segunda-feira, fevereiro 13, 2012

Quando ficamos mais pobres

Não gosto de emprestar livros. Sou muito ciumento com relação aos meus livros. Quando morava na casa de minha mãe, meu irmão costumava emprestar os meus livros para os colegas dele. Aquilo me enfarava. Artudia-me. Deixava-me com nervos em estado de choque. Lembro-me de que quando eu era criança eu assistia ao desenho da Disney Ducktales. A figura do tio Patinhas sempre me chamava a atenção. Ele era um velho rabugento e sovina que guardava o seu dinheiro numa caixa forte. Conseguia contabilizar todas as moedas. Cena curiosa era aquela em que ele nadava na dinheirama da qual era dono. Quando faltava uma moeda da sua caixa forte, ele conseguia perceber. Ficava louco, desconcertado e, geralmente, encetava uma cruzada para conseguir o objeto desaparecido.

Pois, curiosamente, desenvolvi essa capacidade para com os meus livros. Sendo possuidor de mais de 1400 livros, conseguia perceber quando algum estava fora do lugar. Infelizmente num desses empréstimos clandestinos, três livros se foram de minha biblioteca e não mais voltaram. Agora que casei e saí da casa da minha mãe, estou resolvido a comprá-los de volta. São eles: Doutor Fausto, de Thomas Mann; O livro do desassossego, de Fernando Pessoa; e Lady Macbeth do Distrito de Mtzensk, de Nikolai Leskov (sendo que este último eu mesmo emprestei e ele nunca mais voltou).

Estou com um desejo enorme de ler Doutor Fausto, mas fui surrupiado por intenções ávidas e incógnitas. Minha "caixa forte" (biblioteca) está mais pobre - e eu também.

3 comentários:

charlles campos disse...

Doutor Fausto foi lançado em edição de bolso pela Editora Siciliano, se não me engano. O preço é baixo.

Carlinus disse...

Minha edição era da Nova Fronteira.

Um brasileiro disse...

ola. interessante aqui. apareça por la. abraços.