sexta-feira, agosto 17, 2007

A Sonata ao luar, eu e a humanidade

Impressões

Escutamos sons que se eterizam dentro de nós.
A música possui propriedades alucinógenas.
O estado de espírito se altera com aquilo que ouvimos.
Beethoven com sua sonata ao luar me enfeitiça.
Impregna elementos sensíveis dentro de meu espírito.
Os conceitos terrenos se abstraem de forma mística.
Uma densidade angustiada cresce como o vento
num ocaso de inverno.
Há uma carga de solidariedade silenciosa que canta à espécie humana.
Beethoven possuía um furacão, um ciclone na alma,
Que buscava se transformar em poesia maviosa.
E quando se sentava ao piano saíam peças como estas.
“A Sonata ao Luar”, a Moonlight Sonata, como também é conhecida
É entretecida pelos acordes doces, mergulhados numa disciplina
Poética, que simplesmente se derrama como a chuva que cai
Do céu numa tarde abandonada pela existência.
A solidão que permite sentir todas as dores acumuladas na história.
Esta sonata é mais do que simplesmente uma peça musical,
trata-se de um monumento à História da Humanidade.
Somente um grande homem como Beethoven poderia compô-la.
Pois somente possuindo uma alma como a dele – atribulada e cheia
De vida passional – para se entender os homens e traduzir suas emoções
Com o encanto mágico dos acordes de um piano.
Escuto-a diversas vezes e parece que ela se prende em mim com força
E resistência.
Sinto-me junto e distantes dos homens.
Estou para além das convenções do mundo.
Sou superior por causa dos vapores invisíveis da arte imortal
Que vêem à vida num movimento singelamente eterno.

Por Carlos Antônio Maximino de Albuquerque

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