domingo, julho 24, 2011

Afirmar a vida - sempre!

Estou lendo um livro que tem me surpreendido desde a primeira página pelo nível de abrangência - Heidegger - um mestre da Alemanha entre o bem e o mal, de Rüdiger Safranki. Dizem os entendidos que este é um dos grandes livros que já foram escritos sobre o filósofo alemão. No capítulo 3 (A intuição leva ao coração do mundo), Safranki constrói um belo cenário sobre a "filosofia da vida" que se impunha desde Nietszche e que encontra em Bergson e Dilthey ressonâncias respeitáveis. A filosofia de afirmação da vida não foi abraçada por Heidegger desde a sua juventude. No início, o jovem estudante simpatizara com os escolásticos por mera convenção ao momento em que vivia. Husserl o libertou do "sono dogmático". O realismo filósofico era um desafio àqueles que buscavam extrair do ser as paisagens que chamam à vida. Achei sensacional a citação que Safranki faz de Scheler. Transcrevo um dos parágrafos da página 84:

"Com Heidegger ainda não se sente nada daquela sensação de irrupção que Max Scheler expressa em sua Tentativa de uma Filosofia da Vida[Max Scheler] escrita naquela época. Uma 'transformação da concepção do mundo', escreve Scheler, ocorre diante de nosso olhos: 'Ela será como o primeiro passo de alguém que anos a fio esteve numa prisão escura, para um jardim florido. E essa prisão será o nosso ambiente humano com sua civilização, cercado pela razão meramente mecânica e mecanizável. E aquele jardim há de ser o mundo colorido de Deus, que nós - mesmo que ainda longe - vemos abrir-se para nós e nos saudar, luminoso. E aquele prisioneiro será o homem europeu de hoje e ontem, que caminha gemendo e suspirando sob a carga de seus próprios mecanismos, e que, tendo na visão só a terra e peso no corpo, equeceu o seu Deus e o seu mundo".

P. S. Acima de tudo poética esta descrição de Max Scheler.

Goiânia - GO.

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