sábado, setembro 01, 2018

Excelentíssimo senhor...

Uma reflexão bastante pertinente sobre Luís Roberto Barroso, uma das personalidades mais desgraçadamente medíocres, da vida pública brasileira.

Luís Roberto Barroso merece ser estudado. Não por ele próprio, mas como uma trajetória emblemática daquilo que leva ao sucesso no campo jurídico-político brasileiro atual.

Por um lado, ele é uma demonstração quase caricata dos atributos do nosso renitente bacharelismo. A vaidade gigantesca e indisfarçável. O discurso pomposo, arrogante e vazio de ideias. O gosto pelas palavras altissonantes. Até mesmo o jeito de torcer a boca para pronunciar nomes estrangeiros.

Barroso também é ilustração perfeita da tese, no entanto controversa, do caráter fake de nossos valores políticos dominantes. Ostenta a toga de herói do liberalismo, mas não esconde seu desprezo pelos direitos e horror a qualquer forma de igualdade. Posa de iluminista, mas é guardião das trevas. Paladino intransigente da moral, defende com unhas e dentes benefícios imorais para o seu grupo e o vale-tudo contra os adversários.

Visto por outro ângulo, ele pode ilustrar a ideia de "neoliberalismo progressista", colocada em circulação por Nancy Fraser. Há uma adesão a teses progressistas no âmbito da vida privada, que lhe permite manter uma fachada de homem de seu tempo, mas que se combina ao reforço de uma estrutura social extremamente excludente e autoritária.

O mais interessante, porém, é pensar por que, com tantos candidatos ao posto na política eleitoral (está aí o Álvaro Dias que não me deixa mentir), o espírito do lacerdismo decidiu reencarnar em um político togado. Desconfio que isso nos diz bastante coisa sobre a dinâmica recente da política brasileira.

Por Luis Felipe Miguel via Facebook

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