sexta-feira, agosto 05, 2011

Dawkins e a Religião,(" a raiz de todo mal")

Há alguns dias atrás assistir ao documentário instigante A Raiz de todo mal do cientista inglês Richad Dawkins. Certamente, Dawkins é um dos nomes mais controvertidos do nossos dias. Figura polêmica, é odiado por religiosos do mundo inteiro. O inglês estriba suas concepções na ciência. É uma neodarwinista. A Raiz de todo mal é um documentário que tem a finalidade de polemizar acerca de Deus e da fé. Por que as pessoas creem? Em qual fundamento elas assentam as suas convicções? E, de fato, crer é uma aventura. Impera o silêncio cosmos. A facticidade da história não nos dá certezas. À nossa frente, apenas as leis naturais e os seus dogmas incontestáveis. Então o crente coloca-se à frente dos silêncios infinitos e diz ouvir ruídos divinos ininteligíveis. Crer é posicionar-se à frente dos silêncios e apostar que existe uma voz que verbaliza na eternidade.

Dawkins na tentativa de entender esse mistério, viaja por comunidades católicas, evengélicas, judaicas e islâmicas em busca de respostas. Sua posição é de observador e questionador. O ponto alto dessas visitas se dá em dois momentos: (1) quando Dawkins tenta conversar com um bem-sucedido ministro evangélico americano. A conversa assume posições conflitantes. (2) Quando Dawkins tenta dialogar com um fundamentalista islâmico. O discurso virulento do crente islâmico enxota o professor Dawkins. A seguir, duas citações Dawkins acerca da ciência e da religião:

"Ciência é uma disciplina de investigação e de dúvida construtiva, que busca com lógica, evidências e razão para elaborar conclusões. Fé, ao contrário, exige uma real suspensão da nossa capacidade crítica".

"A ciência funciona através do estabelecimento de hipóteses, ideias ou modelos e aí tenta-se desmenti-las. Então o cientista está sempre fazendo perguntas, sendo cético. A religião se resume em tornar uma crença não testada em uma verdade imutável, através do poder de algumas instituições e o passar dos tempos".

Dawkins dialogando com o pastor evangelico Ted Haggard, conselheiro do ex-presidente Bush:



Dawkins conversando com o islâmico Yousef Al-Khattab:

Um comentário:

Ralf R só-a-consciência-no-ato-salva! disse...

"Crer é posicionar-se à frente dos silêncios e apostar que existe uma voz que verbaliza na eternidade."

Lindíssimo!

E por um instante me pareceu assim bem Rubem Alves... mas me parece que é um pouco mais. O Rubem Alves de hoje parece que se posta diante do silêncio e tenta povoá-lo com projeções de desejos, assumindo plenamente que o silêncio é vazio e que os desejos são mesmo apenas projetados, e não alguma forma de ressonância ou comunicação. Aqui sinto uma formulação mais aberta.

E aparece a minha querida palavra "aposta", que salvou para mim a palavra "fé", de que seria sinônima segundo Paul Ricoeur - coisa que li, paradoxalmente ou não, justo em Rubem Alves, mas num Rubem Alves mais antigo (e pra mim mais consistente) que é o do "Protestantismo e Repressão".

Interessante que é a segunda coisa que leio hoje que contribui pra reacender em algum sentido de encantamento - coisa pela qual já lutei tanto mas ultimamente anda meio fraquinha em mim... Outra foram uns micro-contos publicados pelo Leonardo Sakamoto em http://is.gd/9oWe7e , sobre os quais comentei: "Pequenos universos momentâneos onde funciona certa magia precisa, sem excesso, na medida exata pra não nos deixar naufragar n@ Entzauberung, o desencantamento, provocando um rápido sorriso de encantamento nos olhos no entanto úmidos de nostalgia precisamente disso: da possibilidade de estar encantado… Gracias, muchísimas gracias :)"

Muchísimas gracias también a Usted, Señor Carlinus... curiosamente por uma coisa dita de certa forma na contramão do que pode parecer o sentido geral da sua postagem para os menos atentos!