quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Cinco considerações de Nietzsche sobre a modernidade

A crítica do filosofo residia no fato de que o homem moderno é incapaz de construir um saber e uma cultura como resultado de seu próprio crescimento. Há no mundo ocidental a triste realidade da imitação inconsciente. Copia-se tudo. Trata-se de um plágio limitador. Não há por assim dizer originalidade com relação a esse tocante. A supersaturação de contingentes culturais não enriquece, todavia faz surgir o contrário.
1. Acumulação de saberes estranhos – o homem moderno é um colecionador, um acumulador de conhecimentos sem que estes conhecimentos se tornem um fator de fecundação no próprio homem;
2. Imparcialidade, objetividade ou neutralidade científica – estuda-se fatos que não possuem uma relação direta com o indivíduo. O resultado disto é o bloqueio dos impulsos imediatos. Tais bloqueios inibem a capacidade do indivíduo de construir a sua própria experiência histórica –.
3. Desenraizamento do futuro ou interferência dos instintos vitais de um povo – constrói-se uma rede tênue de convicções sobre o que pode ter sido a experiência de um povo – sem que isso de fato possua concretude histórica. A vida é sacrifica, pois deve buscar se conciliar com um velho saber histórico, que pertenceu a um outro povo.
4. Envelhecimento precoce das novas gerações – as forças jovens são levadas a compreenderem que são as últimas dentro de um processo histórico. Deixam para trás o potencial de levarem a frente a possibilidade de construir o futuro por intermédio de um processo novo.
5. Supersaturação, auto-ironia e cinismo – desejo de romper com a supersaturação histórica, sem contudo permitir a pulverização dos saberes culturais alienígenas. Não é possível que o saber seja destruído de fora. O saber deve lançar o seu próprio aguilhão sobre si mesmo. A História deve resolver o problema da própria história.


Por Carlos Antônio M. Albuquerque

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