segunda-feira, fevereiro 18, 2019

“Bohemian Rhapsody”, algumas palavras

Procuro, sempre que posso, assistir a um filme. O cinema para mim é uma experiência de aprendizado.  Cinema não é só entretenimento. Há possibilidades enormes com o cinema. Existe a necessidade dos ritos. Quando vejo um filme, procuro extrair uma lição; fazer uma aplicação; apropriar-me das intenções da produção. Cinema é um importante objeto para reflexão. 

O cinema possui capacidade de gerar efeitos extraordinários. Por isso, seleciono bem aquilo que vejo. Não gosto de perder tempo com películas inconsistentes;  com comédias gratuitas; com a exibição do culto à violência; ou, simplesmente, com o exagerado uso de efeitos especiais tão comuns às produções de Hollywood. 

É por gostar de cinema que tenho reservas com o Oscar. Trata-se de um evento para privilegiar o cinema produzido nos Estados Unidos, principalmente, Hollywood. O que ele possui em excesso? “Marketing”. Todos os anos, os produtos do Oscar (os filmes), são divulgados, comentados, discutidos, especulados. Geralmente, busco assistir àqueles que possuem, pelo menos na essência, um enredo consistente; que não sejam apenas efeitos especiais e explosões bobas. Vale mencionar que há ainda aquelas produções previsivelmente bobas sobre heróis.

Foi munido dessa certeza que decidi assistir a “Bohemian Rhapsody”, a cinebiografia sobre Friedy Mercury. O filme coloca em paralelo a história do Queen, uma das bandas de “rock” mais influentes de todos os tempos e a história do seu vocalista de voz inconfundível.

O filme retrata um período de quinze anos da história da banda. Ou seja, do início dos anos 70 até 1985, na apresentação histórica no festival “Live Aid”. Existem inúmeras cinebiografias de artistas ligadas à música. “Bohemian Rhapsody” não é tão bom quanto “Ray”, por exemplo, que retrata a vida de Ray Charlles, e “Jonny e Juny”, que enfatiza a vida de Jhonny Cash. 

O filme busca alternar momentos de música, com momentos relativos à vida agitada do artista. Acredito que os melhores momentos são aqueles dedicados à música. No que tange à história, o filme está repleto de imprecisões. Um fã atento da banda com informações básicas consegue detectar esses problemas. Menciono apenas dois para exemplificar: o primeiro diz respeito à entrada do baixista na banda. Segundo filme, ele entrou na banda imediatamente após a formação. 

O que não é sustentado pela história da banda. Houve a contratação de vários músicos anteriores a John Deacon. Outro fato é o desmantelamento da banda. Novamente, de acordo com o filme, o grupo acabou após Mercury ter aceitado 5 milhões de dólares para gravar um disco numa efêmera carreira solo. A banda não chegou a experimentar uma crise como a aludida pelo filme. Alguns dos músicos da banda também tinham carreira solo.

Quem é fã da banda deve assistir ao filme fazendo concessões. Os roteiristas relativizaram em excesso a obra que retrata a formação de uma das mais importantes da história e de seu “frontman”. O que enche os olhos são as atuações do ator Rami Malek, que está muito bem no papel de Freddie Mercury. Após terminar de assistir ao filme, dá uma enorme vontade de ouvir o Queen, principalmente a voz poderosa Farrokh Bulsara, nome verdadeiro do vocalista.

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