quinta-feira, novembro 06, 2008

Sobre os flamboyants - parte II

Sempre fui fascinado pela beleza silenciosa das árvores. Trata-se de uma beleza para ser escutada com os olhos. Encontrei o texto de Rubem Alves sobre os flamboyants, mas não encontrei muitas informações sobre a árvore em si. Perto da Administração de Ceilândia – DF, cidade onde moro, há uma alameda dessas árvores fantásticas de origem africana. Passar próximo a essas árvores é um estímulo para o espírito. O flamboyant é uma visão que excita os olhos é o ânimo. Li certa vez o romance o romance O Prisioneiro de Érico Veríssimo, refere-se aos flamboyants como “tachas escarlates e estáticas”. O romance passa-se numa cidadezinha do sudeste asiático. História muito bem urdida, com profundidade psicológica, os flamboyants são um personagem do livro. Recordo que quando li o livro há alguns anos atrás não sabia exatamente o que eram os tais flamboyants, embora já tivesse visto um. Conhecia a árvore, mas não sabia o seu nome.
Como nessa época do ano aqui em Brasília, os flamboyants vicejam, surgem com suas cabeleiras inflamadas e nos enche os olhos, não podem passar despercebidos. Impossível. Mesmo os mais desatentos de uma forma ou outra detêm a sua atenção. O jornal Correio Braziliense trouxe uma pequena reportagem sobre essas árvores de nome afrancesado.
Não transcreverei o texto integralmente. Deterei atenção apenas na parte que trata da origem da árvore:
“O nome com o qual a árvore ficou conhecido é francês. Significa flamejante, ardente – referência à cor mais comum das flores que caem em cascata. A procedência da espécie é da costa da África, de Madagascar e de ilhas do Oceano Índico. ‘É uma espécie exótica, mas se adaptou muito bem ao clima brasileiro’, conta Ozanan Coelho. As primeiras mudas foram trazidas para o Brasil ainda no século XIX, na época de D. João VI e, desde então, os flamboyants são usados intensamente para o ajardinamento das cidades.
Apesar da beleza, a espécie têm duas desvantagens. O fato de ser exótica, portanto, não adequada para a alimentação da fauna local. E a característica das raízes serem superficiais, o que pode destruir as calçadas próximas aos locais onde estão plantadas. No Distrito Federal, o plantio de novos flamboyants tem sido evitado nos últimos anos. ‘Estamos dando preferência a espécies nativas porque elas são importantes para a vida da fauna local’, explica Ozanan Coelho, do DPJ.
As floradas dos flamboyants acontecem entre outubro e dezembro. Com o tempo, as pétalas vão caindo e aí o terreno próximo às plantas é que ficam pintados de vermelho, laranja ou amarelo. As árvores atingem até 15 metros de altura, mas as que estão em Brasília chegam, em média, a 10 metros por conta das características do solo. A copa das árvores se espalha até por 10 metros de diâmetro, tornando o impacto visual da planta maior à distância. Já as flores são delicadas, têm apenas sete centímetros de comprimento. Nos cachos, uma ou outra flor aparece com uma das pétalas salpicada de branco, mas esse detalhe só é percebido quando se observa a planta bem de perto.
Profundo conhecedor das árvores brasilienses, Ozanan Coelho garante que ainda hoje se emociona quando vê um flamboyant amarelo florir. ‘Todos eles são lindos, mas o amarelo é especial por ser mais raro’, comenta. Segundo Ozanan Coelho, o tom amarelo é alcançado quando a planta apresenta uma variação de genes recessivos”[1].

Por Carlos Antônio Maximino de Albuquerque
Data: Quinta-feira, 6 de novembro de 2008, 09:31:16.

[1] Edição número 16.608. Brasília, quinta-feira, 6 de novembro de 2008, p. 40.

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