Fui a uma exposição sobre Portinari e me impressionei com o quadro intitulado A Barca (1941). Trata-se de um óleo sobre tela 200 x 200 cm. Uma tela de grandes dimensões. A impressão que fica à primeira vista é a nossa estatura diminuída diante do enorme, do silencioso, que nos absorve. A pintura em sua mensagem silenciosa é um apelo. Ouvimos o marulho das águas tempestuosas. A tela possui um aspecto soturno, aziago. As cores são fortes. Não dá para precisar se o espaço que o quadro está inserido é noturno ou se há a retratação de um vendaval que apanhou o barco e sua tripulação.
Um fundo negro com manchas entre o violeta e o azul contrasta com as águas escuras. Ondas vaporosas se erguem. O barco parece singrar por sobre as águas. O vento é rebelde e simboliza a força da natureza. Dá para perceber que a força do vento arroja e comprime os personagens. O vento faz voar os cabelos de um dos personagens que se abaixa para acordar alguém que está dormindo. Este espaço aberto nos impulsiona a crer que antes do momento difícil, havia calma e tranqüilidade. Para que alguém dormisse era necessário que houvesse calmaria. Talvez ainda Portinari tivesse na mente uma das histórias do Evangelho, que nos afirma que certa vez enquanto os discípulos de Jesus atravessavam o mar da Galiléia foram surpreendidos por um vento rijo, tempestuoso. Todos se dirigiram para Jesus, enquanto este dormia tranqüilamente na proa do barco. Os discípulos desejavam acordá-lo com instância. Não se sabe ao certo o que se passava na cabeça do poeta/artista, mas esse espaço aberto no quadro nos possibilita costurar essa ilação. Ou talvez ainda o pintor quisesse inserir um elemento religioso.
O barco inclina para o lado de quem olha a tela e sugere que os personagens correm perigo. Todos olham aflitos. Erguem os braços como que a pedir ajuda. Os braços erguidos solicitam solidariedade. Os olhos fitos, fixos, maquinais, aflitos, induzem o observador do quadro a sentir a dor dos personagens. Uma das personagens tem as mãos na boca. O choro parece ser anunciado. o vestido com bolinhas vermelhas demonstra o aspecto infantil. São crianças. Portinari tinha uma obsessão por pintar crianças. Várias obras ele dedicou a descrever as cenas infantis. Na exposição havia outros quadros. Por exemplo, O menino com o pião (1947); ou ainda O menino com carneiro. As personagens infantis rivalizam com o momento de seriedade que envolve a cena. Tem-se constituído a priori um paradoxo - a serenidade infantil, demonstrando inocência e o poder trágico da tempestade.
As personagens possuem um dos lados do corpo envolvidos pela negritude. Um dos personagens se abaixa todo para pegar um peixe. Arroja o peixe com as duas mãos. O animal parece querer lhe escapulir. Em torno do local aonde está o ser das águas, existe um espaço que nos sugere que está havendo uma luta, um esforço da parte do peixe para voltar ao seu espaço/mundo. A personagem se prostra completamente e parece ignorar o desespero das demais crianças que estão no barco. Os seus cabelos se derramam pela lateral do barco. Parece-me que o autor desejasse mostrar os aspectos mais profundos da infância: que mesmo diante do perigo, das situações difíceis sabem dosar muito bem essas características mais complexas e abafá-las por completo com o jogo mais comedido – a brincadeira.
Um fundo negro com manchas entre o violeta e o azul contrasta com as águas escuras. Ondas vaporosas se erguem. O barco parece singrar por sobre as águas. O vento é rebelde e simboliza a força da natureza. Dá para perceber que a força do vento arroja e comprime os personagens. O vento faz voar os cabelos de um dos personagens que se abaixa para acordar alguém que está dormindo. Este espaço aberto nos impulsiona a crer que antes do momento difícil, havia calma e tranqüilidade. Para que alguém dormisse era necessário que houvesse calmaria. Talvez ainda Portinari tivesse na mente uma das histórias do Evangelho, que nos afirma que certa vez enquanto os discípulos de Jesus atravessavam o mar da Galiléia foram surpreendidos por um vento rijo, tempestuoso. Todos se dirigiram para Jesus, enquanto este dormia tranqüilamente na proa do barco. Os discípulos desejavam acordá-lo com instância. Não se sabe ao certo o que se passava na cabeça do poeta/artista, mas esse espaço aberto no quadro nos possibilita costurar essa ilação. Ou talvez ainda o pintor quisesse inserir um elemento religioso.
O barco inclina para o lado de quem olha a tela e sugere que os personagens correm perigo. Todos olham aflitos. Erguem os braços como que a pedir ajuda. Os braços erguidos solicitam solidariedade. Os olhos fitos, fixos, maquinais, aflitos, induzem o observador do quadro a sentir a dor dos personagens. Uma das personagens tem as mãos na boca. O choro parece ser anunciado. o vestido com bolinhas vermelhas demonstra o aspecto infantil. São crianças. Portinari tinha uma obsessão por pintar crianças. Várias obras ele dedicou a descrever as cenas infantis. Na exposição havia outros quadros. Por exemplo, O menino com o pião (1947); ou ainda O menino com carneiro. As personagens infantis rivalizam com o momento de seriedade que envolve a cena. Tem-se constituído a priori um paradoxo - a serenidade infantil, demonstrando inocência e o poder trágico da tempestade.
As personagens possuem um dos lados do corpo envolvidos pela negritude. Um dos personagens se abaixa todo para pegar um peixe. Arroja o peixe com as duas mãos. O animal parece querer lhe escapulir. Em torno do local aonde está o ser das águas, existe um espaço que nos sugere que está havendo uma luta, um esforço da parte do peixe para voltar ao seu espaço/mundo. A personagem se prostra completamente e parece ignorar o desespero das demais crianças que estão no barco. Os seus cabelos se derramam pela lateral do barco. Parece-me que o autor desejasse mostrar os aspectos mais profundos da infância: que mesmo diante do perigo, das situações difíceis sabem dosar muito bem essas características mais complexas e abafá-las por completo com o jogo mais comedido – a brincadeira.
Um comentário:
ler todo o blog, muito bom
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