sexta-feira, novembro 21, 2008

Coisas III

Existe uma ponte sobre um vasto rio de águas escuras.

Não consigo ver minha imagem refletida sobre estas águas.

Quem dera todas as dores que surgem em nós,

proferissem em tom audível para quê vieram.

Quem dera estas vozes ininteligíveis, se tornassem claras

E audíveis.

Quem dera esta ponte pênsil me levasse ao outro lado

Do rio.

Não leva.

“Quem dera que as coisas simples fossem vistas como as

Mais importantes”.

Não compreendo.

Para quê entender?!

As águas seguem marulhosas, silenciosas, constantes.

Agitam-se, mas não dizem nada.

Há um céu azul sobre a minha cabeça.

Lá existem vozes que não são ouvidas,

Mas são compreendidas.

É para lá que devo ir.

Se viver é angustiar-se, quero viver para alegrar-me.

É para o céu que recorrerei.

As vozes do rio não são ouvidas

E ainda são como grandes arrancadoras de controle

Do que eu sou e do que pretendo ser.

O rio que vejo é turvo, negro e silencioso,

mas o céu que espero é cheio de surpresas

e eternidade.


Por Carlos Antônio M. Albuquerque.

Data: 26/6/2003 08:31:19, quinta-feira.

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