quarta-feira, julho 13, 2011

Rock, uma força que nos faz deitar e rolar - 13 de julho, dia internacional do rock n' roll

Eram os idos de 1992. Meu pai me presenteou com uma fita K-7. Achara o produto em um ônibus. Ouviu mas não gostou. Eu era um garoto de apenas doze anos. Havia uma efervescência no mundo. O rock estava em alta. Havia bandas por todos os lados - Nirvana, Pearl Jam, Metallica, Soundgarden; outras antigas haviam passado por uma revitalização. Era o caso dos Rolling Stones ou o Ramones, que gravaram álbuns consideráveis naquele ano. O Iron Maiden havia gravado uma série de discos. O Rock n' Rio fazia edições cada vez mais suculentas. Trazia as bandas de Seatle; investia em novidades. O Titãs, aqui no Brasil, estava cada vez mais grunge. Outras bandas se destacavam pelo mundo a fora - Red Hot, Faith no More, Alice in Chains etc. Quem lembra de um tal de EMF? Se não lembra, vá ao Youtube e digite You're Unbelievable. Essa música tem a cara dos anos 90.

Na fita a qual o meu pai me presenteou, havia um material do primeiro álbum do Guns n' Roses, Appetite for Destruction, banda que hoje me enfastia. Aquilo me fulminou. Acertou-me de cheio. Fiquei embasbacado com aquele som. Músicas rápidas e de vocal rasgado forjavam cenários de impressões radicais e de puro senso de liberdade. O rock possui em sua essência um ímpeto libertário. É uma música que aguça os sentidos. O lado mais primitivo da psiquê humana. Acompanhei durante muito tempo cena rock internacional. Até hoje não consegui me desvencilhar do contágio. Bandas como Beatles, AC/DC, Led Zeppelin, Deep Purple, Black Sabbath, Rush, Queen, entre outras, ainda falam muito a mim. Surgido no sul dos Estados Unidos, o rock é mais do que um estilo musical, é o manifesto de uma geração. Na década de 60, o Woodstock constituiu uma arma contra a força hegemônica do capitalismo. O protesto consistia em fazer música e amor e não guerra.

Quem gosta de rock certamente já ouviu um ditado: "O rock é imortal. Jamais morrerá". Esta é uma afirmação até certo ponto instigante. O rock já completou 70 décadas. E a cada novo ano se reinventa. Do surfing music ao heavy metal; do punk ao hard rock; do progressivo ao neometal; do doom metal ao trash metal. O rock possui um poder de auto-mutação. O som muda as atitudes daqueles que o escutam. Quem nunca viu um adolescente vestido de negro, com maquiagens aberrantes? Qual foi a força que o impulsionou a vestir-se daquela forma? O som e a rebeldia domesticam.

O rock possui um forte apelo sexual. Sua música é envolvente. As perfomances dos músicos revelam aquilo que foi denominado por Freud de id, ou seja, o lado do desejo, das ânsias, da irracionalidade, dos instintos. Nietzsche chamaria isso de música dionísiaca? O fato é que o rock tem sido e será por muito tempo, uma força rompente. Uma energia vibrante que faz tremer.

Abaixo segue uma apresentação de Chuck Berry no ano de 1958. É curioso como o músico negro, o rock tem a sua origem no sul dos Estados Unidos, é aceito pela platéia de brancos. Numa época de intolerância racial, um negro toca para os brancos. A desenvoltura de Berry impressiona. É a energia vinda do rock. O instrumento que ele toca parece ser uma extensão do corpo. Seus trejeitos sugerem uma força sexual. Sua habilidade é a de um amante, um galanteador inveterado.


2 comentários:

Ernesto D.C. disse...

Bons velhos tempos em que podíamos reproduzir uma fita K7 achada no onibus sem medo de pegar um virus... Carlinus, obrigado por postar Pelleas et Mellisande lá no PQP há seis meses atrás... Acabei de baixar essa obra maravilhosa.

Carlinus disse...

Obrigado pelo comentário. As vezes sinto saudades das fitas K-7. As tecnologias vão suplantando o velho. Não nos dão o tempo de percebermos a ausência daquilo que foi.

Abraços musicais!