sábado, novembro 29, 2008

Quase diário I

É quase distante o som das vozes que ouço.
O que dizem?
Não dizem. Não falam da excelência da vida.
É o centro das expectativas e o retorno do terno que
Me emociona.
O fato é que existem dias nesta vida que o estranho é quase diário.
É quase diário o meu lema.
É distante. É completo. É vago.
É uma imensa distância inamovível que tenho de percorrer.
O dilema é que têm dias em que as regiões assumidamente
Serenas transformam-se em centros ciclonais.
É uma nova manhã que come e vomita os teus desejos.
É o lapso friorento do desânimo.
Eu já nem sei quem sou, vida.
É quase diário as horas nuas e incompreensivas da vida, vida.
É o teu melífluo , transparente enigma, que me arrebate.
Tu me chamas a ti.
Vou.
É o não-revelado que me abisma.
O revelado é apenas fachada.
Não é o que de fato conclui-se como verdade inescusável.
Estou cansado desta farsa,
Destes hábitos mal-cosidos, mal-cozinhados.
O que me dizes?
Tenho todos os sentidos ao passo que sou pobre.
É quase diariamente que tenho que aprender a ser comigo mesmo.
O que entendes disso?
Não entendes.
Não atentastes para essas palavras carregadas, acendradas.
Ouça, ouves?
Eu estou tentado te dizer que sou diário, sou quase diário,
Porque nos outros dias eu cismo em negar o que sou.
Mas em outros eu tenho que assumir o que vivo,
Porque sou histórico.
Sou homem, sou animal, sou diário.


Por Carlos Antônio M. Albuquerque
Data: 18/3/2004 09:03:56, quinta-feira.

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