
Pensando nesse fato ouço com certa desconfiança o discurso midiático, sempre disposto a enredar os menos atentos. Em tempos de Copa do Mundo há uma abertura para a irreflexão e para a tolerância exacerbada. O Brasil veste-se de um nacionalismo piegas, manco e anêmico. A Copa gera um senso de pertencimento nacional. É um fenômeno unicizante que somente conseguimos constatar de quatro em quatro anos. Nem mesmo em tempos de eleições, criam-se tantas expectativas. Q

A África é um dos continentes mais esquecidos do mundo. É o continente no qual os seus países conseguiram suas “independências” político-administrativas no século passado. Ou seja, enquanto a maioria dos países americanos conseguiu emancipação do domínio europeu nos séculos XVII e XVIII, os países africanos em pleno século XX, ainda estavam submetidos às metrópoles espoliadoras, Europa e aos Estados Unidos.
O continente africano sempre serviu de nicho para exploração. Durante mais de 300 anos, os negros africanos eram trazidos para o Novo Mundo para trabalharem como bichos e morrerem aos trinta anos – quando isso se dava com exceção. Ao colonizarem o continente, no qual a ciência acredita que é de onde se brotou a vida, os europeus e americanos, não respeitaram os marcos milenares estabelecidos pelas tribos que já habitavam a terra. O interesse era simplesmente fatiar o imenso continente de, aproximadamente, 44 milhões de metros quadros (equivalente a seis vezes o tamanho do Brasil), entre os vários países para explorar. Com isso não respeitou-se as demarcações já estabelecidas pelos vários povos e etnias. De modo que hoje, no continente africano, há um número horripilante de conflitos, de guerras sangrentas, doenças, infanticídio, exploração infame, fome generalizante e miséria em todos os níveis. Estima-se que aproximadamente vinte e cinco por cento dos habitantes do continente sejam portadores do vírus HIV (AIDS).
A mídia não está preocupada em mostrar as mazelas do continente. Deseja acima de tudo vender imagens, pois é isso que favorece o lucro. Quando alguém vende algo se

Os privilégios serão mínimos para acabar com as desigualdades do continente. Os verdadeiros “vencedores” serão as grandes empresas que vendem imagens e artigos esportivos. A liberdade existente na África, principalmente, propalada de que é real na África Sul, é liberdade unicamente para consumir. A televisão mostrará a África das propagandas de marketing e esquecerá a outra que agoniza e chora.
Por Carlos Antônio M. Albuquerque
Data: sexta-feira, 11 de junho de 2010, 10:48:27 AM
[1] DAMATA, Roberto. Carnavais, Malandros e Heróis – para uma sociologia do dilema brasileiro. Rio de Janeiro: Editora Rocco. 1997. 350p.
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