sábado, dezembro 28, 2024

Os dez melhores filmes de Truffaut que vi em 2024.

Ao longo de 2024, excursionei pelo cinema de François Truffaut (1932-1984). Em outubro, completaram quarenta anos de sua morte. Morto aos 52 anos de idade (portanto, ainda muito jovem), o cineasta francês é um dos nomes mais expressivos da história do cinema. É daqueles nomes que se tornaram referência para outros bons diretores - Martin Scorcese, Brian de Palma, Francis Ford Copolla etc. No final de 2023, escolhi doze das suas mais de 30 produções, filmadas ao longo de mais de 30 anos.

Truffaut fez parte de um movimento cinematográfico surgido na França, denominado "Nouvelle Vague" ("Nova Onda"), que buscou romper com os padrões do cinema produzido até os anos 50. Ao lado de nomes como os de Jean-Luc Godard e Éric Rohmer, Truffaut foi um amante inveterado do cinema, vertendo para as telas a psicologia da modernidade. 

Mais do que qualquer característica, a "Nouvelle Vague" se destacava pela forma como se deveria contar uma história. Buscava romper com o simplismo do cinema comercial e impunha uma estética capaz de mexer com o espectador na forma como recepcionava cada produção. Para assistir aos doze filmes de Truffaut os quais escolhi, foi necessário muita atenção. Os diálogos são rápidos. Lancinantes; outros, dispersivos ou fragmentários. O enredo às vezes parece ser conduzido em direções impensadas. A noção de linearidade é afetada, o que demanda do espectador uma atenção excessiva. Essa característica sugere uma forma de retratar o aspecto veloz, transitório e de mudanças abruptas da modernidade. As mudanças sugeridas pela "Nouvelle Vague" enunciavam uma fixação pelo real em detrimento dos efeitos extraordinários tão comuns no cinema comercial. Foram colocados em evidência a luz do dia a dia, as trivialidades do cotidiano; a rua, as pessoas, o trânsito; as cores dos espaços abertos; as feições quase que naturais dos atores. A impressão que temos é a de que estamos ao lado, junto com o diretor, observando cada cena.

O que fica da "Nouvelle Vague" é a quantidade de imagens acumuladas na memória. O que conta é a experiência subjetiva do espectador. Terminei, por exemplo, de assistir, hoje, ao décimo segundo filme - "As duas inglesas e o amor" (para mim, um dos melhores filmes do diretor) e fiquei com uma impressão que não se fixa em apenas uma dimensão da obra. Nele, por exemplo, é possível observar como a noção de mudança da condição dos personagens não conduz a um final previsível, típico das produções previsíveis. Não há uma resolução. O que fica é aquela sensação de que a vida é uma obra sem acabamento e permeada pela incerteza. 

Eis a lista dos dez melhores filmes que vi do diretor francês:

1 - As duas inglesas e o amor
2 - Um só pecado
3 - Fahrenheit 451
4 - Na idade da inocência
5 - O homem que amava as mulheres
6 - Os incompreendidos
7 - Domicílio conjugal
8 - Beijos roubados
9 - Atirem no pianista
10 - O último metrô

P.S. A lista completa está aqui.

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