicos de educação, quando este terminar a educação básica. Todavia, tal fato não é uma garantia eficaz, pois temos um gargalo sócio-histórico que gera consequências alarmantes. E tais problemas vão desde o processo de formação dos professores, às avaliações que são aplicadas nas escolas. A profissão docente, no Brasil, tornou-se proletarizada; multiplicam-se as instituições de ensino que formam pessimamente os professores; a relação do professor com o aluno ainda é desarmoniosa; quando esta não está fundada na indiferença, está fundada no medo do aluno (cliente) "mandar" no professor (empregado, pois aquele paga o salário deste); ou mesmo de nossos currículos baseados no decoreba e que desestimulam o conhecimento historicamente produzido pela sociedade; ou ainda, problemas sociais sérios que acabam criando a evasão escolar, gerando como consequência uma horda de sujeitos que não entenderam a relevância histórico-cultural da escola. Assim, entendo que quando as políticas públicas são ineficazes no que tange à educação, o Estado se torna responsável por consagrar as desigualdades sociais. Ou seja, o Estado se torna criminoso, porquanto acaba jogando de forma acintosa os mais pobres na ignorância da inoperança histórica. A escola ainda é, para os mais pobres, a única forma de se conseguir a emancipação social. Como dizia Gramsci, é lá que deve atuar a figura do intelectual orgânico, capaz de fazer convergir forças para tornar pública e explícita uma "práxis" contra-hegemônica.

O texto abaixo serve para que reflitamos um pouco. Serve para mostrar o quanto a burguesia brasileira sempre tenta/tentou imitar os modelos estrangeiros. Todavia, essa empresa nunca foi bem-sucedida, pois a sociedade desigual baseada no modelo defendido por ela cria um processo de equidistância e retro-alimentação, colocando-nos numa roda-viva histórica.

O Brasil foi o país que mais evoluiu desde 2003 - período do governo do PT -, mas é preciso caminhar com compromisso e responsabilidade".

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