“São Paulo, sociedade anônima”, obra de 1965, dirigido por Luís Sérgio Person, é um filme espetacular. Revela uma perspectiva filosófica que se desloca do local para o universal. A obra de Person procura colocar no centro de sua reflexão a figura de Carlos, um típico pequeno-burguês; o figurão típico da classe média. Carlos trabalha em uma montadora de automóveis.
O diretor procura colocar em evidência o “boom” econômico alavancado pelo governo Juscelino Kubistchek, no final dos anos 50. A chegada de inúmeras multinacionais. O vertiginoso crescimento urbano de uma das maiores cidades do mundo. A selva de pedras de que é feita a cidade. O movimento frenético das avenidas. A paisagem de concreto que abunda por todos os lados. A amorfa massa de indivíduos que se desloca apressada.
Apesar
desse espaço moderno e veloz, essa sociedade enfrenta um mal-estar. No meio
disso tudo se encontra Carlos: o sujeito de vida incerta, de relacionamentos
incertos, de perspectivas incertas, de desejos incertos. A produção procura
mostrar os dilemas éticos como, por exemplo, o empresário Arturo. Ele demonstra
ser alguém disposto a conseguir seus objetivos, ultrapassando os limites éticos
e jurídicos das relações: mentir despudoramente; contratar empregado de forma
ilegal. Em suma: o filme procura abordar questões que, em um primeiro momento,
parecem circunscritas a São Paulo. Todavia, são problemas universais do sujeito
urbano, numa sociedade capitalista.
Person procurou filmar as imagens em locais abertos, criando uma experiência bastante realista. Ouvimos os sons, o movimento da cidade – os carros que passam, as pessoas que conversam. Apesar de ser uma obra de 1965, os elementos filosóficos e antropológicos continuam bastante atuais.
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