quinta-feira, dezembro 06, 2018

Olavo não tem razão...

Abaixo, link para um vídeo bastante esclarecedor do jornalista Breno Altman.

O objetivo do vídeo é formar um perfil crítico de Olavo Carvalho. O paulista Olavo de Carvalho, fartamente conhecido como ideólogo da direita brasileira, é um sujeito controverso. Com relação a isso é importante dizer que os pensamentos de um sujeito qualquer estão próximos daquilo que ele pratica. A práxis é uma extensão das ideias. Sendo assim, é preciso conhecer de onde surgiu essa caricata personagem das ideias brasileiras. 

É justamente pelo fato de o capitalismo passar por uma das suas costumeiras crises - não somente aqui, mas em outras regiões do mundo - que Olavo passou a ter visibilidade. A crise política é oriunda da crise do capital que, por sua vez, leva às demais crises. A crise política é uma crise para a adequação dos interesses do capital. A vitória de Bolsonaro significa dizer que uma perspectiva de sociedade ganhou.

Olavo sempre foi visto como uma figura bizarra pelos locais por onde passou. É um homem de fixidez, de obsessões, de exageros; de uma linguagem carregada, que busca diminuir o oponente, até que ele seja transformado em ridicularia. Procura aglutinar temas variados com teorias conspiracionistas, fundadas no autoritarismo, no conservadorismo estreito, com fortes doses de certo entendimento radical da moral judaico-cristã. Ou seja, diz-se cristão, mas não de um cristianismo iluminado, generoso, caridoso. Ele abraça uma concepção raivosa, inquisidora, radical sobre a vida e sobre os costumes. 

Sua fixação em "malhar" a esquerda, que para ele é o grande demônio do mundo, deve ser considerado. Em seus devaneios conspiracionistas, as instituições brasileiras - sejam públicas ou privadas - estão contaminadas pelo comunismo. E ele possui uma face perversa, invisível, silenciosa, que se infiltra na vida social, deturpando aquilo que foi herdado dos antigos - leia-se do conservadorismo ocidental, firmado nos ensinamentos morais da Igreja. Essa ameaça se chama marxismo cultural. Analisando o Youtube, observa-se a quantidade de páginas que buscam explicar essa suposta categoria criado por Olavo de Carvalho - e ridicularizada na Academia. As ciências sociais não reconhecem o marxismo cultural. Para ele, o marxismo cultural é uma estratégia idealizada por Gramsci e pelos teóricos de Frankfurt, que busca destruir os valores consolidados - a família, o namoro, a forma como as mulheres se vestem; os valores do cristianismo (entenda-se certo cristianismo); para pregar pedofilia; uma explosão da ideia de homossexualismo ou qualquer tema que envolva minorias e busquem relativizar aquilo que está consolidado - como os valores não mudassem de uma época para outra. Ou seja, como se percebe há uma fixação por temas morais. 

Essas ideias formam a coluna dorsal do bolsonarismo e que encontrou expressão em um movimento irracionalista. Olavo se tornou uma sumidade pelo fato de vivermos em um momento quer requer certa compreensão. Olavo de Carvalho jamais teria plateia em um país como a Inglaterra, como a Suécia ou Canadá, mas teve por aqui. Pelo fato de a classe média brasileira que possui mais dinheiro ser muito ignorante. Por possuir uma cultura humana geral bastante baixa; por não apreciar a arte em suas variadas manifestações. Por não ter adquirido uma admiração pela capacidade humana de criar coisas bonitas, que forte valor simbólico. É disso nisso que reside a grandeza das manifestações culturais. Fixamo-nos em temas banais. Não adquirimos a capacidade crítica para refutar teses absurdas; aquilo que possui comprovado valor científico, que é digno da exatificação da lógica e do bom senso.

Isso explica o sucesso de uma figura de Olavo de Carvalho. Qualquer sujeito com uma inteligência mediana, que consegue discernir ideias - por mais que não concorde com elas - é capaz de perceber a natureza deletéria das ideias de Olavo de Carvalho. Seus fãs, geralmente, tratam-no com máxima devoção, como se ele fosse uma deidade. Costumam proferir: "Olavo tinha razão!". Pois, "razão" é justamente o que o Olavo não tem. Ele tem "achismos"; teses criadas por métodos dialéticos maliciosos, com a finalidade de enxovalhar quem quer que seja, principalmente os "diabos" vermelhos da esquerda, que criaram uma organização infernal chamada Foro de São Paulo. Pode-se afirmar que ele se utiliza de estratégias sofistas para debater ideias; que cria as falácias do homem de palha para gerar confusão.

A erística utilizada por ele também cria entendimentos estranhos, pois possui pouca nobreza civilizatória. Enfim, entendo que Olavo de Carvalho é um "mal" que tem feito milhares de seres influenciáveis; que buscam que discursos maliciosos se encaixem em seus preconceitos e ódios velados, serem cooptados por suas ideias revanchistas, conspiratórias, de nefelibatas.

Vejamos o vídeo do Breno Altman:

AQUI

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